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Um relato pessoal e admirado de “Woody Allen: Um Documentário”

Lembro bem de, em plena pré adolescência, estar zapeando pela TV de madrugada, e me deparar, no InterCine, com um filme que falava, de forma curiosa e verborrágica, sobre relacionamentos. Nem era muito um assunto que atraísse um moleque de uns 12, 13 anos, mas havia naqueles diálogos um tipo de humor dinâmico que me atraiu logo de cara. E havia New York. A cidade era um personagem que se impunha dentre os dois casais que discutiam entre si as crises e contradições de suas relações.

Era Maridos e Esposas. Era também o começo de minha paixão pela obra do gênio Woody Allen. Essa introdução se justifica pela minha relação quase passional com o lançamento de Woody Allen: Um Documentário do diretor Robert B. Weide, que se debruça com propriedade sobre vida e obra do cineasta.

Do início singular, quando ajudou a dar forma a uma vertente de comédia tão americana, com seus shows de stand up, até sua curiosa entrada no mundo do cinema e seu princípio de autoralidade. Um documentário costuma dissecar um biografado pela via de relatos. No caso de Allen, sua vida é banhada de curiosidades e controvérsias, ou seja, são os fatos que ajudam a explicar a criatura que humaniza um criador mítico. Basta prestar atenção em suas lembranças familiares, o tal complexo de Édipo com a mãe e, claro, o escândalo que eclodiu com sua relação com a filha de sua ex-mulher, Mia Farrow.

Mas é a sua relação com a evolução de seus filmes que faz do longa um retrato pungente do lugar que Allen ocupa na história do cinema. Pérolas como Annie Hall, Manhattan, Hannah e suas Irmãs, Meia Noite em Paris e Match Point (onde até o excelente trailer ganha o destaque que tanto falo).

Os grandes diretores viram superlativos exatamente pela forma que sua obra se ressignifica como uma identidade. Woody Allen não é uma marca, é um estado de espírito. Seus filmes trafegam por sua inquietude sobe o sentido da vida. Isso pode resultar genérico ou substancial, mas sempre universalizados por sua costumeira personalidade.

Woody Allen: Um Documentário é um deleite para admiradores do que está por trás da mágica do fazer cinema, para além da indústria que o cerca. Woody Allen é um artista de seu tempo, apesar de o tempo inteiro questionar essa relevância. Vai ver que é por isso que segue adquirindo “adeptos” com a constância de seus próprios filmes anuais. Seja os que absorvem seus discursos por uma identificação geracional ou apenas os que partem de um inicio de caso de amor adolescente em madrugadas vis.

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