O mundo conhece Carrie Bradshaw como a descolada colunista (e ícone fashion) responsável pela coluna Sex and the City. Mas que caminhos levaram a garota do interior para a Big Apple e, principalmente, para a fama?
Chega ao Brasil o novo livro de Candace Bushnell, a verdadeira C.B que ganhou fama com a coluna Sex and the City, a série de TV e os filmes que se seguiram. Em Os Diários de Carrie, temos a chance de conhecer Carrie Bradshaw adolescente, antes de Nova York, Samantha, Charlotte e Miranda entrarem em sua vida.
O livro começa da forma mais boba e previsível possível, estabelecendo que Carrie é uma daquelas clássicas heroínas do High School que não suporta as cheerleaders populares e consegue perceber a idiotice no sistema de castas da escola. Carrie e seu amigos não fazem a menor questão de estar no grupo dos populares, mas isso faz deles também um grupo, e aos poucos vemos que a trama é mais rica do que parece.
O livro Sex and the City é, a rigor, uma compilação das colunas escritas pela autora durante seus anos de cronista comportamental. Com o sucesso da série, há um apêndice que romanceia a relação de Carrie e Big, mas como o livro não é originalmente um romance, acaba não funcionando dessa forma, e isso me fez duvidar da capacidade da autora de fazer um bom trabalho com essa idéia de “prequel adolescente”. Felizmente, me enganei.
O livro é basicamente jovem e feminino, e vemos Carrie apaixonada por um garoto – quando um outro seria muito mais apropriado para ela e para a opinião de seu pai -, preocupada com sua virgindade, descobrindo que amigos escondem segredos e lidando com a perda da mãe e com uma dupla traição, além dos treinos de natação, o jornal da escola e a excitação com a formatura e a tensão sobre a faculdade.
Mas por baixo disso ela entende por que um escritor deve falar das coisas que conheçe e por que um personagem não deve se basear em alguém real, mas sim na natureza humana. Fica patente que disso a autora entende e o tempo todo somos confrontados com questões que, mesmo juvenis, são bastante verdadeiras.
Uma coisa que choca um pouco é que esta Carrie, embora tenha o mesmo nome, é a Carrie literária e não efetivamente a personagem que conhecemos. Assim, ela tem um pai e irmãs, quando na série se estabeleceu que seu pai a tinha abandonado ainda criança.
Com isso em mente, é só curtir a obra. Este é apenas o primeiro volume, e ele termina justamente com Carrie chegando a Nova York – não vale correr para ler a última frase do livro! -, deixando o gostinho de “quero mais” ideal para a continuação. É uma obra despretensiosa e por isso mesmo, saborosa. É claro que o grande público alvo são os fãs da série e dos filmes, mas muito rapidamente a associação se perde e somos envolvidos por esta história de uma jovem dos anos 80. E se um dia ela escreverá livros, colecionará sapatos Manolo Blahnik ou ganhará o mundo… já é outra história!
Eu não gostei do livro "Sex and the city", então fiquei com medo de dar outra chance à escritora. Mas só ouço opiniões favoráveis de O diário…