Resenha: A Caixa

Richard Kelly, diretor do fantástico filme “Donnie Darko” esta se mostrando um bom diretor, só que cria roteiros que tem mania de beber da mesma fonte de seu filme mais famoso sem uma razão aparente. Após seu segundo filme, “Southland Tales – O Fim do Mundo”, que foi um fracasso de público e crítica, o diretor foi contratado para tocar o projeto de “A Caixa”, baseado em um conto de Richard Matheson (autor de “Eu Sou a Lenda”) chamado “Button, Button”, mas acho que a produtora não esperava esse filme.

Resenha: A Caixa – Ambrosia

“Button, Button” já havia sido adaptado em um episódio de “Além da Imaginação” e neste tratava do dilema ético envolvido na história de um casal que recebe uma caixa com um botão nela e que tem as seguintes instruções com ela. A primeira é que, ao apertar o botão eles irão ganhar um milhão de dólares em dinheiro. O segundo é que uma pessoa no mundo irá morrer, alguém que eles nunca viram e eles terão sido os causadores desta morte. Se eles não apertassem o botão, a chance seria dada a outro casal.

Somente este dilema ético já seria o bastante para tocar o filme por uma hora e meia e converter ele em um thriller. Só que Kelly corre para o refúgio que ele acha seguro. Os filmes de mistério de ficção científica. Por mais cult que “Donnie Darko” tenha sido, na verdade o filme usa uma premissa para ingressar no universo da ficção científica. A fórmula é aplicada aqui de novo e talvez este seja o erro de Kelly.

Resenha: A Caixa – Ambrosia

O elenco conta com nomes como Frank Langella, James Marsden e Cameron Diaz, mas ela vocês podem ignorar. Quem interessa neste filme é Frank Langella e seu personagem, Arlington Steward, o homem que oferece o acordo ao casal interpretado por Diaz e Marsden. A interpretação de Langella é uma das coisas que salva o filme do marasmo e esquisitice. O ator encontrou o tom de voz perfeito para aquela pessoa deformada, mas que apenas uma vez no filme todo expressou algum sentimento.

A perfeição dele contrasta com a fraqueza de Diaz que a cada dia que passa mostra que só serve para os papéis em que ela pode deixar de tentar ser a mais bonita do elenco e resolve interpretar e não fingir que é uma atriz. Aqui, ela mal sabe fingir que manca devido a perda de alguns dedos de um dos pés quando criança. Tanto que esse “detalhe” é resolvido no meio do filme para não termos que ver a atriz tentando mancar. Até mesmo em momentos em que ela deveria demonstrar um pouco de emoção, parece que ela ligou o modo de interpretação Nicolas Cage, ou seja, sem expressão nenhuma.

Já Marsden tem grandes momentos no filme, mas as falhas no roteiro fazem com que seus momentos se percam em meio a confusão que o diretor e roteirista fez. E nessa confusão de roteiro é que entra a maior fraqueza do filme. Ele tenta explicar o que é inexplicável e está no ar, como ficou em “Donnie Darko”. Em dado momento parecia que a barragem que segura todos os segredos que o filme estava guardando até aquele momento explode e tudo é jogado na platéia. Narizes que sangram, viagens em cubos de água, teorias da conspiração, uma autoridade superior analisando a humanidade, tudo isso surge em questão de 20 minutos para o fim do filme de uma forma forçada.

Ainda tenho que comentar a fantástica trilha incidental que Win Butler e Regine Chassagne do Arcade Fire fizeram para o filme juntamente de Owen Pallett. Apesar de sua qualidade, parece que ela foi mal utilizada, chegando a surgir em certos pontos do filme sem muita razão e até atrapalhando um pouco a concentração. Ainda assim é um ponto alto e deve ser reconhecida.

Porém, mesmo com os pontos favoráveis e algumas cenas até que digamos, muito boas, o filme acaba por cair em uma trincheira de complicação em que tentar se explicar só piora as coisas. Em dado momento ele me lembrou a sensação que eu fiquei ao assistir “Vanilla Sky”, se o filme tivesse terminado na hora que o personagem de Cruise entra no elevador, sem o excesso de explicações, talvez eu achasse mais dele. Hoje é mais um filme que poderia ter sido mais, da mesma forma é “A Caixa”.

J.R. Dib

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Comentários 5
  1. Nossa! Sinceramente, esperava mais do filme… Ele é confuso e não tem nenhuma ”mensagem final”.
    Sinceramente, ainda estou tentando entender quem eram os empregadores? Deus, aliens…. Aquele moço qe morreu mas depois voltoua vida… Cubas d’agua …. Confusaaaaa

  2. hahaha concordo com a Raphaela, tambem estou commessa duvida quem eram os empregadores? como o filme todo naum para de flar em missao marte acredito que era algum marciano, acho q o diretor quer que a gente tire as proprias conclusoes ou faltou verba pra concluir o filme e ele teve que acabar pela metade hehehe.

  3. DETONARAM DE TODAS AS FORMAS POSSÍVEIS SOUTHLAND TALES, O FILME ANTECESSOR DESTE E DE RICHARD KELLY. EU ASSISTI APENAS UMA VEZ E, APESAR DOS EXCESSOS NO VISUAL COLORIDO E NÚMEROS MUSICAIS, COMPREENDI MUITA COISA DAQUELE FILME E GOSTO MUITO, EM SUMA, SOU DA MINORIA QUE ADORA O FILME. A OBRA-PRIMA AINDA É – DONNIE DARKO – INSUPERÁVEL E MEU FILME PREFERIDO. A CAIXA É SIM O PROJETO MAIS ACESSÍVEL DE RICHARD KELLY, MAS, UMA OU DUAS FALHAS NO ROTEIRO NÃO DESMERECE E NEM DENIGRE O FILME. É PARA SER REVISTO E PENSANDO NOVAMENTE. SE ESTE FILME É PÉSSIMO, O QUE SOBRA PARA – MULHOLLAND DRIVE E INLAND EMPIRE – AMBOS DO DAVID LYNCH. ESTES SIM SÃO LOUCURA EM ESTADO BRUTO.

  4. DETONARAM DE TODAS AS FORMAS POSSÍVEIS SOUTHLAND TALES, O FILME ANTECESSOR DESTE E DE RICHARD KELLY. EU ASSISTI APENAS UMA VEZ E, APESAR DOS EXCESSOS NO VISUAL COLORIDO E NÚMEROS MUSICAIS, COMPREENDI MUITA COISA DAQUELE FILME E GOSTO MUITO, EM SUMA, SOU DA MINORIA QUE ADORA O FILME. A OBRA-PRIMA AINDA É – DONNIE DARKO – INSUPERÁVEL E MEU FILME PREFERIDO. A CAIXA É SIM O PROJETO MAIS ACESSÍVEL DE RICHARD KELLY, MAS, UMA OU DUAS FALHAS NO ROTEIRO NÃO DESMERECE E NEM DENIGRE O FILME. É PARA SER REVISTO E PENSANDO NOVAMENTE. SE ESTE FILME É PÉSSIMO, O QUE SOBRA PARA – MULHOLLAND DRIVE E INLAND EMPIRE – AMBOS DO DAVID LYNCH, EL TOPO E MONTAÑA SAGRADA DE ALEJANDRO JODOROWSKI, SOLARIS DO TARKOWSKI OU O SOBERANO DA BIZARRICE E DO NON-SENSE – POSSESSION DE ANDRZEJ ZULAWSKI – TODOS SÃO LOUCURA EM ESTADO BRUTO (E SÃO MEUS PREFERIDOS)

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