Mark Waid e Leinil Francis Yu, a dupla criativa da última origem do Homem de Aço (Superman: Birthright), se reuniu novamente para narrar as aventuras do Gigante Esmeralda no cenário Marvel NOW!. A Casa das Ideias queria alavancar o personagem após um período sem relativos sucessos e a dupla foi designada para a empreitada. A Panini Comics, que segue publicando seus encadernados em capa dura, reunindo aqui as edições de 1 a 10 de Indestrutível Hulk (Indestructible Hulk), série em que vemos Bruce Banner e seu alter ego trabalhando para o governo, como um agente da SHIELD.
Escrever uma história com o Hulk é uma tarefa difícil, pois ele é um personagens onde sua identidade super-heroica e identidade secreta são, realmente, duas personalidades diferentes. Mesmo que eles compartilhem um corpo, Banner muitas vezes não se lembra o que ele fez como o Hulk, que é uma proposta assustadora considerando o que seu alter ego é capaz de fazer, ou melhor, esmagar e destruir.
Na história dos escritores que já roteirizaram narrativas com o Hulk, tivemos exemplos que combinavam a inteligência de Banner com o corpo de Hulk, como Peter David fez durante seus arcos, tanto com o Hulk Cinza quanto com o personagem “Professor”. Ou como Greg Pak fez isso mais tarde no Planeta Hulk e na Hulk Contra o Mundo. Mark Waid segue com característica de ser o único roteirista desde os tempos de Stan Lee e Roy Thomas, que roteirizou X-Men, os Vingadores e o Quarteto Fantástico, coloca em sua narrativa uma história sobre Bruce Banner em primeiro lugar.
Isso mesmo, o foco está em Banner, enquanto o Hulk só aparece como um coadjuvante, mas com uma boa sova de sequências/séries de grandes cenas de ação – uma figura só de ação, sem qualquer discurso. Alguns podem até dizer que estão desfazendo o trabalho de David e Pak na criação de um Hulk inteligente, mas vale lembrar o estrago do Red Hulk de Jeph Loeb e Jason Aaron na bizarra divisão do Hulk em dois e fazer de Banner um supervilão. Prefiro o Hulk monstro, e esse “dumbing down” tem tudo a ver com o retrato do filme, em que a maioria dos espectadores conhecem sua personalidade selvagem, e Waid soube aproveitar o que foi feito nos cinemas.
Para trabalhar este novo conceito, Waid tira um dos fios argumentais que apareciam em muitas histórias no passado: o desejo de Banner para se livrar de sua outra metade. O cientista agora considera o Hulk fazendo parte de si, não uma doença. Em vez de desperdiçar recursos em tentativas para se livrar dele, Banner vai fazer o melhor uso de seu tempo como um monstro. Mas como? Isto é feito trabalhando para SHIELD como um pesquisador e uma arma. Banner forma uma equipe, escolhida a dedo, e passa a pesquisar novas fontes de energia, como também invenções que salvam vidas. Por fora, transformado no Hulk, a SHIELD lhe transporta para uma basa da IMA e causa um bom estrago. Para citar alguns momentos que encontramos nesta antologia.
Este novo arranjo de mais Banner e menos Hulk também foi desenvolvido em outros títulos, como as histórias dos Vingadores (vide Secret Avengers , Avengers Assemble: Science Bros). Um outro ponto interessante que é abordado é a maneira que Anthony Stark vê essa nova vida de Banner. O ciúme está exposto e considerando o que o alter ego do Hulk já passo nos últimos anos, podemos entender por que ele que começar de novo. Mas enquanto Waid muda o status quo do Hulk, podemos ver os laços com o passado do personagem com os vilões que aparecem ao longo das edições, como o Pensador Louco, o Homem Quintrônico e Attuma.
A arte de Yu, finalizada por Gerry Alanguilan e colorida impressionantemente por Sunny Gho, apresenta traços limpos e bem realísticos. Mas há cenas em que parecem desfocados, devido às técnicas de arte por computador, mas nada para desfocar. E as cores, como já tratamos, impressionam, pela forma que o leque de tons é colocado combinado com as ilustrações de Yu.
É raro uma reinvenção que complementa tão bem dentro da cronologia de um personagem. Mark Waid fez o trabalho necessário em Hulk Indestrutível: Agente de SHIELD para manter o Hulk relevante para os próximos anos. Trabalhar para o agência governamental remove a indigência de outrora na qual o Hulk vagava em títulos anteriores. Um roteiro consistente e uma arte brilhante. E enfim veremos o intelecto de Banner bem utilizada. Recomendadíssimo.
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