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Crítica: Kenneth Branagh faz Cinderela correta, mas sem magia

Após o sucesso avassalador de “Frozen – Aventura Congelante”, a Disney parece ter redescoberto a força de seu modelo clássico de histórias de princesas e o fascínio que elas provocam. Com isso o estúdio resolveu buscar uma velha conhecida do gênero, que fora imortalizada em um longa animado da chamada “Era de Ouro” do estúdio e trouxe Cinderela em live action para a nova geração. “Cinderela” (“Cinderella” EUA 2015) chega aos cinemas de todo o Brasil já com peso de blockbuster, foi a maior bilheteria nos EUA em seu primeiro final de semana em cartaz, com mais de 70 milhões de dólares arrecadados.

A história todo mundo conhece: Ella (Lily James, da série “Downtown Abby”) é uma jovem órfã, bondosa e dadivosa, que é feita de escrava pela madrasta (Cate Blanchett) e suas filhas (Sophie McShera e Holliday Grainger) e apesar de todo o sofrimento, procura ver apenas o lado bom da vida, e ainda conta com sua forte amizade com os animais, sobretudo seus ratinhos de estimação. Porém, seu destino muda quando conhece o príncipe do reino (Richard Madden, o Robb Stark de “Game of Thrones”) e uma fada madrinha que surge para dar uma bela ajuda (Helena Bonham Carter).

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A Disney preferiu não aderir a onda de releituras ou continuações de histórias infantis do cinema recente, que inclui Alice, Branca de Neve, Rapunzel, João e Maria e O Mágico de Oz. O que temos aqui é a versão que todos conhecem e esse é o calcanhar de Aquiles do filme. A produção não oferece um novo ângulo de visão, e nem mesmo traz uma versão mais próxima do conto original que apresentava contornos bem sombrios no seu desenrolar. É praticamente a mesma narrativa do longa animado de 65 anos atrás, ou seja, nada da fraude envolvendo dedos do pé serrados para caberem no cobiçado sapatinho de cristal, por exemplo. A única motivação é mesmo contar a história no cinema mais uma vez, só que em uma superprodução com atores reais. De posse do roteiro “by the book” de Chris Weitz (de “Formiguinha Z” e do vindouro spin off de Star Wars “Rogue One”), restou a Kenneth Branagh trazer para a vida aquele universo do conto de fadas se utilizando de cenários suntuosos e muito CGI para amparar seu tradicional perfeccionismo. Apesar de estar atuando como diretor de aluguel, Branagh imprime sua marca visual imponente.

A direção de arte é mirabolante, o que pode ser visto de forma mais evidente em momentos como o que Cinderela se muda para o sótão da casa e as escadas são vistas em espiral em uma tomada que remete ao expressionismo alemão; ou o que mostra hall principal do palácio onde ocorre o grande baile pronto para a festa, que é um cenário deslumbrante e a câmera do diretor o explora com maestria. Os figurinos são bastante elaborados, embora em muitos momentos cause um incômodo efeito flamboyant. O elenco também pode ser considerado um ponto positivo, com destaque, como era de se esperar, para Cate Blanchett e Helena Bonham Carter. Branagh vem da escola Shakespeariana, isso deu um forte alicerce para seu trabalho de direção de atores.

Analisando todo o conjunto, “Cinderela” é incontestavelmente bem realizado tecnicamente, mas, ainda assim, ao final do filme fica a sensação de que faltou encantamento. Talvez carecesse do toque de uma fada madrinha ao lado do cineasta. Kenneth Branagh dirigiu o filme com os preceitos que regem a conduta de Ella: coragem e bondade. Faltou só a magia, essencial para que um filme de fantasia funcione plenamente. E para quem ficar até os finais dos créditos ainda tem como easter egg o tema da fada madrinha da animação de 1950, ‘Bibbidi-bobbidi-boo’ na voz de Helena Bonham Carter. Vale lembrar ainda que, como aperitivo, antes de “Cinderela” é exibido o curta de animação “Frozen – Febre Congelante” para deleite dos fãs de Elza e Anna que certamente terão um motivo a mais para irem ao cinema.

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