40 anos de Black Sabbath e do Heavy Metal

Texto por JR. Dib e Morcelli

40 anos de Black Sabbath e do Heavy Metal – AmbrosiaHá pouco mais de 40 anos surgiu o álbum que é considerado por muitos como o marco do nascimento do Heavy Metal graças ao que se pode chamar de mistura fina do rock que é o álbum de estréia da banda Black Sabbath. Antes de falar do álbum, um pouco de história e influências da banda naquela época.

Em 1968, a onda criada por Beatles e Rolling Stones estava no ápice, os tempos estavam mudando, a Guerra do Vietnã em alta e o movimento hippie estava nascendo. Neste contexto, o guitarrista Tony Iommi e o baterista Bill Ward estavam querendo montar uma banda de blues pesado após a separação de sua banda anterior, Mythology. Juntando-se ao baixista Geezer Butler e o vocalista Ozzy Osbourne (ambos ex-Rare Breed), eles formaram inicialmente o “The Polka Tulk Blues Band” juntamente do guitarrista Jimmy Phillips e saxofonista Alan “Aker” Clarke. Óbvio que esse nome não pegou e mudou para o diminutivo “Polka Tuk”, para depois “Earth”, sem os dois últimos membros.

Durante os idos de 1968, o “Earth” tocou covers de Cream, Hendrix e Blue Cheer por diversos clubes da Inglaterra, Dinamarca e Alemanha. Após uma briga com a banda, Tony Iommi se uniu ao Jethro Tull e apareceu no famoso programa de TV “The Rolling Stones Rock and Roll Circus”. Porém, a passagem de Iommi pelo Tull foi curta e ele voltou ao “Earth”, mas desta vez, com uma nova mentalidade.

Em 1969, a banda descobriu que estava sendo confundida com outra banda inglesa chamada “Earth” e resolveu mudar de nome de novo, desta vez, para “Black Sabbath”, em homenagem ao filme homônimo de Boris Karloff que fazia as pessoas ficarem em fila para ver coisas assustadoras, como ressaltou o baixista Geezer Butler. Seguindo-se a isto, Ozzy escreveu a música “Black Sabbath”, amplamente influenciada pelo trabalho do escritor Dennis Wheatley e uma visão que Geezer havia tido com uma sombra ao pé de sua cama.

O nome foi aceito oficialmente em agosto de 1969 e usado dali em diante, focando-se em músicas similares, com temáticas de horror. Quando se trata das influências musicais, a banda, como já disse, tinha um intuito de ser uma banda de blues pesada, ou seja, Tony Iommi tinha uma grande influência de guitarristas de jazz e blues, como Hank Marvin e Django Reinhardt. Ward era fã de Buddy Rich e jazz em geral, isso pode ser constatado pelas gravações dele com a banda. Geezer, como os outros, era fã de blues, jazz e rock como os Rolling Stones e Cream. Por fim, Ozzy era fã incondicional dos Beatles e já foi citado que ele disse que seu álbum predileto de todos os tempos era “Revolver”.

40 anos de Black Sabbath e do Heavy Metal – Ambrosia

A banda fechou um acordo com a Philips Records em dezembro de 1969 e em 13 de fevereiro de 1970, uma sexta-feira, lançou seu primeiro álbum, o homônimo “Black Sabbath“.

O Álbum

Há duas formas de você entender o sucesso de um álbum que serve de referências para a montagem do setlist dos shows do Black Sabbath e do Ozzy em carreira solo até os dias de hoje: ou a banda nunca mais fez algo tão bom quanto ele ou esta gravação é simplesmente a pedra angular de tudo que ela construiu depois. Certamente, tendo clássicos como Paranoid, Volume 4 e Sabotage em sua carreira, a segundo opção é a real.

