Dentre as milhões de cidades costeiras que sobrevivem do mercado marinho pelo mundo, Taiji, pequeno município de Wakayama,no Japão, ganhou notoriedade mundial por abrigar uma sinistra caça que extermina mais de 20 mil golfinhos anualmente.
Belamente construído como um thriller pelo diretor Louie Psihoyos, The Cove apresenta a história do ativista Ric O’Barry, o primeiro treinador de golfinhos do mundo, que após popularizar o animal com a série Flippper – que inclusive era filmada na casa de O’Barry -, teve seus conceitos modificados após a principal estrela do filme cometer suicídio em seus braços por ser mantido em cativeiro após o final do programa de televisão. Na visão apresentada em The Cove, devemos diferenciar os golfinhos de outros animais marinhos por possuírem grande inteligência – ainda não dimensionada – e autoconsciência. O filme também busca enfatizar que a luta pelos golfinhos em Taiji não é travada apenas pelo caráter filosófico, mas devido a carne do animal possuir níveis altíssimos de mercúrio, podendo assim causar certos males e até envenenamento para os consumidores, principalmente os japoneses, que acreditam estarem comprando carne de baleia.
Realmente, golfinhos são bonitinhos, inteligentes e é preciso tomar cuidado com a qualidade dos alimentos hoje em dia, mas é para tanto? Bilhões de seres humanos vivem em condições precárias e o planeta caminha para um desastre de nível bíblico, deixando a fria impressão que The Cove não passa de mais um documentário bem intencionado, mas pouco prático para uma resolução dos reais problemas que devemos enfrentar. Sem dúvidas, sou contra a pesca indiscriminada – assim como você deveria ser – mas é preciso ignorar o peso emocional ao abraçar tais questões. Teria The Cove o mesmo efeito se falasse da matança de 20 mil toneladas de carangueijos no Mar de Beiring neste último ano? Ou então da quase-extinção da flora costeira do Brasil ao longo da indústrialização do páis? Infelizmente não há dados conclusivos sobre o impacto da caça de golfinhos no mundo e a fauna marinha, assim o principal alerta do filme acaba sendo o iminente desastre da biodiversidade do mar ocasionado pela indústria pesqueira em todo mundo.
Hoje, segundo pesquisas replicadas em todo mundo, 33% da vida marinha já foi extinta pelo homem, e até 2050 não haverá mais peixes e outros animais nos oceanos, uma crise maior do que qualquer questão energética. A vida marinha não somente constitui a principal base alimentar do homem, mas é fauna e flora aquática que sustentam o equilíbrio no planeta e, consequentemente, a vida terrestre.
Mesmo com tais considerações, The Cove é ainda um grande filme e merece ser visto. O documentário foi financiado pelo bilionário James H. Clark, fundador do Netscape, o que permitiu a Louie Psihoyos montar uma equipe de primeiro nível para registrar a impressionantes cenas da matança em Taiji. É preciso mudança, e se isso começar com a caça aos golfinhos já é um grande passo, mas considerem não procriar neste momento. A vida na Terra não anda muito em alta.
[xrr rating=3/5]
No Festival do Rio 2010: Meio Ambiente – (LEP) – 14 anos
- TER (28/9) 15:20 Est Vivo Gávea 5 [GV522]
- TER (28/9) 21:50 Est Vivo Gávea 5 [GV525]
- QUA (29/9) 13:00 Est Barra Point 1 [BP126]
- QUI (30/9) 12:00 Estação Botafogo 1 [EB141]
- QUI (30/9) 18:00 Estação Botafogo 1 [EB144]
Confira abaixo algumas imagens selecionadas de The Cove.
Você levanta alguns pontos interessantes, mas não sei se ficar comparando o problema desses golfinhos a outros tantos milhões de problemas da humanidade que mereciam filmes/soluções é justo. Considero-o um ótimo filme sobre um tema interessante. Como documentário, é riquíssimo e faz pensar. Tenho certeza que ninguém sai da sessão só pensando nos golfinhos, todo mundo sai com a consciência de que o buraco é muito mais embaixo.
Eu não superestimo mais o ser humano :p
E o segundo anjo tocou a trombeta; e foi lançada no mar uma coisa como um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar. Apocalipse 8:8.
Jesus está voltando.