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Comédia francesa A Origem do Mundo é boa estreia de Laurent Lafitte na direção

Laurent Lafitte é um dos rostos mais facilmente reconhecíveis do atual cinema francês. Presente em comédias que são sucesso de bilheteria, como Relacionamento à Francesa 1 e 2 (respectivamente, de 2015 e 2016) e dramas conceituados como Elle (2016), Nos Vemos no Paraíso (2017) e A Revolução em Paris (2019), o ator que comumente é creditado como “Laurent Lafitte de la Comédie Française” faz sua estreia na direção com a comédia absurda A Origem do Mundo, que acaba de chegar na Netflix.

O caso de Jean-Louis Bordier (Lafitte) é um enigma para a medicina. Após perceber que não se cansava ao fazer exercícios físicos, Jean não detectou seus batimentos cardíacos e, apavorado, chamou o amigo veterinário Michel (Vincent Macaigne). Apavorados pela ausência de batimentos, os dois amigos querem ir ao médico, mas são impedidos pela esposa de Jean, Valérie (Karin Viard), que em vez disso leva o marido para ver uma coach holística chamada Margaux (Nicole Garcia).

Depois de uma “consulta”, Margaux dá o “diagnóstico”: o coração cósmico de Jean não está ligado ao seu coração físico, e ele tem três dias para cumprir uma missão se não quiser morrer. A missão é levar até Margaux uma foto da vagina da mãe de Jean. O problema é que Jean não fala com a mãe há quatro anos, e não pode chegar com um pedido tão esdrúxulo depois de tanto tempo. Jean, Valérie e Michel precisam correr contra o tempo para cumprir a estranha missão – e no caminho descobrirão mais sobre a mãe de Jean, Brigitte (Hélène Vincent).

O nome do filme, A Origem do Mundo, vem de uma pintura homônima do século XIX do pintor francês Gustave Courbet. Tal pintura retrata exatamente a anatomia íntima feminina e faz parte do acervo do Museu D’Orsay desde 1995. A própria pintura tem uma história interessante: pintada em 1866, sempre suscitou curiosidade acerca de quem poderia ter sido a modelo que posou para o artista. Em 2013 surgiu o rumor de que haveria outra parte perdida da pintura, que mostrava o rosto da mulher retratada. Ainda envolto em mistérios, mais de 150 anos após ser pintado, o quadro é, assim, uma inspiração perfeita para o filme.

Há algumas sequências de sonho, acompanhadas de música instrumental tocada no piano, que têm um tom cômico e bastante surrealista. São sequências tecnicamente simples, ao contrário de outras sequências de sonho muito elaboradas que já vimos no cinema, mas são eficazes em causar riso. O caminho escolhido é o da comédia, num filme que poderia explorar mais a relação entre mãe e filho e o Complexo de Édipo.

Adaptado de uma peça de teatro pelo próprio Laurent Lafitte, o filme é uma comédia sexual direta, sem insinuações. Como em outras produções do cinema francês, a nudez é tratada com naturalidade, o que pode incomodar o público brasileiro mais conservador. Aos que não se incomodam, o filme se revela uma série de absurdos que entretêm.

Vincent Macaigne está especialmente engraçado como o veterinário Michel Verdoux. Há, entretanto, um problema: existem cenas e falas de riso fácil, mas é um pouco difícil rir de uma idosa sendo despida contra sua vontade.

Mais uma boa fruta da safra do atual cinema francês, A Origem do Mundo não é uma estreia brilhante e inovadora para Lafitte na direção, mas mesmo assim diverte e nos deixa ansiosos pelos próximos passos na carreira do ator e agora, diretor.

Nota: Bom – 3 de 5 estrelas

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