Crítica/Dica: "Para Sempre" foge dos dramas convencionais e se mostra uma agradável surpresa

A primeira vista, parece ser apenas mais um romance baseado em algum livro do Nicholas Sparks. Assim como poderia ter sido mais um drama, entre tantos, contando uma linda história de amor que faz o público chorar durante uma hora e meia sem parar. Até a data de estreia do filme – 07 de junho de 2012 – foi proposital. “Para Sempre”, no entanto, consegue ir um pouco além disso.
Este é o terceiro trabalho de Michael Sucsy como diretor, conhecido por dirigir “Grey Gardens – Do Luxo à Decadência” (seu primeiro filme). Novamente, Sucsy utiliza um roteiro inspirado em uma história real. O drama atual, no entanto, não foi baseado no livro homônimo – escrito por Kim e Krickitt Carpenter a partir de uma tragédia pessoal -, mas sim no relato do casal sobre o ocorrido.
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Em Chicago, Paige (Rachel McAdams, “Diário de Uma Paixão”) e Leo (Channing Tatum, Querido John”) são jovens e recém-casados. Uma noite, quando voltavam para casa, um caminhão não consegue frear e bate fortemente em seu carro. A força do impacto é tanta que Paige atravessa o vidro. Ao acordar no hospital, Leo descobre que a esposa está em coma devido ao impacto na cabeça. Ela se recupera e desperta, mas os últimos cinco anos de sua vida foram apagados de sua memória. Paige não se lembra do marido, de estar casada e nem da vida que levavam. Suas últimas lembranças são a família, a faculdade de direito e o noivo, Jeremy (Scott Speedman, de Felicity”). A situação piora quando os pais dela (interpretados por Sam Neill e Jessica Lange) descobrem o ocorrido e aparecem no hospital para levá-la embora. No entanto, seguindo a recomendação da médica, Paige decide voltar a sua rotina normal para tentar se lembrar de alguma coisa. Ela se vê, então, dentro de um conflito sobre quem ela pensa ser e sobre a mulher que ela não lembra ser. Assim, acaba se reaproximando da família – com quem não falava há anos – e do ex-noivo (com quem havia terminado anos antes). Leo, então, tenta recriar todos os momentos que permearam o romance deles a fim de reacender a paixão que Paige uma vez sentira e, assim, evitar perdê-la para sempre.
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Tudo isso seria mais que o suficiente para criar um dramalhão da melhor qualidade, não fosse a direção de Sucsy. O diretor soube conduzir a história, evitando que a obra ficasse dramaticamente carregada e sem apelar para cenas previsíveis e clichês que levam o público ao choro fácil.
Rachel McAdams mostra, mais uma vez, sua versatilidade como atriz (basta lembrarmos de alguns de seus personagens anteriores como a Inez, em Meia Noite em Paris”, a Becky Fuller, em Uma Manhã Gloriosa”, e, até mesmo, a Regina George, em Meninas Malvadas”), e nos traz uma Paige doce e sensível, mas sem sobrecarregar a personagem e sem lhe acrescentar mais “peso emocional” do que o já existente. Channing Tatum ainda demonstra uma certa inexperiência frente às câmeras; no entanto, este foi o seu trunfo aqui. Ao interpretar Leo, ele passa veracidade e quase nos faz acreditar que ele realmente está passando por tudo aquilo. Sam Neill e Jessica Lange (que já havia trabalhando com Michael Sucsy em Grey Gardens) agregam ao filme e, mesmo com uma participação pequena, é possível notar a tensão que existe entre seus personagens e os conflitos não resolvidos. Scott Speedman, por sua vez, começa bem no papel do ex-noivo que quer se aproveitar da situação e ficar novamente com a mocinha. Ele deveria ser o vilão da história e fazer um contraponto ao personagem de Leo, mas Jeremy não ganha o destaque que deveria e é retirado da história aos poucos.
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As sequências de câmera em slow motion (câmera lenta), como a cena do acidente de carro, são realmente boas, e, em conjunto com as narrações em off – onde Leo conta como se sente frente à situação -, lembram um pouco o videoclipe Good Ridance – Time of Your Life, do Green Day (e que, devido a letra, caberia muito bem como música tema do filme). Há, também, a utilização de flashbacks para contar como o romance de Leo e Paige começou.
A trilha sonora foge de clichês e deixa de lado artistas conhecidos e que estão nas “paradas de sucesso”, optando por bandas pouco conhecidas. A única exceção, talvez, seja The Cure, que encerra o filme com a bela – e mais do que apropriada – canção, Pictures of You (a letra fala justamente de alguém que utiliza as fotografias para se lembrar da pessoa amada e de como era tê-la por perto). Há baladas e ritmos mais agitados e as músicas, no geral, se encaixam perfeitamente a narrativa.
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O roteiro é assinado por Marc Silverstein e Abby Kohn (também responsáveis pelos roteiros de Nunca Fui Beijada”, 1999, e Ele Não Está Tão a Fim de Você”, 2009) e Jason Katims (roteirista da série de tv, “Parenthood”). Há alguns erros de continuidade (como a cena em que Paige assiste ao vídeo de seu casamento e o ângulo da câmera que aparece na tela da TV dela é o oposto do ângulo em que seu amigo havia gravado a cerimônia, como é mostrado em um dos flashbacks), mas nada que atrapalhe o andamento geral.
Mesmo com um erro aqui e outro ali, é uma produção que agrada e surpreende, inclusive, o público que normalmente não aprecia filmes com histórias de amor. Diferentemente de outros filmes do gênero, “Para Sempre” nos traz uma história inspirada em fatos reais e que não tem medo de ser real.

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