Bitscópio: Sunset Riders e a renovação do gênero shoot-’em-up

Bitscópio: Sunset Riders e a renovação do gênero shoot-'em-up – Ambrosia

No começo da década de noventa um clássico estava para nascer. Inicialmente lançado para os arcades, Sunset Riders iniciou sua jornada em 1991, e tinha como objetivo trazer ao público um jogo que homenageava os saudosos westerns dos anos 60 e 70, estrelados pelo mestre Clint Eastwood. Em uma ambientação caricata e movido por uma jogabilidade extremamente fluida, teve um porte para os consoles Mega Drive (1992) e Super Nintendo (1993), sendo neste último onde obteve mais sucesso. Foi talvez o único título de faroeste até a geração de 16 bits a fazer sucesso com os adoradores do gênero e gamers em geral. Seu estilo constitui-se de um misto entre um jogo de plataforma (side-scrolling) com shoot-’em-up – gênero este que foi imortalizado em jogos de temática espacial, e foi popularizado graças ao clássico do Atari, Space Invaders -, publicado e desenvolvido pela Konami. Este artigo se baseará na versão de SNES, mas também trará comentários sobre as demais versões, com um pouco menos de foco, naturalmente.

História, personagens, fases e características marcantes

A história é bem simples e gira em torno de quatro pistoleiros de aluguel que vagam pelo Velho Oeste em busca de aventuras remuneradas. Nesta jornada, enfrentarão os maiores bandidos da região, desafiando seu poder de fogo infinito. As fases misturam diversos desafios – muitos deles geográficos -, como atravessar desfiladeiros e rios, perseguições à cavalo, subida de montanhas, passagens por cidades infestadas de Bitscópio: Sunset Riders e a renovação do gênero shoot-'em-up – Ambrosiacapangas armados, entre muitos outros. Como já foi mencionado anteriormente, você terá a chance de incorporar até quatro tipos de personagens. São eles: Steve, Billy, Bob e Cormano (para Mega Drive, apenas Steve e Cormano). A primeira dupla utiliza uma pistola convencional, com um tiro único, mas bem veloz. A segunda faz uso de uma espingarda calibre 12, cujo tiro se espalha em vários pontos luminosos que viajam um pouco mais lentamente até atingir o inimigo. O game possui uma ambientação um tanto surreal, utilizando-se de muitas cores cítricas, inclusive para os projéteis e as crinas dos cavalos. Este singular design de personagens e fases acaba por conceder incrível notoriedade ao jogo, tornando-se quase que uma marca registrada. Primeiramente, a história te leva à um chefão de fase por vez. O terceiro deles, Dark Horse – e o único a lhe enfrentar montado em um cavalo – quando derrotado, revela um ligeiro plot-twist. Ao invés do game lhe conduzir para outra fase convencional, você se vê obrigado a atender o chamado de uma donzela e guerrear com outro chefe (na verdade outros chefes, pois são dois) dentro de um Saloon; os chamados Smith Brothers. Após derrotá-los você parte em busca de uma gangue de bandidos, comandado pelo purpurinado Sir. Richard Rose, o último chefão do jogo.

Além das fases convencionais, eventualmente o jogador é submetido à chatíssimas fases bônus. O intuito delas é aumentar sua pontuação (quantificada em dólares) com tiros em bandidos que se escondem na tela. Este tipo de bônus faz sentido no arcade, onde seu objetivo é justamente fazer a maior pontuação, mas nos consoles a obrigação torna-se extremamente sem sentido e muitas vezes tortuosa.

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Nem adianta argumentar. Cormano é o melhor!

Os inimigos seguem um padrão básico. Tem os que apenas atiram, outros que são munidos de algum tipo de explosivo (geralmente de terno vermelho) e ainda os covardes, que correm atrás de você com o intuito de lhe pegar desprotegido e o apunhalar pelas costas.

Muitos iniciantes desconheciam que nas opções era possível alterar o número de continues e vidas de 2 para 4. Tal “truque”, por assim dizer, tornava o jogo um pouco mais fácil, independentemente do nível de dificuldade escolhido. A facilidade crescia também caso você tivesse um companheiro para realizar os assassinatos em massa, já que o game lhe permite desfrutá-lo com mais um (e apenas um) amiguinho, nas versões para console. Caso opte pelo multiplayer, você disputará com seu amigo quem será o mais rico. No chefão, ao fim do embate, a tela exibirá o quanto de dano seu personagem causou ao bandido, e lhe pagará um bônus caso tenha acertado mais tiros que seu companheiro. O artifício cria uma disputa sadia entre a dupla, que otimizará as maneiras de infligir dor aos malfeitores.

