Os melhores filmes da carreira de Wes Craven

Um dos cineastas mais admirados entre os fãs do terror, Wes Craven faleceu no dia 30 de agosto de 2015, vítima de um câncer no cérebro, em sua casa em Los Angeles (EUA). Criador de diversas obras que inspiraram toda uma geração de diretores, Craven é principalmente lembrado por ter criado Freddy Krueger, a melhor versão moderna do Bicho Papão, e por ter comandado a cinessérie “Pânico”, que gerou quatro filmes e é considerada por muitos especialistas a responsável pela ressurreição do gênero.

Mas Craven também realizou outros trabalhos, como “A Maldição do Pântano”(1982), a primeira tentativa de levar o personagem Monstro do Pântano ao cinema; “Um Vampiro no Brooklyn” (1995), que pretendia transformar Eddie Murphy num perigoso sanguessuga e “Amaldiçoados” (2005), que moderniza a lenda do lobisomem. Embora tenham premissas interessantes, estes filmes ficaram bem abaixo do esperado. Apesar disso, ele deixou legado bem mais positivo do que negativo e deve sempre ser lembrado por suas melhores realizações. Confira abaixo as obras mais envolventes deste grande diretor:

  • “Aniversário Macabro” (“The Last House on the Left”, 1972)

aniversario_macabroUma jovem decide comemorar o seu aniversário de 17 anos indo a show de rock em Nova York com uma amiga. As duas deixam a cidade onde moram e, no caminho, decidem comprar maconha antes de chegarem ao seu destino. O que elas não contavam é que acabariam nas mãos de um perigoso bandido e sua gangue, que fugiram da prisão. Os criminosos estupram uma delas e matam as duas. Na tentativa de fugir para o Canadá, o grupo acaba indo parar na casa de uma das vítimas depois que têm problemas no carro. Os pais decidem vingar a morte da filha após descobrirem o crime.

Em seu primeiro filme como diretor, Wes Craven cria cenas chocantes, mesmo com um baixo orçamento, que não perderam o impacto mesmo depois de mais de 40 anos. A produção, filmada em apenas 21 dias, chegou a ser banida em vários países e ganhou status de cult. Em 2009, foi lançado um remake de “Aniversário Macabro”, intitulado “A Última Casa”, dirigido por Dennis Iliadis e produzido por Craven.

  • “Quadrilha de Sádicos” (“The Hills Have Eyes”, 1977)

Os melhores filmes da carreira de Wes Craven – AmbrosiaUma família decide viajar para a Califórnia atravessando o deserto. O pai decide pegar um atalho e acaba parando numa área abandonada, que era usada para testes nucleares. No local, vive um grupo de pessoas deformadas pela radioatividade e nada amistosas. Perigosos e violentos, os estranhos seres ameaçam a vida de todos, que precisam lutar para sobreviver e escapar deste pesadelo.

Assim como em “Aniversário Macabro”, Craven impressiona pela crueza de suas cenas e pelo clima sufocante que imprime na trama. Embora tenha ficado datado em termos visuais, especialmente no visual dos vilões, o filme é realmente marcante por não perdoar personagens-chave, que geralmente escapam dos piores destinos deste tipo de produção, nem o espectador, que testemunha uma luta angustiante pela vida. Sete anos depois, o diretor fez sua primeira continuação, “Quadrilha de Sádicos 2” (“The Hills Have Eyes 2”), bastante inferior ao original. O filme também ganhou uma refilmagem, “Viagem Maldita” (“The Hills Have Eyes”) em 2006, também produzida por Craven, e dirigida por Alexandre Aja. O sucesso da nova versão também gerou uma sequência em 2007, “O Retorno dos Malditos” (“The Hills Have Eyes II”), com roteiro escrito por Craven e seu filho, Jonathan, com Martin Weisz na direção.

  • “A Hora do Pesadelo” (“A Nightmare on Elm Street”, 1984)

Hora_pesadeloEm Springwood, adolescentes estão assustados por terem o mesmo sonho, em que são atacados por um homem que tem o rosto terrivelmente queimado e usa uma luva com garras afiadas. As coisas começam a complicar quando, um por um, eles são assassinados enquanto dormem pela misteriosa figura. Para descobrir o que está acontecendo e impedir novas mortes, a jovem Nancy Thompson (Heather Langenkamp) decide enfrentar o monstro em seu próprio território, mesmo correndo risco de morte.

