"Thor: Ragnarok" torna o universo do Deus do Trovão mais divertido – Ambrosia

“Thor: Ragnarok” torna o universo do Deus do Trovão mais divertido

Um dos personagens mais poderosos dos quadrinhos da Marvel, Thor Odinson não tinha conseguido, até agora, ter uma transposição decente ou mesmo empolgante para o cinema, ao contrário de alguns dos seus colegas Vingadores, como o Homem de Ferro e o Capitão América. O primeiro filme, comandado por Kenneth Branagh, procurou dar um tom mais solene e pomposo, com um resultado realmente irregular. Os produtores, então, decidiram dar algo mais épico na sequência “Thor: O Mundo Sombrio”. Tanto que contrataram Alan Taylor, diretor de alguns dos melhores episódios da consagrada série da HBO, “Game of Thrones”. Também não deu certo e muitos fãs até consideram essa continuação uma das piores aventuras de todo o Universo Cinematográfico Marvel. Então, qual seria a solução, o melhor caminho para o Deus do Trovão?

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Resposta: Jogar tudo para o alto e fazer as coisas de forma diferente na terceira parte, levando em conta aquela regra que foi melhor explicada em “Pânico 3” sobre filmes que encerram trilogias: Tudo pode acontecer. E em “Thor Ragnarok” (Idem, 2017) acontece de tudo, sempre com muito humor e ótimas sequências de ação que certamente cairão no gosto popular, em contraste com alguns momentos que mantêm o tom de seriedade mostrada anteriormente. O único (e grave) problema é que nem sempre há um bom equilíbrio entre esses elementos e parecem brigar entre si e nunca chegam a um denominador comum.

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Na trama, após enfrentar o demônio Surtur (Clancy Brown), Thor (Chris Hemsworth) volta para o reino de Asgard e descobre que seu perverso meio-irmão Loki (Tom Hiddleston) tomou o lugar de seu pai, Odin (Anthony Hopkins). Na tentativa de descobrir o seu paradeiro, os dois ficam sabendo da existência de Hela (Cate Blanchett), a Deusa da Morte, que quer se vingar de Odin e dominar Asgard através do Ragnarok, evento que pode causar o fim de tudo para os asgardianos. Ao tentar detê-la, Thor acaba indo parar no planeta Sakar, dominado por Grão-Mestre (Jeff Goldblum), que promove grandes lutas entre gladiadores espaciais.

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Para a surpresa do herói, a principal atração das arenas é ninguém mais do que o Incrível Hulk (Mark Ruffalo), que estava desaparecido desde os eventos de “Vingadores: Era de Ultron”. Obrigado a participar das lutas, Thor tenta traçar um plano para voltar a Asgard e impedir que Hela destrua tudo. Para isso, ele contará com a ajuda de Hulk e seu alter ego Bruce Banner, além de Valquíria (Tessa Thompson), uma guerreira que faz serviços para o Grão-Mestre, e até mesmo de uma certa pessoa a quem nunca pensou em contar com a sua colaboração.

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Desde a divulgação do primeiro trailer, ficou claro que “Thor: Ragnarok” seria um filme bem mais humorado do que as duas produções anteriores estreladas pelo filho de Odin. E essa promessa é cumprida, já que os roteiristas Eric Pearson, Craig Kyle e Christopher Yost rechearam a trama de piadas,  que surgem em diversos momentos num ritmo acelerado. Algumas delas atingem o seu objetivo com louvor, especialmente a respeito de uma peça de teatro e aquelas envolvendo o Hulk (aqui, muito mais parecido com o personagem dos quadrinhos do que nunca). Mas nem todas conseguem ficar satisfatórias ou bem encaixadas na história, podendo até cansar a quem não quer só ficar rindo no cinema e busca algo mais instigante. Por outro lado, os fãs dos filmes dos “Guardiões da Galáxia” se sentirão mais do que contemplados, já que o tom adotado pelo diretor Taika Waititi é bem semelhante ao adotado por James Gunn para narrar a epopeia espacial do Senhor das Estrelas e sua trupe. Só não tem a mesma inventividade e talento.

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Outro problema está no fato de que o roteiro parece ter sido criado para dois filmes diferentes que acabaram sendo misturados para gerar um só. Assim, temos um início calcado na questão do Ragnarok, que é posto de lado para adaptar a saga dos quadrinhos “Planeta Hulk” e só no terço final é que volta para o que era importante lá no começo. Isso fica um pouco esquizofrênico e prejudica o seu andamento, já que há uma certa “barriguinha” na trama, que parece não saber exatamente para onde vai.

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No entanto, vale destacar a coragem de Waititi em realizar sequências de batalha bem mais sangrentas do que nos acostumamos a ver nas produções da Marvel Studios. Algumas até geram consequências permanentes em alguns personagens, algo que não era esperado para um filme mais leve. Além disso, o cineasta trabalha muito bem a interação entre Chris Hemsworth e Mark Ruffalo, gerando uma química entre a dupla que se torna um dos grandes destaques do filme. Em compensação, é notável perceber que Waititi não sabe o que fazer com alguns integrantes do elenco, como Idris Elba, que volta como Heimdall, e Karl Urban, que surge como Skurge, o Executor. Ambos pouco têm a fazer na trama e acabam não fazendo falta.

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Além de Hemsworth e Ruffalo, quem também se destaca é Cate Blanchett, que mais uma vez mostra por que é uma das melhores atrizes da atualidade. Ela dá um ar petulante e, ao mesmo tempo, ameaçador para Hela e mostra que, sim, o Deus do Trovão deve se sentir intimidado diante dela. Jeff Goldblum também está ótimo como o Grão-Mestre ao injetar um tom irônico ao ganancioso personagem. Tessa Thompson se sai bem com a Valquíria, que usa o alcoolismo e a falta de esperança para esquecer um trauma do passado, e acaba chamando a atenção. Já Tom Hiddleston não faz nada de diferente do que já fez como Loki, embora continue esbanjando carisma.

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Com um impressionante design de produção (especialmente para as cenas ambientadas em Sakar) e uma curiosa trilha sonora, assinada por Mark Mothersbaugh e repleta de sintetizadores, “Thor: Ragnarok” é, sem sombra de dúvida, o mais engraçado desta (até agora) trilogia. Mas não necessariamente o melhor, já que, ao acender das luzes, a sensação que dá é que, embora faça rir, fica faltando algo para torná-lo mais marcante, como foram os dois “Guardiões da Galáxia”, “Os Vingadores” ou mesmo “Capitão América 2: O Soldado Invernal”. Do jeito que ficou, no fim das contas, ele se tornou um movimentado, porém esquecível, passatempo. O Deus do Trovão merecia mais.

Ah, sim!!!  O filme tem duas cenas pós-créditos. Não deixe de conferi-las.

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Filme: Thor: Ragnarok
Direção: Taika Waititi
Elenco: Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Cate Blanchett
Gênero: Ação e Aventura
País: Estados Unidos
Ano de produção: 2017
Distribuidora: Disney/Marvel Studios
Duração: 2h 10min
Classificação: 12 anos

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