Vikings: Valhalla começa no início do século XII e narra as aventuras lendárias de alguns dos mais famosos vikings que já viveram – Leif Eriksson, Freydis Eriksdotter, Harald Hardrada, Olaf Haraldsson, entre outros. Esses homens e mulheres abrirão um caminho enquanto lutam pela sobrevivência em um mundo em constante mudança e evolução.
Análise
A Netflix bateu na mesa dos streamings ao anunciar uma sequência de Vikings antes mesmo do fim da popular série criada por Michael Hirst. Situado 100 anos após as aventuras de Ragnar Lodbrok, Lagertha e companhia, Vikings: Valhalla chegou nesse fim de mês na plataforma.
A primeira coisa a saber sobre a nova série é que Jeb Stuart está por trás dele e não Hirst, o que dá origem a uma abordagem diferente, muito mais vibrante e com maior presença das cenas de ação. Afinal, Stuart é conhecido por ter sido um dos roteiristas de dois filmes tão emblemáticos no gênero de ação como Duro de Matar e O Fugitivo. Então faz sentido que algo assim tenha sido escolhido.
A fúria viking
Haverá quem tenha preferido uma continuidade em relação a Vikings, mas acreditamos que a melhor opção era fazer algo com personalidade própria o suficiente para que qualquer espectador, sendo fã ou neófito, neste universo consiga mergulhar totalmente na série.
Para constar, há várias referências a Vikings, abordadas mais para destacar o peso às costas de alguns personagens do que para qualquer outra coisa. A questão é que esses personagens já viraram lendas e agora temos que lidar com os novos tempos.
Para destacar o senso de urgência do primeiro episódio, Vikings: Valhalla toma como ponto de partida o Massacre do Dia de San Bricio (13 de novembro de 1002), um evento decisivo para que os vikings deixasse para trás as grandes diferenças entre eles para confrontar um inimigo comum.
Esse desejo de vingança é respirado na atmosfera durante a parte da série que é mais focada em apresentar os protagonistas, conhecer suas motivações e determinar qual papel desempenharão.
Isso não significa que desde o primeiro episódio não tenha violência extrema, mas bem integrada à narrativa, funcionando como uma extensão da ferocidade de seus protagonistas. Se bem que a primeira temporada nos prepara para uma jornada épica, grande parte dela parece apressada e funciona melhor se vista como uma única narrativa do início ao fim, em vez de uma abertura da série.
Vibrante
O contexto da série traz a vingança perante o massacre, mas Vikings: Valhalla abre com a chegada de Erikson (o carismático Sam Corlett) e sua irmã Freydis (a excelente Frida Gustavsson) na Noruega. Os Groenlandeses navegaram por águas impossivelmente agitadas para chegar em Kattegat. Isso os coloca como estranhos e forasteiros, mas aliados dos vikings.
Eles vêm de um povo que se alinha mais com os deuses antigos do que os cristãos da Escandinávia, incluindo Harald Hardrada (Leo Suter), que planeja a vendetta contra os britânicos. Grande parte da primeira temporada é sobre vingança, tanto em grande escala quanto pessoal.
Não que faltasse em Vikings, mas lá seu ritmo era mais relaxado, enquanto aqui tudo é muito mais ágil. Felizmente, isso não significa que seja superficial na trama, já que Stuart mostra que tem ideias muito claras, optando por um estilo mais direto ao invés do tom um pouco mais solene de Hirst.
Além disso, a série conta com um ótimo trabalho de fotografia. O dinamarquês Niels Arden Oplev (Mr. Robot) consegue dar aquela energia visual necessária para a série, do primeiro episódio com a chegada de Leif Eriksson e companhia, após uma tempestade, ao limite quando a ação ganha presença e aumenta em escala, como no quarto episódio.
Certamente, Vikings:Valhalla vem com o prometido espetáculo e sequências épicas, que lembram as cenas selvagens e intensas encontradas em Game of Thrones da HBO (em uma escala muito menor). Além disso, temos o jogo político e de poder que motivam alguns de seus personagens, mas sem as intrigas que conhecemos em Westeros; um bom complemento para conhecer melhor alguns personagens.
Quanto a esse aspecto, o elenco faz um bom trabalho, todos muito convincentes em seus papéis. Talvez falte algum tempo para que alguns deles demonstrem aquele carisma avassalador que, por exemplo, alguns dos protagonistas de Vikings tiveram, mas as bases são sólidas e será uma questão de tempo até que consigam. A priori, quem parece estar no caminho certo para isso é Sam Corlett como Leif Eriksson, um personagem marcado até agora pela coragem, mas também pela inteligência.
Arcos promissores, como os de Freydis (Gustavsson) ou do rei Edmund (Louis Davison) são marginalizados, como se a série perdesse o interesse neles. Um aspecto negativo, que dá à série um receio em aprofundar seus temas de poder, traição, religião e até dinâmica de gênero.
Dito isso, Vikings: Valhalla é consistente em se apresentar e, lidando brilhantemente com o fardo de ser um spin-off de uma série tão famosa, conquista seu lugar. Apresenta um novo conjunto de personagens cativantes e com ótimas cenas de ação.
É um grande e sujo golpe de machado de uma série que agradará a muitos, mas adiará para aqueles que desejam mais minúcias em seus personagens e tramas em sua história.
Em última análise, brilha e pisca no final da primeira temporada; mas não sem antes entregar uma série histórica vigorosa que aspira a um dia ser um épico. Com um pouco mais de ajuste, poderá se juntar ao panteão de grandes séries da Netflix nos próximos anos.
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