Esta é a obra prima de Craven, que criou aqui seu filme mais assustador e marcante, onde o espectador fica atordoado com o que é verdade e o que é apenas um sonho ruim. De quebra, deu ao mundo um verdadeiro ícone de terror, na figura de Freddy Krueger, brilhantemente interpretado por Robert Englund, além de revelar Johnny Depp, em seu primeiro papel no cinema, como Glen, o namorado da mocinha Nancy. Com sequências criativas e horripilantes, como a morte de um personagem que é tragado pela própria cama, o filme se tornou uma verdadeira referência para o cinema de terror, tornou a New Line Cinema (“O Senhor dos Anéis”) uma produtora de respeito e gerou tantas continuações que transformaram Krueger num verdadeiro bobo da corte. Esqueça o remake de 2010, estrelado por Jackie Earle Haley (como Freddy Krueger) e Rooney Mara (Nancy), uma pálida versão do original.

  • “A Maldição dos Mortos-Vivos” (“The Serpent and The Rainbow”, 1988)

Maldicao_mortos_vivosO antropólogo Dennis Allan (Bill Pullman), após fazer pesquisas no Amazonas, é convidado a ir ao Haiti, durante a revolução que destituiu o ditador “Baby Doc” Duvalier, para investigar o caso de um homem que teria morrido e, supostamente, voltado à vida graças a uma espécie de droga que transforma pessoas em zumbis. Auxiliado pela médica Marielle Duchamp (Cathy Tyson) em sua busca, Dennis acaba entrando em contato com a população local e atrai a ira do policial Dargent Peytraud (Zakes Mokae), integrante da perigosa Tonton Macuse e que gosta de torturar e assustar suas vítimas com bruxaria. O cientista precisa descobrir o que é verdade ou ficção, ao mesmo tempo em que luta para não perder a vida nas mãos de seus algozes.

Ao contrário do que o título em português indica, “A Maldição dos Mortos-Vivos” não é um filme genérico sobre zumbis. Craven se mostra mais preocupado em mostrar os problemas enfrentados pelos haitianos por causa da violenta polícia local e sua intimidação com elementos supostamente sobrenaturais. Com uma visão bastante original, o diretor deixa de lado os sustos fáceis e, embora escorregue aqui ou ali, vale o registro por misturar o cinema de terror com o de denúncia, algo raro de ver até hoje.

  • “O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger” (“Wes Craven’s New Nightmare”, 1994)

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Depois de cinco continuações (onde contribuiu em apenas uma, “A Hora do Pesadelo 3: Guerreiros dos Sonhos”, como roteirista), Wes Craven decidiu voltar ao universo de seu filho mais famoso, mas de uma forma inusitada. Ao invés de continuar a história de Freddy Krueger de onde ela parou, quando (aparentemente) morreu de vez na sexta (e péssima) parte, o diretor resolveu fazer uma brincadeira metalinguística, onde o perigoso assassino conseguiu achar uma maneira de sair de dentro dos filmes para a nossa realidade, aterrorizando não só o diretor (que interpreta ele mesmo), mas também os principais atores, inclusive Robert Englund. Caberá à própria Heather Langenkamp, a Nancy da primeira parte, enfrentar novamente o terrível monstro, que pode causar mais mortes, agora na vida real, inclusive a do seu filho, Dylan (Miko Hughes).

Embora possa causar uma certa estranheza, esta sétima parte é bem mais interessante do que as outras sequências feitas, devido a um roteiro criativo e uma direção bem superior. Aqui não há muito espaço para piadas e Freddy aparece bem mais sinistro do que antes, com uma maquiagem bem mais convincente e um figurino bem mais assustador, graças a um capote preto que também o deixa mais misterioso. Embora o desfecho poderia ser melhor trabalhado, não há dúvidas que “O Novo Pesadelo” é um filme que rende bem e mostra que, se bem tratado, Freddy Krueger tem o poder de meter medo de verdade.

