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“Missão:Impossível – Nação Secreta” mostra que a franquia ainda tem energia para queimar

Quando foi anunciado que estava em produção um quinto capítulo da série “Missão: Impossível”, muita gente deve ter feito perguntas como: “De novo?”, “Para que?”, “Já não deu tudo o que tinha que dar?”, entre outras. Afinal, a adaptação do seriado de TV criado por Bruce Geller em 1966 para o cinema parecia ter deixado seus dias de glória e relevância há algum tempo, mesmo que a quarta parte (“Missão: Impossível – Protocolo Fantasma”) tenha sido bem recebida pelo público em 2011, ainda mais que Jason Bourne e um reinventado James Bond protagonizaram ótimos filmes de ação e espionagem nos últimos anos. Mas, surpreendentemente, “Missão: Imposível – Nação Secreta” (“Mission: Impossible – Rogue Nation”), consegue algo inesperado e mostra que, sim, ainda é possível se empolgar com o agente Ethan Hunt (Tom Cruise) e seus amigos, graças a uma trama caprichada e personagens novos (e antigos) muito bem elaborados, assim como as ótimas cenas de ação.

Assim como no primeiro filme da série (dirigida por Brian De Palma), a trama começa com a conclusão de uma missão complicada na Malásia, onde Hunt, auxiliado por Benji (Simon Pegg), Brandt (Jeremy Renner) e Luther (Ving Rhames) precisa apreender uma perigosa carga que está dentro de um avião e que termina de forma sensacional. Algum tempo depois, Hunt procura pistas sobre uma organização criminosa chamada Sindicato, que seria uma espécie de anti-Força Missão: Impossível, que é considerada por muitos um mito. Mas Ethan acaba sendo capturado pelo grupo e é salvo pela misteriosa agente Ilsa Faust (Rebecca Ferguson), que parece saber um pouco mais sobre o Sindicato e seu perigoso líder, Solomon Kane (Sean Harris). Assim, Hunt consegue a ajuda de Benji, Luther e Brandt para tentar impedir os planos do vilão, ao mesmo tempo em que precisa escapar da perseguição imposta por Alan Hunley (Alec Baldwin), diretor da CIA que desaprova os métodos dos espiões da IMF e quer capturá-lo.

O que chama a atenção em “Missão: Impossível – Nação Secreta” é o equilíbrio de ação e tensão encontrado pelo diretor Christopher McQuarrie, que já tinha trabalhado anteriormente com Cruise em outros projetos como “Jack Reacher: O Último Tiro”, “No Limite do Amanhã” ou “Operação Valquíria”, sendo esses dois últimos apenas como roteirista. Ganhador do Oscar de Melhor Roteiro em 1995 por “Os Suspeitos”, McQuarrie está melhorando cada vez mais como cineasta e, aqui, realiza seu melhor trabalho, sabendo conduzir muito bem a trama cheia de reviravoltas interessantes (que ele também escreveu, a partir de um argumento seu e de Drew Pearce) e construindo eletrizantes cenas, como a que abre o filme, a que Ethan precisa realizar uma operação arriscada debaixo de uma usina de energia no Marrocos e uma perseguição envolvendo carros e motos em ruas estreitas e numa rodovia.

Além disso, ele se mostra um bom diretor de atores, fazendo com que o elenco consiga interpretações que contribuem para o bom resultado final. Além disso, vale destacar a boa trilha sonora de Joel Kraemer, que aproveita bem a famosa música tema criada por Lalo Schfrin para o seriado de TV e cria diversas variações que vão surgindo durante o filme, além de trechos da ópera Turandot, de Puccini, que embalam uma cena importante em Viena e revelam as características de alguns dos personagens da trama. Os efeitos especiais e de maquiagem estão muito bem realizados e não soam falsos, nem são usados com exagero, o que poderia prejudicar os objetivos da direção.

No elenco, Tom Cruise mostra que sabe, como poucos, usar seu carisma para convencer como Ethan Hunt, mesmo nos momentos que poderiam parecer ridículos com outro ator. Outro ponto interessante é que, dessa vez, mesmo realizando cenas realmente perigosas sem dublê e mostrando que está em ótima forma física nas sequências de luta, Cruise também convence nos momentos em que se encontra mais vulnerável, como se sentisse o peso da idade. Jeremy Renner também se mostra eficiente e desenvolve uma boa parceria com Ving Rhames, com quem divide algumas boas sequências. Simon Pegg está cada vez mais confortável como Benji e, aqui, tem a chance de ser um pouco mais do que o gênio da informática da equipe, ao contrário dos filmes anteriores, e não faz feio. Já o vilão interpretado por Sean Harris é intimidador, como pede o roteiro. Mas a voz fraca que ele desenvolve o deixa pouco impressionante, ao contrário de, por exemplo, o falecido Phillip Seymour Hoffman em “Missão: Impossível III”. Alec Baldwin tem pouco tempo de cena e faz o habitual como o desconfiado diretor da CIA, que também tem ares de antagonista.

Mas o verdadeiro destaque do elenco é mesmo a bela sueca Rebecca Ferguson. Vista recentemente em “Hércules”, a atriz se revela uma grata surpresa ao dar ambiguidade a sua Isla Faust, não deixando claras suas intenções nem de que lado realmente está. Com um olhar penetrante e, ao mesmo tempo intrigante, ela seduz tanto Ethan quanto Kane (e, por tabela, o espectador), além de se mostrar extremamente hábil quando precisa lutar, especialmente quando precisa dar uma “chave de pernas”, capaz de deixar Xenia Onatopp (vivida por Famke Janssen em “007 contra GoldenEye”) morrendo de inveja. A personagem acaba se tornando a “mocinha” mais interessante que surgiu na franquia até agora e se aparecer nos próximos filmes que virão, será muito bem vinda.

Com belas locações na Áustria, no Marrocos e em Londres, onde acontece a ótima sequência final, “Missão: Impossível – Nação Secreta” prova que, ao contrário do que seus detratores acreditam, a franquia tem ainda fôlego para durar bastante tempo, assim como seu astro, que adora se arriscar em nome do espetáculo. Basta colocar as próximas aventuras em boas mãos, como as de Christopher McQuarrie, para que Ethan Hunt continue a mostrar que se divertir no cinema não é algo impossível.

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