"Desejo de Matar" não tem o mesmo impacto do original, mas consegue entreter – Ambrosia

"Desejo de Matar" não tem o mesmo impacto do original, mas consegue entreter

"Desejo de Matar" não tem o mesmo impacto do original, mas consegue entreter – Ambrosia
"Desejo de Matar" não tem o mesmo impacto do original, mas consegue entreter – Ambrosia
"Desejo de Matar" não tem o mesmo impacto do original, mas consegue entreter – Ambrosia
"Desejo de Matar" não tem o mesmo impacto do original, mas consegue entreter – Ambrosia
"Desejo de Matar" não tem o mesmo impacto do original, mas consegue entreter – Ambrosia

Clássico B dos anos 1970, o primeiro “Desejo de Matar” partia de uma premissa bem simples, mas que conquistou diversos fãs por levantar a questão sobre a vontade de um homem comum se levantar contra a criminalidade e pelas cenas de execução orquestradas pelo seu protagonista, muito bem defendido por Charles Bronson, que teve sua carreira marcada por esse filme. Tanto que voltou a interpretar o personagem em mais quatro sequências, uma pior do que a outra, mas que ajudaram a consagrá-lo como herói de filmes de ação.
Mesmo com a idade avançada em relação a seus “colegas de trabalho” Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger, o ator continuou protagonizando diversas produções (a maioria da famigerada Cannon Group, que teve o seu auge na década de 1980) que, na verdade, eram variações do mesmo tema mostrado no filme original. Mas o público parecia não se importar com isso e Bronson conquistou uma verdadeira legião de fãs (inclusive do Brasil), que permanece fiel a ele, mesmo após a sua morte em 2003.
O curioso é notar que, mais de três décadas após seu lançamento, o principal tema continua a ser bastante atual, ainda mais nos Estados Unidos da era Donald Trump, notório defensor do uso de armas de fogo pelos cidadãos comuns para fazer justiça com as próprias mãos. Portanto, nada mais natural que, tanto tempo depois, surja uma nova versão, cujos direitos são da MGM, que tem se especializado em remakes de seus grandes sucessos do passado, como “Sete Homens e um Destino” ou mesmo o “RoboCop” dirigido pelo brasileiro José Padilha. Assim, o novo “Desejo de Matar” (“Death Wish”, 2018) surge como um típico produto de sua época. É dinâmico, barulhento e até chega a divertir em alguns momentos. Mas não procura se aprofundar nos questionamentos que ele mesmo levanta, em prol do entretenimento básico para as massas.
No lugar de Bronson, Bruce Willis assume a persona de Paul Kersey, um cirurgião que trabalha em Chicago e tem uma vida simples e feliz, ao lado da esposa Lucy (Elisabeth Shue) e a filha adolescente, Jordan (Camila Morrone). Praticamente, tirando algumas questões envolvendo o irmão, Frank (Vincent D’Onofrio), não havia maiores preocupações no seu dia a dia. Mas tudo muda quando, numa noite, um grupo de criminosos invade a sua casa enquanto ele está fora de plantão.
Durante o assalto, os bandidos acabam assassinando Lucy e ferindo Jordan gravemente. Indignado com a morte da esposa e, percebendo que a polícia está lenta demais para resolver o crime, Paul começa a se especializar em armas de fogo assistindo vídeos pela internet e passa a agir pelas ruas da cidade fazendo justiça pelas próprias mãos, enquanto procura pistas sobre a identidade dos responsáveis por sua tragédia pessoal.
O mais curioso em relação a este novo “Desejo de Matar” está no nome de Eli Roth no comando deste remake. Conhecido por seus filmes de torture porn “O Albergue”, “Cabana do Terror” e “Canibais” (além de sua participação como ator no cultuado “Bastardos Inglórios”, do parceiro Quentin Tarantino), Roth vinha do fraco trabalho apresentado em “Bata Antes de Entrar” e não parecia ser o diretor ideal para conduzir essa nova versão.
