Em meio a um instrumental intenso, o vocal etéreo entrega versos reflexivos e intimistas. Assim soa a estreia do quinteto Acrílico, que divulga seu primeiro EP, “Limbo”. O trabalho, que une o clima do dreampop e do alternativo com a psicodelia, possui cinco faixas e já está disponível nos principais serviços de streaming por meio do selo Casa da Árvore Records.
Confira o faixa a faixa abaixo
Aliás, Acrílico leva ao pé da letra a definição de dreampop. Testando os limites entre realidade e imaginação, a sonoridade da banda goiana transita entre riffs orgânicos, sintetizadores e efeitos, sem se tornar inacessível. Talvez por isso “Limbo” faça tanto sentido – cercado por dois mundos distintos, o EP cresce e caminha na dualidade.
“‘Limbo’ vai ser um divisor de águas na nossa história, é a consolidação de tudo que construímos até aqui, pois agora a gente passa definitivamente a existir publicamente para quem quiser ouvir. É também a profissionalização da banda, a partir de agora a gente já busca construir uma imagem mais sólida, tanto visual quanto musical”, reflete Pedro Mendes, guitarrista da banda.
Acrílico surgiu no início de 2016, e conta com a junção dos músicos Manoel Siqueira (voz e guitarra), Guilherme Tai (baixo), Lucas Santana (bateria) e Renato Oliveira (sintetizador), além do próprio Pedro.
A banda havia começado a revelar “Limbo” há três anos, quando lançou o single “Ciclos”, onde cantam sobre a finitude da vida. Em 2019, veio “Pó”, canção que abre o trabalho e ganhou um clipe que explora um universo surreal pelas ruas de Goiânia. “Grão”, “Inverno” e “Velho” mantém a unidade lírica do projeto, versando sobre questões de foro íntimo e emocional, como saúde mental e convenções sociais. As letras, na maioria compostas por Pedro e Manoel, falam sobre os seus devaneios interiores, exteriorizando suas visões acerca de assuntos como a solidão, a vida, a saudade e o autoconhecimento.
O EP “Limbo” contou com produção de Braz Torres Neme, no Complexo Estúdio e já está disponível nas plataformas de streaming de música.
Ficha Técnica:
Manoel Siqueira: Voz e Guitarra e composição de Ciclos, Grão e Velho
Pedro Mendes: Guitarra e composição de Pó, Inverno e Velho
Renato Oliveira: Sintetizador
Tai: Baixo
Lucas Santana: Bateria
Braz Torres Neme: Gravação/Mixagem/Masterização no Complexo Estúdio, Goiânia.
Descrição faixa a faixa, por Pedro Mendes:
Pó
Foi escrita em 2015, e passou por várias lapidações antes do resultado final. Foi influenciada diretamente por bandas como Beach House e Melody’s Echo Chamber. A letra é dividida em duas partes, com duas perspectivas sobre o mesmo indivíduo; é sobre sonhos surrealistas e pensamentos introspectivos.
Ciclos
Ciclos é bem direta: uma reflexão sobre o fim e sobre a tentativa de lidar com o mesmo da melhor forma. Convivemos com o fim das mais variadas formas todos os dias em nossas vidas – perda de entes queridos, sonhos, relacionamentos, vontades e tudo o mais. Cabe a cada um lidar e conviver com os fins ou com a sua possibilidade sem que isso se torne um fardo pesado demais.
Grão
O Manoel escreveu “Grão” em um momento de reflexão sobre a forma de se viver a vida, onde, de forma geral, passou a notar as pessoas vivendo de forma similar e com pensamentos similares baseados em construções já ultrapassadas de sociedade. Um senso comum que se torna comodismo, deixando a sociedade ser construída sem esforço para novas ideias e propostas.
Inverno
A música é uma viagem em busca de imagens sinestésicas para transmitir sentimentos abstratos. Eu compus num dos momentos mais difíceis da minha vida. Foi uma das minhas primeiras letras em português, e até hoje é a minha preferida. É basicamente a busca de uma libertação de um lugar frio e seco.
Velho
Velho é a personificação de alguém que se sente desgastado, carregando um peso que pode ser entendido como a depressão. Sentimento este que assola e desmembra a vontade de seguir, deixando os planos e objetivos muito longes, pesados e não merecedores do esforço. O primeiro trecho foi escrito por Manoel, enquanto o segundo foi a perspectiva de Pedro sobre o eu lírico, procurando narrar sobre a mesma persona, só que em 3° pessoa, mostrando que apesar do velho estar se sentindo inútil, existe alguém (um filho, um neto, ou qualquer pessoa) que o vê como um mentor e como uma pessoa admirável. Nós consideramos essa, tanto liricamente como musicalmente, a nossa melhor música.
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