Oscar: Birdman se consagra em uma cerimônia “padrão Hollywood”

Oscar: Birdman se consagra em uma cerimônia "padrão Hollywood" – Ambrosia

Vestidos, homenagens, musicais, piadas, desfile de celebridades do momento e veteranas. Foi isso que se viu na cerimônia do Oscar. Ou seja, a 87ª edição da festa foi, o que pode ser considerada, “padrão Hollywood”. Começou com o apresentador Neil Patrick Harris em um número musical saudando o cinema e a Academia de Hollywood, com referência a “Cantando na Chuva”, “E.T.” e outros que fizeram bonito na História da premiação.

Na apresentação o ator ainda se inseriu em cenas icônicas de filmes como “Ghost” e “Star Wars”. A performance teve participação até da Cinderela de “Caminhos da Floresta” Anna Kendrick e de Jack Black. Harris até se saiu bem como mestre de cerimônias, fazendo algumas piadas engraçadas (como a espinafrada na Academia por não ter indicado David Oyelowo ao Oscar de Melhor Ator por “Selma”), outras nem tanto, mas seu brilho foi se apagando com o avançar do programa.

Na parte musical da cerimônia, imperou a mesmice e a burocracia entre os candidatos ao prêmio de Melhor Canção. O número que destoou e emocionou foi o de ‘Gloria, executado por John Legend e o rapper Common em uma belíssima apresentação, que arrancou lágrimas de muitos presentes, não só dos envolvidos no filme, como Oyelowo (o mais emocionado), mas também do “Capitão Kirk” Chris Pine, por exemplo. E terminou abocanhando o merecido prêmio da categoria. É de longe a melhor música na disputa.

A canção de homenagem aos já falecidos logo após o momento in memoriam, interpretada por Jennifer Hudson pouco acrescentou. Já a homenagem de Lady Gaga aos 50 anos de “A Noviça Rebelde” surpreendeu interpretando emocionada um medley do clássico musical e foi um dos pontos altos da noite. Logo em seguida, a noviça rebelde em pessoa, Julie Andrews, adentrou o palco, cumprimentou a cantora e anunciou o prêmio de Melhor Trilha Sonora.

No que realmente interessava, ou seja, a entrega dos prêmios, muito equilíbrio, como já era esperado. Nas categorias de atuação nenhuma novidade, mas mesmo assim foi bonito assistir a J K Simmons, que tem 126 filmes no currículo ganhar seu momento de glória, sendo premiado pelo papel do professor linha dura de “Whiplash”, a emoção de Julianne Moore, barbada na categoria de atriz principal por “Simplesmente Alice” e de Edward Redmayne que faturou a estatueta de Melhor Ator por “A Teoria de Tudo”, em que interpreta o físico Stephen Hawking. A vitória do ator confirma a tendência da academia de premiar atores que interpretam portadores de deficiência.

Patrícia Arquette, com seu look despojado, parecia que (assim como todo mundo) já sabia que iria ganhar por seu papel coadjuvante em “Boyhood”. Esse foi o único prêmio para o filme de Richard Linklater, vencedor do Globo de Ouro na categoria Drama e um dos francos favoritos ao Oscar de Melhor Filme, que acabou como o grande derrotado da noite.

A surpresa mesmo foi a rendição da Academia ao nada tradicional “Birdman”, que faturou quatro das nove estatuetas que disputava: Melhor Filme, diretor para Alejandro Iñárritu, Roteiro Original e Fotografia. Tradicionalmente avessa à linguagem estética e narrativa pouco convencionais, a Academia reconheceu o valor da obra e isso pode apontar para novos caminhos nas premiações futuras (provavelmente querem mesmo tirar do Oscar a pecha de careta).

Quando anunciou o prêmio, com um certo suspense, Sean Penn disse “quem deu o greencard para esse filho da mãe?” Racismo? Ao que tudo indica não, estava mais para uma brincadeira politicamente incorreta entre amigos (os dois são amigos pessoais), mas mesmo assim, o diretor fez um discurso  afirmativo em prol dos imigrantes no país, ressaltando que os E.U.A são uma nação de imigrantes.

Supresa também foi “Whiplash”, que, além do Oscar de Ator Coadjuvante também venceu nas categorias de Montagem e Mixagem de Som, totalizando 3 estatuetas. “O Grande Hotel Budapeste”, outro grande favorito da noite, se igualou a Birdman em número de estatuetas, mas todas em categorias técnicas (Maquiagem, Design de Produção, Figurino e Trilha Sonora).

E ainda não foi desta vez que o Brasil ganhou um Oscar. O documentário “Citzen Four” confirmou o favoritismo na categoria Melhor Documentário, não dando chances para “O Sal da Terra”, dirigido pelo alemão Win Wenders e Juliano Salgado sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, pai de Juliano. Se isso serve de consolo, a Argentina também saiu de mãos abanando da festa. “Relatos Selvagens” perdeu na categoria Filme Estrangeiro para o polonês “Ida”.

