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Para entender a ideologia nazista em O diário do diabo

Pensava-se que todas as principais fontes para a bibliografia histórica do Terceiro Reich já tinham sido trazidas a tona, entretanto novas descobertas aparecem da escuridão que ficaram escondidas. Uma das mais recente é o que encontraremos no livro O diário do diabo – Os Segredos de Alfred Rosemberg, que a Record trouxe recentemente às livrarias.

O autoproclamado ideólogo do movimento nacional-socialista, o nazismo em si e autor do texto pseudo-intelectual mais importante depois do Mein Kampf de Hitler, O Mito do século XX. Rosenberg foi mais que escritor, editou jornais nacionalistas após o fim da Primeira Guerra, fundou e organizou uma organização cruzadista, dedicada a rotear a arte “degenerada” de livros, peças e outros produtos culturais, censurando da cena pública alemã. Durante a Segunda Grande Guerra, liderou a Reichsleiter, que saqueou obras de artes, manuscritos e obras culturais que estavam com os judeus que eram enviados aos campos de concentração. Durante a invasão à URSS foi nomeado responsável pelo território ocupados, colocando em prática suas teorias que culminou na expropriação, prisão e assassinato de milhões de judeus que ali viviam.

Não surpreendentemente, depois de ter sido capturado por tropas aliadas no final da guerra, escreveu uma autobiografia, publicada em 1955, na qual, longe de mostrar qualquer sinal de remorso, reafirmou sua crença de que o nazismo era uma resposta condicionada pela resposta europeia e que Hitler era um grande homem. Alguns historiadores o colocaram como uma ferramenta para o ditador ou um homem sem influência.

Mas o que descobriu recentemente sobre esse senhor, ele, segundo Ernst Pieper, na biografia de 2005, o alemão báltico exilado pela revolução bolchevique, desempenhou um papel fundamental ao trazer Hitler para a crença de que o bolchevismo era a criação de uma conspiração mundial judaica, apesar de todas as evidências em contrário (incluindo o próprio antissemitismo de Josef Stalin). E ele manteve um diário, que foram compilados durante os julgamentos de Nuremberg por um bibliotecário, que foram encontrados reunidos na biblioteca para a qual ele era responsável na Universidade de Göttingen.

Foi através deste achado que iniciou a ideia do livro e do do paradeiro do resto do diário. Sabia-se que um advogado foi autorizado a levar o diário para pesquisa após Nuremberg e que ele tinha retornado aos EUA. Esse advogado, Robert Kempner, serviu como conselheiro-chefe durante o Tribunal Militar Internacional, acreditando que foi autorizado a levar o diário para pesquisa, com a intenção de publicá-lo ou usá-lo como base para um livro. Entretanto, não fez, até que ele morreu em 1993, e quando pesquisadores do Museu do Holocausto dos EUA chegaram em sua casa em 1997, descobriram que havia desaparecido.

E este livro trata da História por trás deste diário e de seu autor, como também como Robert Wittman, um dos grandes nomes do FBI o encontrou. Juntamente com o jornalista David Kinney, Wittman escreve sobre o diário e mesmo com o título sensacionalista e um estilo tablóide a dupla consegue tornar o livro interessante, sobretudo porque o conteúdo dos diários dificilmente justifica sua descrição como revelador de “segredos roubados do Terceiro Reich”.

Sem muito spoilers, o livro revela que Rosenberg (que negou isso em Nuremberg)  dirigiu a deportação e o extermínio dos judeus, dando mais peso ao argumento de que o Holocausto foi planejado. Uma abordagem que abre os contornos do partido nacional-socialista e da natureza mesquinha de Rosemberg que também reamou contra outros companheiros nazistas.  Mas em geral, Rosenberg emerge dos diários como fraco, vazio e petulante, bem como moralmente cego e indiferente ao sofrimento que ele causou. Uma das leituras neste 2017 que merece nossa atenção, pelo o que está ocorrendo no Brasil, neste antagonismo que está destruindo o que ainda temos de democracia.

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