Crítica: "Amantes Eternos" magnetiza o espectador com séculos de romance

Aparentemente, o público nunca se cansa do tema Vampiros. Aparentemente também, não há limites para em quantas vertentes é possível abordar dentro de um único tema sem esgotá-lo. O Cinema já conheceu vampiros de todas as formas e idiossincrasias possíveis, mas muito pouco ou quase nada foi ilustrado sobre a solidão de ser um.
“Amantes Eternos” tem direção e roteiro de Jim Jarmusch, que conduz o filme com certa maestria. Em um mundo abandonado por qualquer razão não explicada, Adam (Tom Hiddleston), um músico, passa seus dias e noites isolado em seu apartamento atulhado de instrumentos musicais, cabos e móveis antiquados. Seu único contato com o mundo exterior é Ian (Anton Yelchin) uma espécie de assistente que corre atrás dos mais diferentes pedidos. Contudo, Ian estranha o fato de Adam nunca sair de casa e não querer se envolver com outros músicos, já que ele faz um enorme sucesso no meio.
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Lá longe, Eve (Tilda Swinton) gasta seu tempo imersa em muitos livros, autores famosos e antigos. Bem antigos. Ambos fazem passeios noturnos em busca de alimento, Adam vai até o banco de sangue local, enquanto Eve busca ajuda de um amigo. Discretos, solitários e contidos o casal que está junto há séculos se une novamente para tentar enfrentar os problemas da solidão eterna e também, aguentar Ava (Mia Wasikowska) irmã caçula de Eve e um tanto impulsiva. 
Com ritmo melancólico e tranquilo, o enredo flui sem deixar o espectador cansado. Na verdade, é justamente o que acaba por cativar. Os personagens Adam e Eve são a epítome do romance, com uma sensualidade nata e uma relação que data de muitos séculos. Sua estória de amor se mistura a história como conhecemos, o que inclui figuras importantes assim como momentos cruciais. O relacionamento do casal é intenso mesmo que isso não necessariamente seja transformado em ação. E nem precisa. Com atuações marcantes, “Amantes Eternos” age como um ímã sob o espectador, que não consegue desgrudar os olhos da tela. Tudo isso graças à Hiddleston e Swinton, duas forças abissais em cena.
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Outro ponto interessante é o modo como à solidão é retratada. Após séculos de sobrevida, Adam não encontra mais tanto prazer no que outrora lhe fez tão feliz e isso fica evidente no acumulo de anos dos objetos em seu apartamento. Ele é um tanto avesso à tecnologia, tem uma televisão de transistor, telefone com fio e móveis vitorianos. Os humanos ou zumbis, como prefere chamar, lhe enojam um pouco. Porém, Eve é seu contraponto, a que estabelece o equilíbrio e lhe trás de volta do fundo do poço. Deixando claro assim como esse amor vem funcionando tão bem ao longo de centenas de anos.
Apesar de ter Tom Hiddleston no elenco, o que é um claro chamariz, não se trata de um filme voltado para o grande público, com tom mais comercial como “Thor”, por exemplo, onde ele interpreta o vilão (bem mais querido que o herói) Loki. Ainda assim, merece ser visto, pois Hiddleston, como Swinton, demonstram que não só de filmes comerciais vive a Sétima Arte.

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