Lançado em 2012, “Hotel Transilvânia” conseguiu um bom sucesso de bilheteria mundialmente, ao contar a interessante premissa de que Drácula, o Príncipe das Trevas, resolveu construir um hotel para que todos os monstros clássicos pudessem ter um recanto para descansar, longe do principal perigo para ele e seus amigos: os humanos. Mas tudo muda com a chegada de um jovem chamado Johnny, que não só se sente à vontade entre essas criaturas, como também acaba se envolvendo com Mavis, a filha super protegida do vampiro, que deseja conhecer o mundo.
Com um formato fofinho, para agradar as crianças e também seus pais, o filme conseguiu cair nas graças de todos. Logo, não demorou para que a Sony Pictures quisesse realizar uma continuação e, três anos depois, chega aos cinemas “Hotel Transilvânia 2” (“Hotel Transylvania 2”). A sequência, embora seja um pouco mais do mesmo, gera boas risadas e serve como um mero passatempo.
Depois dos acontecimentos do primeiro filme, Drácula decidiu abrir o hotel não só para monstros, mas também para humanos. Mas o que mais toma a atenção do vampiro é o casamento de Mavis com Johnny e seus preparativos. Algum tempo depois, nasce o primeiro filho do casal, Dennis, que logo se torna o xodó do vovô Drac. O problema é que, como o menino é meio humano e meio vampiro, não demonstra sinais de que puxaria mais para o lado de sua família e, se os dentes caninos dele não se transformarem em presas até os 5 anos de idade, ele se torna uma criança comum.
Preocupado, Drácula aproveita que a filha vai viajar com o marido para conviver melhor com os seus sogros e resolve chamar os amigos Frankenstein, o lobisomem Wayne, a múmia Murray e o homem invisível Griffin para viajar com ele e Dennis para conhecer lugares aterrorizantes por onde passou quando era jovem, culminando num acampamento de treinamento para monstros. Só que as coisas mudaram bastante e, para piorar, surge no hotel Vlad, o avô paterno de Dennis, que não se dá muito bem com Drácula e não sabe das últimas novidades em relação à sua família, o que pode complicar as coisas ainda mais.
Assim como no primeiro filme, um dos pontos fortes de “Hotel Transilvânia 2” está no bom argumento escrito por Adam Sandler e Robert Smiegel, que brinca com os clichês dos personagens clássicos do terror, como os choques culturais entre as criaturas e os humanos, além de ser bastante feliz na inserção de piadas relacionadas a aparelhos eletrônicos, como smartphones e notebooks (todos da marca Sony, claro, já que o filme da Sony Pictures), assim como as que brincam com redes sociais, mashups e vídeos publicados no You Tube que se tornam verdadeiros virais. O roteiro só peca em não desenvolver muito bem o choque cultural que Mavis acaba tendo quando viaja com Johnny e tem contato com as novidades que os humanos oferecem, como batatas chips e raspadinhas. Tudo é resolvido muito rapidamente e de forma superficial e poderia ser um pouco mais aprofundado e talvez rendesse cenas mais divertidas.
O diretor Genndy Tartakovsky, mais conhecido por seu trabalho na televisão por “O Laboratório de Dexter”, “Samurai Jack” e “Star Wars: Guerras Clônicas” e que estreou no cinema comandando a primeira parte, mostra que ainda realiza um bom trabalho nesta continuação, criando várias gags visuais bem interessantes e divertidas, que certamente vai render boas gargalhadas, especialmente entre as crianças. A computação gráfica é bem feita, mas não inovadora, e funciona a contento. Já o 3D é desnecessário, sendo percebido em alguns (poucos) momentos, especialmente quando há cenas com maior profundidade, como quando Drácula tem que resgatar Dennis (cuja figura conquista principalmente as espectadoras por sua fofura) durante uma tentativa de voar após saltar de uma plataforma. O filme também é mais iluminado do que a parte 1, o que tira de vez a ambientação soturna e deixando-o mais infantil. O que não é, exatamente, um demérito aqui. Afinal, esta é uma produção voltada para família mesmo.
Uma coisa a lamentar em “Hotel Transilvânia 2”, e na maioria das animações atualmente, é a falta de um número maior de cópias com a dublagem original. Infelizmente, a grande maioria do público não poderá ver o trabalho de atores como Adam Sandler (Drácula), Selena Gomez (Mavis), Andy Samberg (Johnny), Kevin James (Frankenstein), Keegan Michael-Key (Murray), Steve Buscemi (Wayne) e o grande nome da comédia americana Mel Brooks como Vlad. Talvez, para alguns, o filme poderia até ficar mais divertido. Uma outra questão é que a duração dele é bem curta (apenas 89 minutos) e termina de forma meio repentina. Mas mesmo assim, o resultado é até positivo.
“Hotel Transilvânia 2” pode não ser tão marcante quanto “Divertida Mente” ou “O Pequeno Príncipe”, duas das melhores animações deste ano. Mas pelo menos serve como um filme bastante divertido, como foi a primeira parte, com sua visão dos monstros clássicos de filmes de terror que não assusta ninguém. Além disso, a produção serve para limpar um pouco a barra de Adam Sandler, depois do fraco “Pixels”. Portanto, divirta-se e “Bleh, Bleh, Bleh, Bleh”!
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