Além de Botero e Garcia Marquez

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Colômbia é um nome normalmente associado a guerrilha, violência, narcotráfico e, na “melhor” das hipóteses, Shakira. Um artista talvez o ligue, além dos substantivos anteriores, a Botero e Gabriel Garcia Marquez. Mas basta uma rápida visita para que se conclua que por trás do sanguinolento noticiário se desenvolve uma fervilhante vida artística.

Bogotá não é apenas a capital federal, mas também cultural. In Vitro é o lugar criado pelos cineastas locais para exibição de curtas metragens, e que acabou virando um point de rumba (rumba = noitada). Em plena terça-feira este colunista teve a possibilidade de assistir a um festival de curtas metragens de um minuto seguido por música e diversão, num ambiente tomado por cineastas e estudantes de cinema. Logo fui presenteado com um CD de um curta metragem feito por um jovem cineasta bogotano, quando ele estudava em São Paulo.

Mudando de ambiente e indo a uma outra boate, esta não tendo como mote uma arte específica, foi possível conhecer atores, roteiristas, titereiros… E até numa trilha deparei-me com um músico e pintor.

A arte na Colômbia é muito mais antiga do que o narcotráfico. Ao contrário do que se passa nas terras tupiniquins, não há local turístico naquele país em que não se entre em contato com as produções dos povos pré-colombianos. Esta arte é muito anterior à nação que se encontra sobre aquele território, mas a sua valorização é atual. Destaque ao Museu do Ouro, em Bogotá, repleto de obras das antigas civilizações.

E não se pense que os colombianos são bairristas. Pouco antes de minha chegada houve um festival de cinema brasileiro. Encontra-se bandas de samba, música africana, tango, jazz e quaisquer ritmos por lá. A alegria transpassa aquele povo e a arte vem como uma forma de expressá-la, não à toa, no referido festival de curtas de um minuto, o humor era o tema predominante.

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Fernando Botero - Muerte de Pablo Escobar

Contudo, apesar da felicidade que em geral toma o colombiano, sua realidade não é esquecida na produção artística. Mesmo indo além, não podemos deixar de citar Botero, com diversos quadros registrando momentos marcantes da história do país, como a impressionante tela “A Morte de Pablo Escobar”, exposta no Museu de Antioquia, em Medellín. Aliás, nesta mesma cidade, pode-se ver uma exposição permanente e em praça pública de esculturas do consagrado artista. Mas Medellín não se satisfaz com a valorização dos gênios reconhecidos. Na década de oitenta foi aprovada uma lei que obriga que qualquer grande edifício construído na cidade incorpore uma obra de arte que fique visível aos transeuntes. E não apenas nos grandes centros, mas até em cidades do interior, como Manizales, com cerca de trezentos mil habitantes, há esculturas espalhadas pelas vias.

Também não podemos esquecer os dançarinos amadores que ocupam as discotecas locais e que desenvolvem passos de salsa que não deixam dúvida de que são obras de arte.

A arte também está na arquitetura das belíssimas cidades históricas. Villa de Leyva, por exemplo, a quatro horas de Bogotá, além de um bonito clássico barroco representante da pujança do império espanhol, tem a impressionante maior praça da América do Sul.

Foquei-me na arte por ser o tema deste portal, mas além dela, o país vizinho é capaz de oferecer maravilhas, como uma natureza exuberante, que vai de desertos a picos nevados, passando por paradisíacas praias caribenhas. Ao menos em um ponto todos que vivem ou passam por lá concordam com Uribe: “Colombia, el riesgo es que te quieras quedar”.

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Comentários 6
  1. Que supimpa isso, vou começar a considerar ir para a Colombia na próxima viagem… você não teria algumas fotos dos locais citados no seu artigo para vermos como é?

  2. Bom texto,bastante conciso.
    Revela uma Colombia bastante diferente da visão estereotipada que temos do país.
    Me deu vontade de ir lá conferir.
    Bjs

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