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Restrepo

Pra que mais um documentário sobre mais uma guerra friamente (porém mal) calculada por um país que gosta de conquistar as coisas à força? Não é necessário ser um “anti-imperialista” ou uma pessoa politicamente engajada para se cansar rápido desse tipo de filme, mesmo que todos eles sejam basicamente dissertações anti-guerra. Isso por que nem um quarto dos documentários feitos sobre o assunto chegam ao Brasil.

Restrepo, no entanto, é um filme um pouco diferente. Sem discurso, sem estatísticas ou manipulações. Apenas uma câmera na mão durante a passagem de um pelotão pelo Afeganistão e outra câmera no tripé, já de volta aos Estados Unidos, com alguns dos mesmos soldados que lá estiveram. O agravante é que estes soldados americanos foram enviados para passar 15 meses num posto de vigilância no meio do vale Korengal, o pior lugar possível para se estar durante uma guerra.

Os cineastas Tim Hetherington e Sebastian Junger acompanham o dia-a-dia de soldados que não sabiam nada sobre o lugar onde serviriam. Korengal não era apenas um vale isolado de tudo e com pouquíssima proteção, mas também um dos únicos pontos estratégicos daquela guerra que era atacado diariamente pela milícia Talibã. E como um dos soldados esclarece em seu depoimento, os governo americano ainda não sabe como lidar com ex-combatentes que passaram tanto tempo sobre fogo cerrado, algo que não acontecia desde a guerra do Vietnã.

Restrepo é bastante simples em sua forma, mas também bastante eficaz. Você assiste à chegada do pelotão, às intermináveis trocas de tiros, às mortes, às comemorações, os frustrados encontros com os aldeões locais, ao convívio de um grupo de homens que perde alguns de seus maiores amigos e tem certeza que sua morte também será iminente.

Mesmo assim, o filme não deixa de ser um tanto estéril. As imagens mostram tudo, os depoimentos ecoam bastante, mas os cineastas não levantam quaisquer pontos. Apesar do enorme mérito de não produzirem uma obra manipulativa, como tem se tornado bastante comum, o distanciamento é também seu ponto fraco. Ao fim da projeção, não sentimos que aprendemos alguma lição, apenas recebemos mais informações sobre o inferno da guerra.

[xrr rating=2.5/5]
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Comentários 3
  1. É, acho a busca da imparcialidade perda de tempo. Um doc (assim como um jornal) é, necessariamente, parcial, tem algo do ponto de vista de quem o fez – o que, claro, não valida os manipulativos.
    Falando no tema, dei uma olhada – e gostei – disto: http://us.macmillan.com/alanswar
    Cê conhece? Queria ler, mas a tradução (brasileira) é muito ruim e não achei o gringo pra baixar.

    1. Opa! Eu ouvi falar bastante desta HQ, mas não li. A tradução brasileira a que você se refere é a lançada pela Zarabatana? Pena ser ruim, estava na minha lista de próximas aquisições… Também não achei em inglês.

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