A biografia do excêntrico jornalista e magnata Assis Chateaubriand já é por demais impressionante quando analisada academicamente (como feito por esse que vos escreve), portanto, não poderia ter sido diferente que sua feitura cinematográfica tenha sido tão conturbada.
Não vale a pena se alongar muito a cerca do imbróglio da qual o diretor Guilherme Fontes se meteu para sua realização, cuja filmagens começaram há cerca de vinte anos. Mas não dá para não ficar surpreso que depois tanta confusão para ser lançado, Chatô – O Rei do Brasil seja bom.
A trajetória de ascensão e queda de Chatô (Marco Ricca) é personificada de maneira alegórica pela direção de Fontes, que procura nos tornar plateia de sua saga tropicalista debochada deixando sempre a dúvida se a personalidade do biografado é tão absurda ou Brasil que o ambientava estimulava seres assim. Chatô é a estrela principal de um programa de TV chamado “O Julgamento do Século”, realizado bem no dia de sua morte. É nele que Chatô relembra fatos marcantes de sua vida, como manipulava as notícias nos veículos de comunicação que comandava e a estreita e conturbada ligação com Getúlio Vargas (Paulo Betti), que teve início ainda antes dele se tornar presidente.
O roteiro dosa bem essa pretensão com suas passagens pessoais (destaque para Andrea Beltrão que personifica um hibrido de mulheres que se envolveram com o magnata, e até Leandra Leal, ainda adolescente), o que não se pode dizer – de uma forma bem geral – do afã de Guilherme em contar essa história. Seu filme esbarra no épico, mas é pitoresco. Dentro desse paradigma, há um excesso de paixão nessa realização que o deixa um tantinho excessivo. No mais, é um legítimo “filme de Chatô”: polêmico, ambicioso e amoral (nesse caso, na ficção e fora dela).
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