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“Truman” reflete sobre a finitude com saudável humor (negro)

A única certeza da vida é a finitude. E essa certeza é justamente uma das nossas maiores angústias. Há aquele dito de que para morrer basta estar vivo, porém, quando se sabe exatamente quando e como a morte virá, próximo ao fim, o indivíduo é levado a um inevitável revisionismo. É o caso de Julián (Ricardo Darín), um ator que sofre de doença terminal sem chances de cura, protagonista de “Truman”(Idem,Argentina/Espanha 2015).

Julián recebe a inesperada visita do amigo de longa data Tomás (Javier Cámara), que vive no Canadá. Ele acompanha o grande dilema de Julián, que é decidir sob os cuidados de quem deixar o cachorro Truman, de modo que ele já tenha onde ficar quando seu dono não estiver mais vivo. Ao mesmo tempo que tenta arranjar um novo lar para o cão, ele faz um balanço de sua vida e busca a melhor forma de se despedir dela, entre outras coisas, reconhecendo erros do passado, mas fugindo da piedade alheia, assim como da autocomiseração. E depois de levar uma vida mundana, precisa lidar, de certa forma, com a questão espiritual da qual é impossível dissociar a morte.

Dando vida ao personagem central está o sempre ótimo argentino Ricardo Darín, apontado em piadas como o único ator da terra de Gardel. Óbvio que não é o único, mas certamente o melhor da sua geração no país. A cada filme parece ir se aprimorando ainda mais, característica dos grandes da atuação. Seu carisma é ingrediente fundamental na construção de um personagem que gere a empatia necessária para que o espectador se importe com seu drama, apesar de ficar bem claro que não se trata de um indivíduo constituído apenas de virtudes.

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A graça do filme também reside no cão Troilo, que “interpreta” o personagem título. Um cachorrão babão, com uma expressão carente estampada na cara ,que faz derreter qualquer cinófilo ou amantes de bichos em geral. Já Tomás, fazendo as vezes do amigo preocupado, mas otimista, representa a perspectiva do espectador sobre o drama de Julián. Uma função semelhante é desempenhada por Paula (Dolores Fonzi), prima de Julián, mas em um tom distinto, menos complacente com a resolução final do protagonista.

O trunfo do roteiro dos catalães Tomàs Aragay e Cesc Gay (que também assina a direção) é dispor das peças centrais de forma adequada e acrescentar pitadas de humor (negro) para amenizar um tema sempre pesado que é a jornada final de um doente terminal de câncer. Se a balança pendesse demais para o tom fúnebre, poderia escorregar no drama lacrimoso, e se for acentuado o tom de comédia, poderia cair no inverossímil. Felizmente,“Truman” acerta por unir o drama à comédia usando uma pertinente reflexão, e traz ainda mais um brinde de Ricardo Darín aos amantes do cinema.

 

Filme: Truman (Truman)
Direção: Cesc Gay
Elenco: Ricardo Darín, Javier Cámara, Doloris Fonzi
Gênero: Comédia Dramática
País: Espanha/Argentina
Ano de produção: 2015
Distribuidora: Pandora Filmes

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