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Magic Mike XXL – Faltou magia na nova empreitada

O striptease masculino, que foi febre no Brasil no início dos anos 90 com o “clube das mulheres”, mas depois perdeu muito da força, ainda possui bastante ibope nos EUA, onde a coisa se tornou comum bem antes daqui, ali pelo final dos anos 70.Prova disso é o sucesso de “Magic Mike”.

A picardia pilotada pelo diretor Steven Soderberg, obteve um êxito de bilheteria bem acima do esperado à época de seu lançamento, em 2012. O filme, que narrava as desventuras do stripper vivido por Channing Tatum e seu discípulo, custou módicos 7 milhões de dólares e obteve arrecadação de 113,709,992 milhões nas bilheterias norte americanas, com uma estreia de 39 milhões. Com essa bela carreira, era inevitável que o filme ganhasse uma continuação, e o sinal verde foi logo dado pela Warner Bros.

“Magic Mike XXL” (Idem, EUA/2015) se situa cronologicamente nos mesmo três anos entre as duas produções. Mike (Tatum) seguiu a inclinaçãode abandonar a vida de stripper no auge da carreira, mas decide se reunir com os remanescentes dos reis de Tampa e embarcam em uma viagem a Myrtle Beach para executarem uma grande performance em uma conveção de striptease masculino, e encerrarem a carreira em grande estilo.

Este segundo filme apresenta o mesmo problema da maioria das sequências de filmes em que o arco dramático se exaure no primeiro exemplar: um fraco argumento. Basta lembrarmos de “Os Embalos de Sábado Continuam” e “Mudança de Hábito 2”.

Para viabilizar a nova trama, o personagem principal precisa se contradizer, e a motivação para a mudança de ideia é fraca e ilustrada de forma nem um pouco convincente. No filme anterior seu objetivo era, mesmo de forma atabalhoada, construir um sucessor à altura, pois, em seu íntimo, Mike sabia que aquela vida de stripper não duraria para sempre. Agora, o desiderato parece ser mostar que é bom, vencedor e pronto. Porém, ainda que de forma superficial, a solidão paradoxal da rotina de festas e assédio feminino é abordada, com o agravante do passar do tempo, mostrando que nem tudo é perfeito na vida que muitos homens creem ser ideal. Em dado momento Richie se recente por ter 35 anos e não ter encontrado a pessoa certa. “Se não aconteceu até agora, não rolará.”

O roteirista Reid Carolin, que também assinou o script do primeiro filme, optou pela estrutura de road movie para dar frescor e ar de novidade à trama, para manter o espectador interessado no rumo dos dançarinos, mas o que fica mesmo é o incômodo sabor de café requentado. O elemento do humor está presente, mas sem a acidez que era entregue pelo personagem Dallas, vivido brilhantemente por Matthew McConaughey. Sem ele sobrou para Tatum carregar todo o peso de protagonismo, sem um coadjuvante forte para dar tons mais vívidos a seus momentos em cena.

As novas caras como Donald Glover (série de TV “Community”), Stephen ‘tWitch’ Boss (“Ela Dança, Eu Danço 4”), Michael Strahan (programa de TV “Live with Kelly and Michael”), Jada Pinkett Smith e Andie MacDowell não contribuem muito para adicionar elemento novo significante à saga dos bonitões. Mesmo os números de dança, o cerne da produção, ganham menos destaque, além de apresentar menos ousadia do que os vistos no filme anterior. As acrobacias estão ali, mas o apelo erótico foi bastante reduzido.

Além da ausência de McConaughey no elenco, a de Soderberg na direção é bastante sentida. Em seu lugar, assumiu a cadeira de diretor Gregory Jacobs, que fora assistente de direção de Soderberg em “Che”, “Erin Brockovich”, na cinessérie “Onze Homens”, na produção da HBO “Behind the Candelabria” e no primeiro Magic Mike. Aqui ele comanda o show sem muita personalidade. Soderberg volta a assumir a direção de fotografia também usando o pseudônimo Peter Andrews, mas troca o estilo do último filme, que remetia à fotografia de produções dos anos 70, por algo mais convencional, dando, em alguns momentos, um aspecto de videoclipe. Há que se lembrar que o orçamento dobrou e o desiderato é ampliar a audiência, com isso, ousadias artísticas e narrativas não são bem vindas, essa é uma regra geral das continuações.

Sem um fio condutor forte o bastante para dar sentido à sequência, “Magic Mike XXL” acaba por ter como principal chamariz os corpos apolíneos dos rapazes e suas coreografias para atrair as plateias femininas. Os estúdios precisam aprender que antes de executarem uma continuação, qualquer que seja, deve-se avaliar se o propósito vai além das possibilidades de lucro. Caso isso não se suceda, é mais válido abrir mão. A mágica nitidamente se enfraqueceu nesta nova empreitada.

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