  • Quadrilogia “Pânico” (“Scream”, 1996; “Scream 2”, 1997; “Scream 3”, 2000 e “Scream 4”, 2011)

panico“Qual é o seu filme de terror favorito?”. A pergunta feita pelo assassino Ghostface pelo telefone às suas vítimas era o sinal de que o espectador iria ficar com um arrepio na espinha enquanto torcia para que elas escapassem do psicopata que usava uma máscara inspirada no quadro “O Grito”, de Edvard Munch. Mas o principal alvo do vilão (que teve identidades e motivações diferentes em cada filme) era sempre a mocinha Sidney Prescott (Neve Campbell), que precisa ser forte para escapar de um destino trágico, enquanto outras pessoas ao seu redor acabavam virando estatística.

Assim como em “O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger”, Craven decide brincar com os elementos que compõem a maioria dos filmes de terror, especialmente os chamados slasher movies, como a série “Sexta-Feira 13″ e suas várias imitações. O resultado, além de assustador, é incrivelmente divertido, especialmente para quem é fã do gênero. A quadrilogia tornou Neve Campbell uma estrela (embora por pouco tempo) e deu a David Arquette e Courtney Cox (que se apaixonaram, casaram e se divorciaram durante as filmagens) os melhores papéis em suas carreiras no cinema, como o policial meio bobão Dewey e a ambiciosa repórter Gale Wheathers, respectivamente. “Pânico 4”, aliás, foi o último filme dirigido por Craven.

  • “Musica do Coração” (“Music of the Heart”, 1999)

music_desktopPara a surpresa de muita gente, Craven lançou em 1999 um filme que não tinha nenhum elemento de terror ou sobrenatural. Aqui, o diretor conta a história real de Roberta Guaspari (Meryl Streep), uma professora de música que luta para ensinar violino a jovens pobres d e uma escola do Harlem, em Nova York. Em sua batalha contra o sistema, ela acaba sofrendo várias derrotas, mas sua persistência é recompensada com os resultados mostrados pelos seus alunos, que se tornam uma verdadeira inspiração a todos.

Em sua primeira (e única) incursão pelo drama, o diretor realiza um trabalho que, se não é exemplar, pelo menos carrega a dose certa de emoção, embora seja bastante trivial. Mas Craven é auxiliado pelo ótimo elenco que conta com mais uma inspirada atuação de Meryl Streep, que aprendeu a tocar violino para o filme, praticando seis horas por dia, durante quatro semanas. O esforço da atriz foi recompensado e ela foi indicada ao Oscar pelo papel. Além dela, vale registrar as participações da cantora Gloria Estefan, Aidan Quinn e Angela Bassett. O filme também foi indicado ao Oscar de Melhor Canção (“Music of the Heart”, de Diane Warren).

  • “Voo Noturno” (“Red Eye”, 2005)

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A gerente de hotel Lisa Reisert (Rachel McAdams) vai ao funeral da avó em Dallas, mas precisa voltar para o trabalho em Miami. Embora deteste voar, ela resolve pegar o primeiro voo para o seu destino, que acaba atrasando por causa do mau tempo. Enquanto espera o embarque, acaba conhecendo um charmoso e misterioso homem chamado Jackson Rippner (Cillian Murphy), com quem acaba batendo um papo, tomando alguns drinques e fazendo companhia um ao outro. Só que ela vai descobrir que, na verdade, Rippner é um assassino profissional que precisa que Lisa use seu cargo para mudar um importante político do quarto onde está hospedado, no hotel onde ela trabalha, para que ele possa ser assassinado por um grupo terrorista. Se ela se negar, o pai dela (Brian Cox) será morto. Assim, Lisa precisa dar um jeito de se livrar de seu algoz e impedir que o pior aconteça.

O último filme relevante de Craven é marcado por um bom suspense, ambientado em boa parte do tempo no interior do avião. O clima claustrofóbico ajuda a manter a tensão, especialmente para quem não curte muito voar. A boa atuação de Cillian Murphy compensa alguns exageros e situações clichê, especialmente no terço final da trama. Rachel McAdams também não faz feio como a mocinha, especialmente na cena em que revela o motivo de seus traumas. Outro ponto positivo do filme é sua curta duração, o que faz com que a história seja contada de maneira enxuta e, ao mesmo tempo, empolgante, sem maiores rodeios.

E então? Gostaram da lista? Tem algum outro filme de Craven que gostaria que fosse mencionado? Coloque aqui abaixo a sua opinião. Um abraço e RIP Wes Craven.

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