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Salvem o Estação

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Cinéfila e assídua frequentadora dos cinemas do Rio de Janeiro, sofro da preferência por salas de rua. Digo sofrer porque aparentemente meu gosto entra em conflito com as possibilidades atuais dos exibidores.

Não só as escolhas dos filmes a serem exibidos me agradam mais, por serem alternativas às salas multiplex de shoppings que mostram os mesmos filmes de ação, comédia e drama sempre, como me agrada também o ambiente desses cinemas. Poder chegar sem ter que subir escadas, sem ter que passar por vários andares de lojas. Poder sentar no café ou na livraria, coadjuvantes tão aconchegantes e importantes da ambiência dos cinemas de rua.

Eu sou uma dessas que sente falta das poltronas de veludo vermelhas e dos bilhetes de entrada que não eram ainda esses papéis de extrato de banco. Sou bem raiz, nesse sentido. Mas abro mão de certos caprichos tradicionais meus para poder estar em um cinema de rua encontrando amigos, comendo um bolo de chocolate, enquanto espero minha sessão de filme japonês, coreano, francês ou espanhol.

Cinemas de rua são uma raridade, algo a ser mantido e cultivado. Deveriam ser até patrimônios nacionais da cultura. E o Estação, apesar de sua inabilidade de lidar com problemas financeiros, é uma joia rara quando se fala em qualidade de curadoria de exibição. Muitos de seus problemas financeiros acabam infelizmente esbarrando em questões de qualidade de exibição, que sofre limitações de orçamento, mas a tradição de sua universalidade e alternatividade na escolha dos filmes os tornam imprescindíveis numa cidade como o Rio de Janeiro, pólo cultural de um país em ascensão.

Em 2008 sofremos duas terríveis perdas para o cinema de rua carioca: Paissandu e Palácio. Paissandu com sua imensa sala (e poltronas vermelhas! =( ) e Palácio com seu belíssimo hall de entrada ajudavam a distribuir melhor a oferta de salas no Rio de Janeiro. Agora, tudo que temos são: Cinema do Unibanco (antigo Arteplex), Estação Rio e Estação Botafogo, em Botafogo; Espaço Museu da República no Catete; Estação Ipanema e Laura Alvim, em Ipanema; CineSanta, em Santa Teresa e Odeon, no centro. Roxy, Cinépolis e São Luiz podem ser encaixados na categoria de cinema de rua com algumas ressalvas na questão da oferta de filmes. Nos últimos anos perdemos salas em Copacabana, Largo do Machado e centro. Podemos ver aí que muitos dos que ainda estão em funcionamento são pertencentes ao grupo Estação. Ou seja, o fechamento destas salas significaria a quase aniquilação das salas de rua na cidade do Rio de Janeiro.

Tudo isso que estou falando é para chegar ao ponto que tanto está me preocupando, a possibilidade efetiva do fechamento das salas do Grupo Estação.

A SITUAÇÃO, por Marcelo França Mendes, do grupo estação:

“Em 2010, afundados em dívidas fitzcarraldianas pelo construção do Gávea e pelo beiço do Cesar Maia ao Festival do Rio de 2007, vendemos o Estação para um Fundo de Investimento. A esse Fundo cabia pagar as dívidas, fazer investimentos e, como é normal nesses casos, um salário mensal por determinado período para que ficássemos (os donos originais) à disposição. Encurtando, voltei um ano depois (janeiro de 2011) porque o Fundo não cumpriu nada que assinou e ainda duplicou as dívidas. Sem saída, pedi Recuperação Judicial. E nesses últimos três anos tenho lutado para manter abertas as salas enquanto aguardamos o juiz marcar a Assembleia dos Credores, ocasião em que nossa proposta de pagamento será votada. Se for aceita, ok. Se não for aceita, fechamos. Simples assim. A Assembleia finalmente será marcada e entre tantos dias no ano parece que o juiz escolheu a data de 3 de abril. Ou seja, no dia 3 de abril saberei se sou um empresário falido ou não. A vida é realmente muito estranha. Dia 3 de abril é meu aniversário, faço 49 anos de vida, 30 de Estação.”

Ele criou uma página no Facebook de apoio ao Grupo Estação, onde as pessoas podem sugerir ações e dar ideias para podermos manter abertas as salas. Basta digitar

https://www.facebook.com/groups/1391170901150396/permalink/1391174644483355/

ou buscar Apoio ao Grupo Estação.

Vamos lutar para manter uma parte tão importante de nossa cultura e um espaço de escoamento para a cinematografia mundial essencial para o visionamento desses filmes em telas grandes!

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