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Histórias que é melhor não contar: filme de antologia espanhol chega aos cinemas

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Existe um tipo de filme em falta no mercado contemporâneo: o filme de antologia. Contando diversas histórias numa só projeção, encontramos a gênese do filme de antologia no cinema mudo, com “Intolerância” (1916) e o alemão “A Morte Cansada” (1921), só para citar dois exemplos. Do nosso país vizinho, a Argentina, vem um dos melhores exemplos: “Relatos Selvagens”, que inclusive voltou a passar nos cinemas brasileiros recentemente por conta do décimo aniversário de sua estreia.

Podemos dizer que fazer filmes de antologia é o modus operandi do diretor espanhol Cesc Gay. Depois de “O que os Homens Falam / Una pistola en cada mano” (2012), ele volta à fórmula com “Histórias que é melhor não contar”, composta de cinco esquetes divertidos.

Dois vizinhos que se gostam, mas só um ato impulsivo traz a verdade à tona. Um homem que, incentivado por um casal de amigos, sai com uma jovem atriz, mas o preconceito pode colocar tudo a perder. Três amigas atrizes, há muito tempo sem se ver, se encontram e trocam confidências sobre casos extraconjugais. Outro homem descobre que sua namorada bem mais jovem vai terminar com ele, então tenta mitigar os danos. E um rapaz que descobre que sua namorada grávida sabe sobre uma aventura que ele teve – mas ela também tem seus segredos. São estas as histórias contadas, cada uma durante mais ou menos vinte minutos, para nosso deleite e reflexão.

O filme de antologia pode facilmente se tornar um “all-star movie”, com elenco recheado de astros e estrelas. O cinema ibero-americano está muito bem representado no elenco de “Histórias que é melhor não contar”, que conta com Chino Darín, Maribel Verdú, José Coronado, Javier Cámara, Antonio de la Torre, Anna Castillo, Nora Navas e outros.

Se faltava em seu filme de antologia pregresso o “elemento queer”, aqui ele é adicionado com sucesso no fio condutor de um dos esquetes. Não revelamos qual é para não estragar outro elemento – o surpresa – que nos é tão caro quando nos sentamos para assistir a um filme.

Se em “O que os Homens Falam” Cesc Gay consegue alinhavar todas as histórias, provocando um encontro dos protagonistas numa festa, aqui em “Histórias que é melhor não contar” ele até ensaia um fio condutor, quando Chino Darín, no final de sua história, passa em frente ao táxi do qual sai Álex Brendemühl, no começo de seu esquete. Mas a coincidência para por aí, a não ser que consideremos que o fato de todas as sequências terem sido gravadas em Barcelona faz da cidade mais um personagem, e aí temos a coincidência que une tudo. 

Deixamos como encerramento as palavras do próprio Cesc Gay para servirem de convite para assistir a mais essa obra de sua prolífica carreira:

“Cinco histórias focadas na vida sentimental e amorosa de nossos protagonistas que mostram com grande ironia o quão absurdo, ridículo, constrangedor, surpreendente e muitas vezes patéticas são nossas reações quando se trata de amor e sentimentos. As decisões que tomamos, as mentiras que contamos e, em última análise, tudo o que se move entre o que somos e o que pensamos que somos. Este filme mostra aqueles momentos que todos podemos vivenciar em algum momento, mas nunca gostaríamos de compartilhar. Histórias que os protagonistas preferem não revelar ou confessar. Por modéstia, ridículo ou orgulho.”

Histórias que é melhor não contar

Histórias que é melhor não contar
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Nota: 7/10 Ótimo
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