O Olho do Mundo e as Crônicas da Roda do Tempo

Ao pegar o pesado volume inicial (de 14, sim, você leu corretamente, 14 edições), e começar a leitura, percebemos que Robert Jordan se deixou influenciar por Tolkien e sua grande jornada, bem como podemos ver sinais de outras grandes obras como Nárnia e Eragon, não importando muito quem copiou o estilo de quem. Em verdade, o que se vê é, nas palavras de Joseph Campbell, o começo da jornada do herói.

Antes de começar a jornada de Rand al’Thor e seus companheiros, somos presenteados com uma batalha de proporções épicas, lembrando muito algumas passagens de “Senhor dos Anéis”, especialmente envolvendo Gandalf. Após isso, aos poucos somos colocados no mundo, especificamente em Dois Rios, um recanto distante de tudo no mundo, banhado por um longo inverno que não acaba. O festival da primavera está se aproximando e o frio não dá sinais de ir embora tão cedo, ainda assim os preparativos estão sendo feitos e aqui começamos a conhecer cada um de nossos protagonistas, alguns totalmente alheios ao destino que os aguarda e outros, esperando ansiosamente por uma chance de encontrar aventura fora daquela vida simples que se repete, conforme a Roda do Tempo gira.

As notícias de guerra, trazidas por um mascate e a nova ascensão de um Dragão, começam a fazer o mundo de Rand e seus amigos girarem, especialmente quando Trollocs, criaturas até então míticas, invadem a vila, e eles são salvos por uma e todos, Rand al’Thor, Matrim (Mat) Cauthon, Perrin Aybara, Egwene al’Vere, e Nynaeve al’Meara devem fugir para proteger a vila já que os Trollocs estavam mais interessados em matar Rand, Mat e Perrin

Capa_O-olho-do-mundo

Como estamos falando de uma série que terá 14 volumes, é interessante focar-se no estilo de Robert Jordan que com uma narrativa cheia de influencias folclóricas e líricas, usando nomes de raças já conhecidas dos leitores da fantasia medieval e dando novos sentidos, seja nas palavras, seja nos papéis de cada um, sem ser simplista ou lacônico, dando-se o devido tempo para explorar os personagens e suas relações, forçando um pouco a barra em alguns momentos, para uma melhor desenvoltura da história, especialmente na segunda metade quando as coisas começam a se tornar frenéticas. As primeiras 200 e poucas páginas passam de forma cadenciada, descrevendo, inspirando, fazendo o leitor colocar seus pés no mundo criado por ele. Após isso, o que se tem é um crescendo que nos leva a uma beleza sem igual  até as páginas finais do livro.

Não quero traçar comparativos, mas obviamente Jordan quis ser Tolkien ao unir companheiros de origens diversas com um objetivo maior e os colocar em uma longa jornada cheia de riscos. Ainda assim, a jornada, os companheiros e os riscos são outros, mas no final seguem a deliciosa teoria de Joseph Campbell sobre o desenvolvimento do herói e sua jornada. Obviamente, Rand tem tudo para se tornar o grande herói desta saga e quem sabe, gerar em algum tempo algum filme épico em Hollywood depois que Peter Jackson acabar de exaurir todas as possibilidades do legado de Tolkien.

A edição da Intrínseca está de parabéns, e a elegância da edição começa pela própria capa, que possui um brilho dourado no nome do autor e na roda. A diagramação e a revisão estão ótimas, com cada início e término de capítulo com uma pequena ilustração, melhor marcando os pontos o que acaba ajudando ao leitor e ainda deixa a parte gráfica mais interessante e apreciável. Ainda, no final do livro, existe um glossário explicando termos, personagens, lugares e a mitologia da história, um facilitador para aqueles que por ventura se perderem nas terminologias de Jordan.

Agora, que venha o volume 2 em 2014 para que quem sabe até 2030 a gente consiga terminar de ler a saga completa.

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