A história do irmão menos famoso de Napoleão Bonaparte

Um dos grandes personagens da história mundial, Napoleão Bonaparte teve a seu lado um irmão menos famoso mas que tornou possível sua chegada ao poder. Em “Napoleão e o rebelde”, publicado pela Record, os autores Marcello Simonetta e Noga Arikha constroem uma narrativa original e íntima sobre Lucien Bonaparte.
A história do irmão menos famoso de Napoleão Bonaparte – Ambrosia
O casal oferece a biografia nunca contada de Lucien, creditado pelos historiadores por seu papel ativo e importante na Revolução Francesa. Um político talentoso e antimonarquista, ´cuja história não foi devidamente conhecida, pois como um homem romântico e idealista, Lucien escolheu levar uma vida privada, em parte por causa do amor. Mesmo servindo o irmão, como ministro do interior e embaixador na Espanha, algo mudou, quando Lucien se casou com sua amante, Alexandrine, em vez da mulher que Napoleão escolheu para ele.
Furioso, Napoleão tentou fazer com que Lucien se divorciasse dela e se juntasse aos outros irmãos para governar o império. Em vez disso, Lucien, Alexandrine e seus sete filhos passaram a maior parte de suas vidas no exílio na Itália. O afastamento dos irmãos e outros momentos não esteve nas Mémoires que foi publicado em vida, pois o editor não publicou integralmente, devido aos detalhes de um “inimigo da verdade”.

A história do irmão menos famoso de Napoleão Bonaparte – Ambrosia
“O Sono de Venus”, pintura de Guillaume Guillon Lethière, retratando o casal Lucien e Alexandrine, quadro motivador do livro Napoleão e o Rebelde.
E o que ficou de fora? Simonetta e Arikha consultaram o manuscrito, nos arquivos do Quai d’Orsay, e constataram que o editor da época, um militar aposentado, omitiu cerca de metade do texto original. Detalhes fascinantes e assombrosos, recriaram todo um cenário que ficou desconhecido por duzentos anos, tornando suas memórias, publicadas ou não, a principal fonte para Napoleão e o rebelde – a história da família Bonaparte e do conflito entre o imperador e seu irmão mais novo (Napoleon and the rebel, com traduçao de Heloísa Mourão).
Os autores desenvolvem sua narrativa respeitando o relato que Lucien faz, conseguindo compor um trabalho vívido às lembranças encontradas. Revisaram datas, relatando junto à narrativa do caçula Bonaparte, inclusive, como historiadores, corrigiram omissões voluntárias e exageros. Inserem correções que levam em conta os fatos que encontraram  através de estudos históricos, de outros documentos em primeira mão e dos testemunhos, memórias e cartas dos contemporâneos dos principais personagens históricos.
Outro aspecto importante que Simonetta & Arikha trazem em seu trabalho é manter inalterado os diálogos de Lucien com Napoleão e outros, anotados por ele próprio, que ajudam em muito a esboçar um retrato íntimo da família  que foi o epicentro da vida europeia nas primeiras décadas do século XIX. Entretanto, os autores aproximaram-se demais do drama fraternal, muitas vezes dando pouca atenção ao quadro histórico mais amplo; eles dedicam apenas uma frase ao papel ativo de Lucien na negociação da Concordata de 1801 entre Napoleão e o papa.
A história de amor entre Lucien e Alexandrine nos oferece uma reflexão sobre os valores adotados por aqueles que estão nas fronteiras do poder e revela como paixões particulares podem sobrepujar a política. Lucien foi uma figura insólita, ao mesmo tempo ambicioso, brilhante, de princípios, inconstante nas suas paixões, mas cujas paixões eram absolutas, com defeitos, mas que, ao final da leitura, o mais humanamente admirável dos Bonaparte.
Recomendo a leitura, confesso que, antes, só tinha ouvido falar de Lucien em citações breves em outros livros. Na verdade, esperava uma nova perspectiva sobre Napoleão, que fosse mais pessoal. Uma característica presente no livro, mas temos algo a mais a história de um homem que, tão perto das tentações do poder, nunca perdeu de vista suas crenças ou seu amor por sua família.
 

OS AUTORES

Marcello Simonetta nasceu em Pavia, na Itália. É doutor em literatura italiana pela Universidade de Yale e professor de história política europeia do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po) e da Universidade Americana de Paris (AUP). É autor, entre outras obras, de “A conspiração contra os Medici”, também pela Record. Noga Arikha nasceu em Paris, na França. Bacharel em alemão e filosofia pela King’s College de Londres e doutora em história pelo London’s Warburg Institute, integrou a Academia Italiana de Estudos Avançados da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.

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