Embora não realize uma direção marcante, pelo menos o cineasta entrega boas cenas de ação e consegue dar o impacto necessário a algumas cenas (inclusive não poupando o espectador de testemunhar momentos bem fortes com detalhes), em especial uma envolvendo o protagonista e um traficante de drogas. Faltou, no entanto, um pulso mais firme para que os atores fossem além do piloto automático nas sequências dramáticas, uma vez que eles já apresentaram performances mais convincentes. Se isso fosse feito, ficaria mais crível para o público que o personagem de Willis está perdendo a lucidez à medida em que se aprofunda cada vez mais em sua vingança – algo que funcionou tão bem com Bronson no filme original.
Outro problema está no roteiro, assinado por Joe Carnahan (de “Esquadrão Classe A”), Brian Garfield e Wendell Mayes, que abusa das conveniências para fazer a história andar. A coisa chega a um nível que deixa a coisa artificial demais, o que acaba causando um distanciamento do público. Pelo menos, os roteiristas tiveram o mérito de atualizar a polêmica de fazer justiça com as próprias mãos usando debates realizados por radialistas contra e a favor das ações do vigilante. Além disso, o texto brinca com o fato de ser fácil comprar armas nos Estados Unidos e que há um grande mercado naquele país, chegando a ter comerciais dos produtos estrelados por mulheres bonitas e sensuais (algo que Tarantino também mencionou em “Jackie Brown”). Mas ainda assim, os autores poderiam aprofundar mais essas questões. Do jeito que ficou, não há força suficiente para causar uma maior reflexão.
“Herdeiro” do legado de Bronson, Bruce Willis (que ganhou o papel que seria de Liam Neeson) se mostra eficaz como sempre quando tem que realizar cenas de confronto e tiroteios, algo provado desde que foi revelado no primeiro “Duro de Matar”. Ele poderia, no entanto, se esforçar mais para convencer como médico pai de família (lembrando que no filme original, o personagem era um arquiteto) e causar comoção nos momentos em que seu personagem “perde o chão” quando a tragédia se abate sobre sua família.
Mas os fãs do ator vão gostar bastante de vê-lo na ativa, especialmente na parte final. O ótimo Vincent D’Onofrio (de “Nascido Para Matar” e “MIB – Homens de Preto”) consegue tornar o irmão problemático de Paul bastante simpático, mas é pouco aproveitado, assim como Elisabeth Shue e Dean Norris, famoso por sua participação na série “Breaking Bad”, que mais uma vez foi escalado para fazer um policial. Já a novata Camila Morrone ainda precisa de mais experiência para ter mais peso dramático em sua atuação.
Por fim, o novo “Desejo de Matar” serve como uma boa diversão de fim de semana, sem nenhum compromisso além de distrair o cérebro por pouco menos de duas horas e causar algumas emoções baratas. Mas, pelo menos, não chega a irritar aos admiradores do filme original e não deve incomodar os que nunca viram Bronson em ação. Porém é inegável que tinha potencial para muito mais.
Filme: Desejo de Matar (Death Wish)
Direção: Eli Roth
Elenco: Bruce Willis, Vincent D’Onofrio, Elisabeth Shue
Gênero: Ação
País: EUA
Ano de produção: 2018
Distribuidora: Imagem Filmes
Duração: 1h 47 min
Classificação: 18 anos

Total
0
Links
Comentários 1
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ant
"Jurassic World: Reino Ameaçado" ameaçado ganha novo vídeo de bastidores

"Jurassic World: Reino Ameaçado" ameaçado ganha novo vídeo de bastidores

A Universal Pictures divulgou um featurette de “Jurassic World: Reino

Prox
Vai ao show do Ozzy Osbourne? Saiba todas as informações necessárias
Vai ao show do Ozzy Osbourne? Saiba todas as informações necessárias – Ambrosia

Vai ao show do Ozzy Osbourne? Saiba todas as informações necessárias

Nesse domingo (13/05) começa, em São Paulo, a etapa brasileira da turnê de Ozzy

Sugestões para você: