Seis anos depois de seu último disco, Silvia Machete volta ao mercado com “Rhonda” (distribuído pelo selo Biscoito Fino), disco de estúdio composto apenas por canções na língua inglesa.
Lançado na última semana (na sexta-feira, dia 3), Rhonda surpreende, como quase todos os trabalhos da cantora, compositora e atriz.
Uma nova Silvia?
Rhonda tem dois nomes que se destacam: o da própria Silvia Machete e o do instrumentista, arranjador e produtor Alberto Continentino. Os dois são responsáveis pela maioria das composições (em parceria entre eles ou com outros nomes).
O álbum nos leva por uma série de influências, muitos deles pouco comuns, o que não deve surpreender os que acompanham a trajetória da artista, que se revela a cada lançamento. Mas existe uma Silvia Machete?
— Sempre há a Silvia Gabriela, que na verdade sou eu mesma, a minha essência. Quase ninguém sabe meu nome, é pouco falado, é meio brejeiro, né? Mas eu também posso, e adoro, ser brejeira! Eu também sou Machado, mas no circo fui batizada como Machete, que é mais internacional — conta a cantora.
A explicação acima pode parecer fora de contexto, mas é necessária para entender essa que pode, guardadas as devidas proporções, ser chamada de nossa Lady Gaga, uma verdadeira camaleoa.
Lulu, Gaga e Tim
O domínio do inglês faz com que ouvir “Rhonda” nos leve por vários caminhos muito bem escolhidos. Em alguns momentos voltamos aos anos 60, como em “Lips”, uma canção que poderia ser interpretada por Lulu, ou “Forget to Forget”, com seu uma sonoridade que lembra “I’d Rather Hurt Myself” (uma canção de muito sucesso no fim dos anos 70 na voz de Randy Brown).
O clima é, na maioria do tempo, intimista, mas sem ser simplista. Aliás, nada em “Rhonda” é banal ou despretensioso (no bom sentido). São 37 minutos de ótima música para ouvir e relaxar.
A “bossa” de “I Love Missing You” e o groove de “Messy Eater”, por exemplo, mostram que um álbum pode ter caráter e unidade mesmo com vários climas.
Já falamos de Lulu, de Lady Gaga, mas e o Tim Maia?
Bem, ele aparece na canção “With No One Else Around”, que apareceu originalmente no álbum Tim Maia (1978). Depois, ele foi regravada (com letra em português) e o título “Pra Você Voltar”.
Na sua versão, Silvia dá outro molho aos dois registros originais do mestre Tim. Bom? Ruim? Acho que a resposta é “diferentemente bonita”.
No fim das contas, “Rhonda” é mais uma das boas surpresas desse estranhíssimo ano de 2020.
Ouça sem moderação!
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