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Crítica: ‘Eike – Tudo ou Nada’ – Uma cinebiografia da ascensão e queda do magnata

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Brasil, Rio de Janeiro, 2006. O Brasil passava por um momento de crescimento econômico, impulsionado principalmente pela descoberta do pré-sal, o cenário era perfeito para a ascensão de um novo magnata. O empresário Eike Batista, já era um nome conhecido no mercado e decidiu aproveitar a onda. Ele criou a OGX, uma petroleira que visava explorar as promissoras reservas de petróleo encontradas no pré-sal. Para dar início a esse ambicioso projeto, Eike não mediu esforços e contratou os melhores profissionais de alto escalão da própria Petrobras e formou uma equipe de elite com o objetivo de garantir a vitória nos leilões e na exploração do pré-sal.

(Eike: Tudo ou Nada – Brasil 2022) o longa-metragem é baseado no livro da jornalista Malu Gaspar “Tudo ou Nada – Eike Batista e a verdadeira história do grupo X” (2014). O filme é dirigido e roteirizado pela dupla Andradina Azevedo e Dida Andrade, que construíram uma narrativa no caminho da sátira e da ironia para falar dos bastidores das grandes corporações e parte da política brasileira. Através do cinema a dupla contextualiza como esse mundo do chamado “colarinho branco”, pode ser um jogo sujo e corrupto, com seus excessos e perversões.

Essa escolha de como contar a história de Eike Batista não foi feita à toa, pois os diretores sabiam que tinham três atores com uma veia cômica de primeira qualidade. André Mattos interpreta provavelmente o governador mais corrupto da história do Rio de Janeiro, com o sugestivo nome de César Sobral, que certamente por questões jurídicas não foi creditado o nome real de Sergio Cabral. Xando Graça que faz o protótipo do jeitinho brasileiro na pele da malandragem em pessoa, Dr. Oil. O protagonista do filme Nelson Freitas nos apresenta um personagem típico do milionário que não sabe ouvir um não. Ora é ingênuo e desmedido, ora é sarcástico e irônico.

Um dos pontos altos do longa-metragem é justamente a interpretação de Nelson no papel de Eike. O ator consegue transmitir o carisma e a ambição do empresário, além de captar a complexidade de sua personalidade, oscilando entre a euforia e a desilusão. O filme enfatiza a habilidade de Eike em vender seus projetos, ele tem uma linguagem persuasiva e um charme inegável. Essa característica é explorada de forma satírica, quando mostra como o magnata convenceu investidores a apostar em suas ideias, muitas vezes grandiosas e pouco realistas. A caracterização física também é bastante convincente, aproximando o personagem da figura pública que conhecemos.

A fotografia da cinebiografia é outro ponto positivo, com imagens que retratam a ostentação e o poder do universo dos grandes empresários, contrastando com a precariedade de algumas situações de outras partes da sociedade brasileira. As locações escolhidas também contribuem para a construção da atmosfera do longa-metragem e transportam o espectador para o mundo de Eike Batista.

O roteiro do filme é bastante ágil e envolvente, conduzindo o espectador por uma jornada repleta de altos e baixos. A montagem dinâmica e os diálogos bem escritos colaboram para manter o interesse do público. No entanto, o longa-metragem poderia abordar melhor algumas questões, como por exemplo, contextualizar de maneira mais profunda quais foram os fatores que contribuíram para o sucesso e fracasso do mega empresário.

Um dos maiores desafios de uma cinebiografia é encontrar um equilíbrio entre a fidelidade aos fatos e a necessidade de criar uma “licença poética”. Eike – Tudo ou Nada busca essa harmonia, mas alguns momentos criados na obra cinematográfica podem incomodar os espectadores mais exigentes.

O filme está disponível nas plataformas de streaming.

Eike Tudo ou Nada

Eike Tudo ou Nada
7 100 0 1
Nota: 7/10 Ótimo
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Sergio Batisteli -

Jornalista apaixonado por rádio, música, cinema e escrever.

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