Das sete canções que o álbum teve em seu lançamento original (Black Sabbath, The Wizard, Behind the Wall of Sleep, NIB, Evil Woman, Sleeping Village, Warning) as quatro primeiras costumavam ser tocadas pela banda até recentemente (antes da volta do vocalista Ronnie James Dio e a mudança do nome para Heaven & Hell) inclusive com Ozzy tocando a gaitinha de The Wizard ao vivo como fez na gravação. A questão é que elas foram responsáveis por moldar toda uma geração de bandas que viria a surgir não apenas naquela década mas também pelas décadas seguintes. E o mais bacana nem são as misturas de várias influências e a criação do riff pesado na guitarra, mas também as letras satânicas e zoadas com referências a ocultismo, magia negra e outros conhecimentos de se recusavam a fazer parte da cultura popular por uma série de preconceitos e medos da sociedade conservadora inglesa.

NIB: (…) Agora tenho você comigo, sob meu controle / Nosso amor se fortalece a cada hora / Olhe em meus olhos, você verá quem eu sou / Meu nome é Lúcifer, por favor segure minha mão (…)

Black Sabbath: Uma grande figura negra com olhos de fogo / Dizendo às pessoas seus desejos / Satã está sentado lá, ele está sorrindo / Observem aquelas chamas crescendo cada vez mais / Oh não, não, por favor Deus me ajude!

https://www.youtube.com/watch?v=E-s81cWIbRI

Abrir o álbum com a música título não é uma questão luxuosa mas sim uma necessidade: a abertura desta canção mostra a tudo que a banda veio, com um som pesado e grave e uma voz esganiçada cantando em desespero como se fugisse do próprio Diabo. Há também a fantástica The Wizard é sobre Gandalf o conhecido mago criado por Tolkien, outra referência que não era comumente utilizada na época – sem falar nas clássica N.I.B. que se iniciava com um solo de baixo de Geezer Butler mostrando o lado experimentalista do grupo. Lado este, aliás, que viria a se mostrar mais atenuante em Sleeping Village e, principalmente, The Warning, que focava mais no lado jazz de Iommi tendo 10 minutos de duração.

Evil Woman é um caso interessante, pois é um cover de uma música que havia sido lançado há menos de um ano por uma banda menor dos EUA, mas que fez muito sucesso a ponto de ser o single escolhido pelo Sabbath para representar o álbum. Para não destoar do restante do álbum ela recebeu uma roupagem mais pesada. Wicked World não foi lançada na versão original européia, mas fez parte do que saiu nos EUA e em alguns outros países, tendo se tornado não apenas uma das mais conhecidas da banda por lá mas também ficou marcada nas apresentações ao vivo pois era ali que Tony Iommi e o baterista Bill Ward tinham seus momentos de improvisar à vontade.

Black Sabbath é citado por, pelo menos, 9 em 10 bandas de metal que vieram depois da banda e deste álbum. O próprio Iron Maiden tocava covers da banda em início de carreira, sem falar no próprio Metallica que até regravou Sabra Cadabra e nos movimentos de black e death metal que têm Iommi e sua trupe como grande influência.

Alguns guitarristas ainda citam Iommi como sendo o rei do riff, aquele que aprimorou a idéia dos riffs de guitarra pesada usados tão bem pelas bandas de hard rock e heavy metal. Ozzy, nem se fala, um dos mais icônicos vocalistas da história, tanto por sua voz incomparável quanto por sua postura fora e dentro dos palcos.

Enfim, o debut da banda foi um sucesso de vendas e conseguiu criar uma legião de fãs de música pesada que não existia até então, marcando não apenas o seu terreno na sempre fértil cena musical inglesa mas também abrindo os portões para algo totalmente novo. Na época, mesmo com boas vendas e com os grupos de fãs que se formaram por Inglaterra e, pouco depois, nos EUA, o quarteto era tachado de tosco e recebia más críticas dos veículos especializados. Todavia, como bem sabemos na história na humanidade, coisas além de seu tempo costumam durar para sempre e assim é com Black Sabbath!

Tracklist

  1. Black Sabbath
  2. The Wizard
  3. Behind the Wall of Sleep
  4. NIB
  5. Evil Woman
  6. Sleeping Village
  7. Warning
  8. Wicked World (colocada na versão americana e no relançamento em CD mundial)
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Comentários 4
    1. È um cara que vende rifas, tipo aquelas "Qual o Nome da Sua Simpatia", saca?
      Era assim que o Black Sabbath se mantinha no início da carreira.

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