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Crítica: "Sétimo" acerta na atmosfera exigida pelo suspense

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Já virou motivo de piada: se é um filme argentino, tem que ter Ricardo Darín como protagonista. O chiste até procede, pois já é difícil mensurar o número de películas do país Hermano que traz o ator encabeçando o elenco. Agora chega aos cinemas brasileiros mais um título que leva seu nome estampado nos créditos: “Sétimo” (Septimo, Espanha/Argentina, 2014) que mostra Darín no papel de Sebastian, um advogado que tem seus filhos desaparecidos após correrem as escadas do sétimo andar até o térreo do prédio na Grande Buenos Aires onde moram. Resta a ele embarcar em uma desesperada busca pela solução do mistério.
Além das anedotas acerca de Darín, também se diz que na Argentina toda família tem um padre e um cineasta. Isso em alusão à quantidade de católicos e cursos de cinema existentes no país vizinho. O cinema argentino vem se destacando por sua qualidade técnica, muito impulsionada pelo fato de o idioma oferecer conexão com produtoras espanholas e até mesmo norte americanas. Isso abre espaço para que se deem ao luxo de produzirem inclusive o chamado filme de gênero, no caso aqui o suspense. Mas há de se destacar também pelo bom desempenho dos atores de uma maneira geral, confirmando a Argentina como um celeiro de talentos das artes dramáticas.
Sob a batuta do diretor espanhol Patxi Amezcua, somos envolvidos em um nauseabundo clima de tensão ininterrupto, proporcionado por enquadramentos e movimentos de câmera muito ajudados pela atuação de Darín. A arquitetura antiga do prédio, e seus apartamentos que podem remeter ao tenebroso Dakota também ajudam a compor o clima. É pelos corredores do prédio que acompanhamos o drama de Sebastian, e a lista de suspeitos de um suposto seqüestro que vai se desenrolando de forma intrigante desencadeada por seu desespero.
A construção dessa atmosfera é sem dúvida o grande trunfo da película, não deixando brecha para clichês e situações previsíveis, coisa rara em um oceano de filmes que parecem ter receio de desafiar o espectador. Para o público argentino, um motivo para seguir orgulhoso de seu cinema de técnica impecável, e que não se prende apenas à comédia de situações e ao drama, mas se aventura por outros gêneros. Para os fãs de suspense em geral um belo regalo de 88 minutos, que, se não revoluciona o gênero (longe disso), ao menos é capaz de prender e proporcionar a tensão imprescindível a essa categoria.

 

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