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Crítica: Bryan Singer, "X-Men" e a sina de seus sobreviventes

Bryan Singer é um mutante. Ele não se apropriou e estabeleceu uma identidade para a franquia X-Men (e, por tabela, por todo um gênero redescoberto após os anos 2000) impunemente. Bryan Singer, definitivamente é um mutante. Até sua vida pessoal, recheada de retóricas, aponta para essa realidade “mutante”: humanidade para além de linha tênue que existe entre o bem e o mal. Seu primeiro grande trabalho – ou o que o catapultou para o estrelado Hollywoodiano – Os Suspeitos (1995), já apontava para sua sina obscura pela perspectiva dos ordinários em suas contradições. X-Men, como um todo, fala de um microcosmo de ordinários. Daí seu deleite como realizados parece absoluto para entendermos o porquê de sua volta ao universo depois de ter dirigido os dois primeiros e melhores filmes dos mutantes.
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido é um filmaço. A trama discorre e converge dois tempos: 1973 e 2023, e assim amplia a dimensão antagônica entre humanos e mutantes para questões políticas, que até levantam uma reflexão sobre a problematização de minorias (sócio-políticas, sexuais, sociais e afins) nos dias de hoje.

X-Men-Days-of-Future-Past-Movie-Poster-Mystique-and-Wolverine

Entretanto, sobre todas as coisas, o que faz da franquia ser o universo mais bem acabado do universo Hq é justamente a riqueza de seus personagens. Seja pelas camadas contidas na rudeza de Wolverine de Hugh Jackman (que ainda não ganhou um filme próprio decente!), pela perturbação contida na vilania da Mística (Jennifer Lawrence, sensacional), seja pela desmitificação do conflito entre Xavier e Magneto (ontem e hoje), e até pela sobriedade de Tempestade (Halle Berry, desperdiçada).
Em determinado momento do filme, Wolverine diz para Magneto que todos eles são, acima de tudo, sobreviventes. Singer (e a ótima parceria com o roteirista Simon Kinberg, baseado em uma história clássica de Chris Claremont) alegoriza seu discurso com um trama intrincada, mas competentemente bem amarrada, e resulta mesmo num tratado sobre seres em luta (pessoal) pela sobrevivência. A contradição é que a sobrevivência aqui é bem mais ampla e ambígua. São sobreviventes do mundo que os cerca e dos conflitos que os definem. Bryan Singer é um mutante. E seu novo X-Men é mais uma prova irrefutável de seu poder.

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