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Risos e acertos fazem da série animada de Cuphead espetacular

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A Netflix vem se saindo relativamente bem ultimamente quando se trata de adaptações de videogames. The Witcher, Castlevania e Arcane comprovam isso. E assim chegamos a Cuphead – a série. O sucesso indie de 2017 ganhou sua própria série animada.

Antes de mais nada, vamos lembrar que a série é uma história independente da narrativa do videogame. Há Xicrinho (Cuphead) e Caneco (Mugman), mas desta vez eles não precisam caçar almas perdidas para pagar uma dívida com o diabo. Temos aqui algo mais divertido e inocente. Então não, você não precisa ter jogado Cuphead para entender a série. A menos que queira reconhecer todas as referências ao jogo, que são suficientes como se já não fossem óbvias.

A série e a Netflix

A série teve a sorte de seus criadores, Chad e Jared Moldenhauer (além do Studio MDHR), e entrou no catálogo da Netflix no momento certo. O streaming conseguiu estabelecer-se e consolidar-se no mercado cinematográfico e audiovisual como uma plataforma onde podem selecionar tanto produtos de consumo massificado como outros de tom e natureza mais independentes. Um equilíbrio perfeito para o futuro da empresa.

É nesse equilíbrio que animação como Arcane (League of Legends) se fortalecem, permitindo encontrar um espaço antes reservado para outros projetos e liberando todo o talento de nomes, estúdios, cineastas e outros.

Cuphead! A série surge no ambiente ideal para implantar sua ideia. Uma ideia que já constituía sua jogabilidade titânica, apesar de todos os controles quebrados, as unhas roídas e a amargura causada pela dificuldade daquelas suas telas malucas.

Cuphead! A série felizmente, não requer que você “entre na zona” ou tenha uma habilidade super especial para desfrutar do início ao fim. Nesse sentido, é muito mais aberto que o jogo, principalmente se entender a dinâmica dos personagens, aceitar seu conteúdo ingênuo e entender a importância de sua proposta com relação ao mundo da animação atual.

O futuro

A indústria dos desenhos animados desenvolveu uma devoção quase profética ao 3D, um legado do sucesso da Pixar. O que acarretou às crianças se acostumarem olhos ao modelo animado moderno. Isso significou o túmulo do 2D, perdendo até mesmo a identidade de estúdios como os Studios Ghibli ao longo do caminho, embora pareça que um recomeço se inicia.

O game foi um chamado aos clássicos da animação. Em homenagem ao trabalho original de Walt Disney nos primeiros passos da animação audiovisual mainstream, os personagens e o universo proposto foram uma delicada transferência daquela época há quase um século para o mundo atual.

A série da Netflix faz exatamente a mesma coisa, só que retorna ao seu meio original. A animação se desenrola aqui com um personagem genuíno, com um desperdício de ingenuidade, individualidade, carisma, talento transbordante, que deleitamos com tanto impacto visual.

E o que desenvolveu se torna um trabalho artístico. Não porque seja uma ótima adaptação (o que é, já que a ação nos mergulha em pequenas sequências da “plataforma”), mas porque é um deleite de cenas. Até o “grumo” das imagens está presente na série, os produtores cuidaram de todos os detalhes, a ponto de se perder completamente de vista a realidade e se perder na beleza da animação, dos designs, da estética, da cor, dessa viagem ao passado que nos arrancou do presente por alguns momentos.

E a única coisa “ruim” que podemos colocar é que ela é muito curta. Termina logo e nos deixa com um vazio tremendo. Com uma narrativa simples, mas que consegue atrair, não da forma como é contada, mas como se chega a ela… é de tirar o chapéu!

Não nos resta nada além de fazer isso e aplaudir. Vivemos em uma época que nos permitiu desfrutar de acrobacias animadas como Arcane e a série Cuphead! em menos de um ano. Espero que o público, mesmo quem não conhece o videogame e não sabe do que se trata esse assunto, descubra o poder por trás da animação, de uma produção com tanta identidade quanto esta.

Esperamos que a série Cuphead! da Netflix permita recuperar a animação 2D mais clássica, seja como homenagem ou para acenar a tempos do passado. Há um encanto que guarda em suas cenas, que só podemos assistir a essa série com um carinho tão grande ou maior que a nostalgia que ela gera em nós. Para a turminha menor, é um deleite de diversão e narrativas simples, que vale assistir.

Nota: Excelente 4,5 de 5 estrelas

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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