A MPB com cores quentes de Leandro Bertolo em “A Flor do Som”

Egresso das noites sulistas, o gaúcho Leandro Bertolo está lançando seu segundo álbum, agora todo autoral, “A Flor do Som”. O disco demonstra suas influências musicais como Djavan, Gonzaguinha, João Bosco, cujos repertórios eram presença frequente no shows de Bertolo.

Nos anos 1980, ele integrou a banda Conexão, co a qual se apresentava em bailes e casas noturnas do Rio Grande do Sul. Também montou o Estação Hits, focada em sucessos da música pop de todo os tempos nas rádios. Em 2016 lançou seu primeiro álbum solo, “Clareza”, chamando atenção da crítica.

Em “A Flor do Som”, a primeira faixa, que leva o nome do álbum, já evidencia a verve da MPB Pop do artista. Uma MPB de cores quentes, por assim dizer. Foi composta em parceria com Bianca Marini, sua esposa. “Bianca trouxe um pequeno vaso de vidro em forma de flor, e colocou dentro o celular conectado a um aplicativo. Na variada playlist estava tocando Mozart naquele momento. Ela disse que aquilo era ‘a flor do som’. Eu apenas completei: ‘a flor do som é Mozart, e assim nasceu nosso primeiro pop-jazz Djavaneado” conta Bertolo se divertindo.

A MPB com cores quentes de Leandro Bertolo em "A Flor do Som" – Ambrosia

O samba e o jazz são sem dúvida o tempero sobressalente do trabalho, com fortes pitadas de funk. O clima das canções é predominantemente ensolarado. Chama atenção a quinta faixa, Luz do amor, que também foi composta em parceria com a esposa (que também participa cantando), pela assombrosa semelhança do timbre vocal colocado por Bertolo com o de Djavan. Pode até confundir um desavisado.

A música ‘Te Espero na Canção’ traz uma levada que remete aos trabalhos de Gilberto Gil nos anos 80. Já ‘Náufagos de Amar’ vem com um forte approach com a família Caymmi. Em ‘Rotas do Sonhar’ Bertolo recorre ao afoxé para logo em seguida propor uma ruptura com ‘Darcy Alves’, um autêntico choro, com apuro nos arranjos.

O samba ‘Canto Forte’, com DNA de Gonzaguinha (praticamente uma prima-irmã de ‘E Vamos À Luta’), é, junto com a faixa-título, candidato a hit. O álbum fecha com o frevo ‘At’Ki’trazendo um clima de carnava baiano que derrapa um pouco em relação à proposta artística mais sólida mostrada nas faixas anteriores.

“A Flor do Som” e claramente um tributo de Leandro Bertolo aos artistas que admira. Sua bagagem de shows na noite tornou indelével a marca dos artistas cujas canções lhe são caras para montar o set. É impossível não deixar respingar acordes e maneirismos dos seus ídolos nesse seu trabalho autoral. Seria injusto não reconhecer como Bertolo imprime sua personalidade nas faixas. É nesse ponto que a maturidade conta pontos.

Nota: Excelente – 4 de 5 estrelas

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