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Gráficos, jogabilidade e efeitos de som

O gênero shoot-’em-up nasceu em 1961 com um game amador denominado Spacewar!, desenvolvido pelo MIT. Comercialmente, popularizou-se apenas em 1978 com Space Invaders, desenvolvido pela Taito para o Atari 2600. Basicamente, o estilo atém-se a proporcionar uma troca de tiros entre uma entidade heróica (pode ser uma nave ou um ser humano), e várias outras entidades malignas, implementando na jogabilidade a obrigatoriedade do jogador descrever traçados que o livrem de colisões com projéteis e, ao mesmo tempo, que o mesmo consiga com que o seu próprio tiro colida com tais entidades inimigas. Inicialmente todo o shoot-’em-up era desenvolvido sobre um pano de fundo que explorava guerras espaciais. Somente no fim da década de 80 e no início dos anos 90, o gênero migrou para outras temáticas. Sunset Riders foi um dos pioneiros e o responsável por renovar o estilo com qualidade, além de popularizar o novo escopo que mesclava o shoot-’em-up com o modo plataforma, trazendo novas atmosferas além do espaço, para este gênero até então limitado.

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Os gráficos são extremamente competentes, abusando do marrom e variações de amarelo para retratar o ambiente desértico e cores chamativas para todo o resto. Os sprites dos personagens são muito bem modelados; cada herói chega possuir até três movimentos que diferenciam sua personalidade. Os mais marcantes são as comemorações diante da vitória sobre um chefe de fase. Cada tipo de inimigo possui um sprite diferente, mas é ao enfrentar os chefes que vemos uma maior distinção, com cada um se movendo de uma forma mais original e desafiadora quanto possível.

É possível jogar com 4 pessoas para a versão de arcade. A ordem dos players definirá o personagem: Player 1 para o Steve, Player 2 para o Billy e assim por diante. Em caso de 2 jogadores e nas versões de console, é possível escolher o herói.

A movimentação dos personagens permite ao jogador abaixar, pular, andar para frente e para trás e deslizar no chão. Ao atirar, é possível mirar para cima, baixo, frente, trás e diagonais ao combinar os direcionais. Existem dois tipos de power-ups: um que lhe concede mais uma arma, aumentando sua cadência de tiro; e outro que intensifica os projéteis, tornando-os rosa e deixando-os mais rápidos. A única mudança na jogabilidade é que neste segundo power-up há a possibilidade de apenas segurar o gatilho para tiros ininterruptos. Um terceiro tipo de power-up aumenta apenas sua pontuação. Caso você já possua sua ultimate weapon, qualquer power-up que pegar se transformará neste terceiro tipo, aumentando seus ganhos conforme sua habilidade em manter-se vivo é aprimorada.

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A trilha sonora composta por Motoaki Furukawa é espetacular e tornou-se memorável. As melodias ajudam na composição daquela atmosfera western proposta. Os efeitos de som em geral, como o galopar dos cavalos e o barulho dos tiros, não são tão bons, mas é importante citar que este fora um dos poucos jogos de 16 bits que trazia dublagem para os chefes em frases que hoje se tornaram marcantes. Tudo bem que era até um pouco difícil de entender o que eles falavam, já que a tecnologia da época não ajudava, mas ainda assim o fato é digno de menção.

Considerações Finais

Tratando-se de jogos de faroeste, Sunset Riders sem dúvida disputa o topo. Fora um jogo que marcou época e tomou o tempo de muitos gamers que viveram na era 16 bits; além de ser um dos primeiros jogos a misturar o side-scrolling com o já estagnado shoot-’em-up, implementando a criação revolucionária de um novo gênero de games, que inspiraram outras franquias que posteriormente tornaram-se famosas, como Metal Slug, lançado apenas em 1996. Felizmente foi um jogo único, sem continuações, talvez por isso seja tão memorável.

Abaixo segue um vídeo da última fase do jogo.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Jav8OmZBjjk[/youtube] A coluna volta semana que vem. Agora? It’s time to pay! 😀

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Comentários 6
  1. Cláááásicoooooo! Eu gostava de jogar com Bob ou Cormano (um mexicano muito macho, o bastante para usar poncho e sombrero ROSAS! hehehehehe)

    É homenagem bem humorada aos Western Spaghetti do saudosos Leone, Corbucci e Fulci, entre outros…

    Não se fazem mais jogos como antigamente…mesmo!

    "Bury me with my money…"

  2. Eu tenho até hoje e sempre chamei esse jogo de "Caubói", sabe era bem mais fácil.
    Sempre jogava com o Cormano pq saía + bala da arma dele(tinha um outro tbm q usava espingarda, mas o Cormano tinha o visual diferente).
    A bichona do final é clássica e muito dificil, as balas dela eram tão rápidas, sempre zerava esse jogo com um primo meu, nunca consegui zerar sozinho, quendo chegava no final sempre chegava com poucas vidas.

    E quero é ver quem não aumentava o número de vidas, até pq se fazer isso fica quase impossível de zerar o jogo.

    P.S: não entendir pq vc não gostava dos bônus, era umas das coisas mais legais do jogo.

  3. Como eu tinha era o Mega Drive só o joguei nesta versão… e era muito foda.
    Só que a opção era Billy e Cormano e não Steve e Cormano conforme mencionado no texto.

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