Lista dos Vencedores

Melhor filme

Sniper Americano

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Boyhood – Da Infância à Juventude

O Grande Hotel Budapeste

O Jogo da Imitação

Selma

A Teoria de Tudo

Whiplash: Em Busca da Perfeição

Melhor diretor

Alejandro González Inárritu –  Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Richard Linklater –  Boyhood – Da Infância à Juventude

Bennett Miller –  Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

Wes Anderson –  O Grande Hotel Budapeste

Morten Tyldum –  O Jogo da Imitação

Melhor atriz

Marion Cotillard –  Dois Dias, Uma Noite

Felicity Jones –  A Teoria de Tudo

Julianne Moore –  Para Sempre Alice

Rosamund Pike –  Garota Exemplar

Reese Witherspoon –  Livre

Melhor ator

Steve Carell –  Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

Benedict Cumberbatch –  O Jogo da Imitação

Michael Keaton –  Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Eddie Redmayne –  A Teoria de Tudo

Bradley Cooper –  Sniper Americano

Melhor ator coadjuvante

Robert Duvall –  O Juiz

Ethan Hawke –  Boyhood – Da Infância à Juventude

Edward Norton –  Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Mark Ruffalo –  Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

J.K. Simmons –  Whiplash: Em Busca da Perfeição

Melhor atriz coadjuvante

Patricia Arquette –  Boyhood – Da Infância à Juventude

Laura Dern –  Livre

Keira Knightley –  O Jogo da Imitação

Meryl Streep –  Caminhos da Floresta

Emma Stone –  Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Melhor roteiro original

Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo –  Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Richard Linklater –  Boyhood – Da Infância à Juventude

Dan Futterman, E. Max Frye –  Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

Wes Anderson, Hugo Guinness –  O Grande Hotel Budapeste

Dan Gilroy –  O Abutre

Melhor roteiro adaptado

Jason Hall –  Sniper Americano

Graham Moore –  O Jogo da Imitação

Paul Thomas Anderson –  Vício Inerente

Anthony McCarten –  A Teoria de Tudo

Damien Chazelle –  Whiplash: Em Busca da Perfeição

Melhor longa de animação

Operação Big Hero

Os Boxtrolls

Como Treinar o Seu Dragão 2

Song of the Sea

O Conto da Princesa Kaguya

Melhor documentário em longa-metragem

 Citizenfour

Vietnã: Batendo em Retirada

Virunga

A Fotografia Oculta de Vivian Maier

O Sal da Terra

Melhor longa estrangeiro

 Ida  (Polônia)

Leviatã  (Rússia)

Tangerines (Estônia)

Timbuktu (Mauritânia)

Relatos Selvagens  (Argentina)

Melhor curta-metragem

Aya

Boogaloo and Graham

Butter Lamp

Parvaneh

The Phone Call

Melhor documentário em curta-metragem

Crisis Hotline: Veterans Press 1

Joanna

Our Curse

The Reaper (La Parka)

White Earth

Melhor animação em curta-metragem

The Bigger Picture

The Dam Keeper

O Banquete

Me and My Moulton

A Single Life

Melhor canção original

“Everything is Awesome”, por Shawn Patterson, Joshua Bartholomew, Lisa Harriton, The Lonely Island –  Uma Aventura LEGO

“Glory”, por John Legend, Common –  Selma

“Grateful”, por Diane Warren – Beyond the Lights

“I’m Not Going to Miss You”, por Glen Campbell – Glen Campbell: I’ll Be Me

“Lost Stars”, por Gregg Alexander, Danielle Brisebois, Nick Lashley, Nick Southwood –  Mesmo Se Nada Der Certo

Melhor fotografia

Emmanuel Lubezki –  Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Robert D. Yeoman –  O Grande Hotel Budapeste

Ryszard Lenczewski, Łukasz Żal – Ida

Dick Pope – Mr. Turner

Roger Deakins –  Invencível

Melhor figurino

Milena Canonero –  O Grande Hotel Budapeste

Mark Bridges –  Vício Inerente

Colleen Atwood –  Caminhos da Floresta

Anna B. Sheppard, Jane Clive –  Malévola

Jacqueline Durran –  Mr. Turner

Melhor maquiagem e cabelo

Bill Corso, Dennis Liddiard –  Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

Frances Hannon, Mark Coulier  –  O Grande Hotel Budapeste

Elizabeth Yianni-Georgiou, David White –  Guardiões da Galáxia

Melhor mixagem de som

Sniper Americano

Interestelar

Invencível

Whiplash: Em Busca da Perfeição

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Melhor edição de som

Alan Robert Murray, Bub Asman  –  Sniper Americano

Martín Hernández, Aaron Glascock –  Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Brent Burge, Jason Canovas –  O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos

Richard King –  Interestelar

Becky Sullivan, Andrew DeCristofaro –  Invencível

Melhores efeitos visuais

Capitão América 2 – O Soldado Invernal

Guardiões da Galáxia

Planeta dos Macacos 2 – O Confronto

Interestelar

X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido

Melhor design de produção

Adam Stockhausen, Anna Pinnock –  O Grande Hotel Budapeste

Maria Djurkovic, Tatiana Macdonald –  O Jogo da Imitação

Nathan Crowley, Gary Fettis, Paul Healy –  Interestelar

Dennis Gassner, Anna Pinnock –  Caminhos da Floresta

Suzie Davies, Charlotte Watts –  Mr. Turner

Melhor montagem

Sniper Americano

Boyhood – Da Infância à Juventude

O Grande Hotel Budapeste

O Jogo da Imitação

Whiplash: Em Busca da Perfeição

Melhor trilha sonora

Alexandre Desplat –  O Grande Hotel Budapeste

Alexandre Desplat –  O Jogo da Imitação

Hans Zimmer –  Interestelar

Gary Yershon –  Mr. Turner

Johann Johannsson –  A Teoria de Tudo

Total
0
Links
Comentários 1
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ant
O amor de Osamu Tezuka em “A Canção de Apolo”
O amor de Osamu Tezuka em "A Canção de Apolo" – Ambrosia

O amor de Osamu Tezuka em “A Canção de Apolo”

Quem já leu Osamu Tezuka (1928-1989) pode notar que um dos temas mais abordados

Prox
Cinemateca: “Annie” (1982) e nossa aversão pelo passado
Cinemateca: "Annie" (1982) e nossa aversão pelo passado – Ambrosia

Cinemateca: “Annie” (1982) e nossa aversão pelo passado

A onda dos remakes continua firme e forte

Sugestões para você: