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“A Torre”, estreia literária de Thaís Alcoforado, usa o tarot como guia poético

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Publicada pela editora Primata, a obra da recifense Thaís Alcoforado constrói, a partir dos arcanos maiores do tarot e de referências clássicas, uma cartografia lírica sobre traumas, perdas e a potência de transformação que nasce deles.

“Ao escrever, Thaís deixa, pela segunda vez, a própria Torre ruir. No vazio que se abre, escuta a linguagem dos sonhos, do corpo e das cartas. Ao fim, a lalangue é solo fértil. A queda, uma nova fundação. E o livro, uma catedral portátil para todos aqueles que, de algum modo, também foram expulsos de seus territórios.”
Gabrielle Estevans, psicanalista, jornalista e escritora, no texto de prefácio

Em sua estreia na poesia, Thaís Alcoforado revisita o significado da carta de tarot A Torre em poemas que atravessam não apenas esse arcano, mas também outros seis símbolos do baralho. A apropriação poética desses arquétipos dá corpo a uma escrita que se move entre perdas, traumas, autoconhecimento e metamorfose.

Com prefácio da psicanalista, jornalista e escritora Gabrielle Estevans, “A Torre” (Primata, 116 págs.) apresenta-se como um livro-ritual, em que os versos atuam como oráculos pessoais e coletivos. A ilustração da capa é da artista e poeta Priscilla Menezes.

A carta que dá título ao livro introduz sua premissa: o que acontece antes, durante e depois do desmoronamento? Os poemas seguintes funcionam como guias diante dos escombros, dos vestígios do que ruiu e das frestas de libertação que se abrem no chão da queda.

Segundo Gabrielle Estevans, o tarot, na obra, “é estrutura e é língua”. Para ela, Alcoforado oferece uma travessia lírica pelo colapso — de relações, de arquiteturas familiares, de desejos — não como lamento, mas como um ato ritual de reconfiguração do mundo.

Uma escrita-oráculo

A autora define o livro como um experimento de poesia oracular. Para Thaís, o tarot é sobretudo uma ferramenta de introspecção e autorreflexão. Seus poemas nasceram como escrita de sobrevivência e gesto de fé no futuro, mas ganharam unidade após as oficinas de Escriterapia, conduzidas por Gabrielle Estevans, onde ela percebeu que os textos guardavam conexões e poderiam dialogar com os arcanos.

“O tempo todo, seguimos pistas, recebemos indícios. Estar presente é não ignorar essas pistas. Essa é a verdadeira magia, e tanto o tarot como a poesia podem nos ajudar nessa missão”, reflete a autora.

Entre fronteiras, bichos e palavras

Recifense de nascimento e cidadã do mundo, Thaís Alcoforado é advogada, mestre em Direito Internacional e especialista em estudos de paz e conflito. Sua carreira como trabalhadora humanitária a levou a viver no Senegal, Irã e República Dominicana, antes de chegar ao  Panamá, onde atualmente reside.

Durante o último ano, viveu na província do Darién, em um povoado rural no Panamá próximo à fronteira com a Colômbia. Cercada pela natureza e por animais, reencontrou a escrita e o tarot como práticas essenciais de vida. Foi nesse território silencioso e selvático que “A Torre” ganhou forma.

“Percebi que quanto mais se escreve, mais se torna urgente e inevitável escrever. Agora, minha meta é manter aberto esse canal, criando espaços intencionais para que a escrita exista dentro da vida cotidiana”, afirma.

Na poesia brasileira contemporânea, Thaís cita como referências Bruna Beber, Ana Estaregui, Prisca Agustoni, Sofia Mariutti, Mar Becker e Júlia Carvalho Hansen. No campo do tarot, destaca Alejandro Jodorowsky e sua obra “O Caminho do Tarot”, escrita em parceria com Marianne Costa.

Entre as influências diretas de “A Torre” estão também os diários de Susan Sontag, o livro Eros, o amargo-doce, de Anne Carson, e a obra clássica “Mulheres que correm com os lobos”, de Clarissa Pinkola-Estés — leituras que alimentam sua busca por uma escrita sinestésica, capaz de transitar entre o cotidiano e o espiritual.

Sobre projetos futuros, a poeta revela estar reunindo um conjunto de poemas em homenagem à fazenda que a acolheu no último ano, uma espécie de manifesto dedicado aos animais que cruzaram seu caminho.

Confira o poema “Hefesto” do livro “A Torre” (pág. 19):

“Como a construção
A catástrofe também demanda paciência
Ainda assim, o momento exato do desabamento
Parece sempre repentino
Os acontecimentos teriam sido devastadores
Se eu não tivesse começado a me preparar
Sem suspeita
Justo a tempo
Para todo tipo de emergências
Tudo que veio antes, um ensaio
Tudo o que vier depois, uma réplica
Do choque primordial”

FICHA TÉCNICA

Livro: A Torre
Autora: Thaís Alcoforado 
Número de páginas: 116
ISBN: 978-65-5269-041-8
Gênero: Poesia
Editora: Primata
Ano: 2025

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