"A Garota no Trem" e a reafirmação do poder de um thriller – Ambrosia

“A Garota no Trem” e a reafirmação do poder de um thriller

Os fenômenos literários trouxeram ao cinema um novo fôlego para um gênero que parecia combalido desde quando Brian De Palma ditava as regras, ainda nos anos 90: o thriller. Depois da descoberta das tramas escandinavas e do estrondoso sucesso de Garota Exemplar, veio A Garota no Trem”best seller de Paula Hawkins, de trama intrincada, com diálogo direto com o gênero e alcance imediato.

A adaptação cinematográfica procura captar o mesmo clima incansavelmente buscado pelo livro, acompanhando de maneira não linear a história de três mulheres, Anna (Rebecca Ferguson), Megan (Haley Bennett) e Rachel (Emily Blunt), sendo esta última a narradora dos eventos retratados. Rachel é ex-mulher do marido de Anna, que tem Megan como babá de sua filha, com a última observada todos os dias por Rachel através do trem que passa em frente a sua casa. O ponto nevrálgico que liga essas três mulheres vai ficando cada vez mais claro quando a história vai se tornando mais obscura, através do desaparecimento de Megan, desencadeando ramificações psicológicas e pessoais entre elas.

O diretor Tate Taylor, que nem parece o mesmo do equivocado Histórias Cruzadas, vai construindo uma narrativa que se fragmenta em flashbacks sucessivos para justificar o entroncamento de suas tramas. Afinal, um dos principais êxitos do livro e aqui também bem desenvolvido, é a maneira como as três personagens se relacionam e suas histórias se alinhavam. Esse cruzamento é o que mais mantém nosso interesse na história, e apesar da direção protocolar de Tate, a trama consegue ir se descamando de maneira competente, dando os devidos pesos e medidas de cada intrigante componente desse novelo.

E está aí também seu grande vacilo: dada sua engenhosidade, é na hora de amarrar suas pontas (aparentemente) soltas que o roteiro derrapa em soluções fáceis do tipo em que o mistério é revelado – de fato, surpreendente – mas o personagem faz discurso para explicar o porquê de suas motivações. É como se o clímax final quase descolasse da construção narrativa impetrada até ali. Um porém que faz com que o final soe genérico, mas que ainda assim, fortalece essa atualização do thriller como gênero. Ainda estamos longe de uma renovação, entretanto a capacidade de envolver o espectador ainda é certeira.

Filme: A Garota no Trem (The Girl On The Train)
Direção: Tate Taylor
Elenco: Emily Blunt, Rebecca Ferguson, Haley Bennett
Gênero: Suspense
País: EUA
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Universal Pictures
Duração: 1h 53 min

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