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Blondie se mantém fiel aos seus pilares sonoros sem tirar os olhos da modernidade

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O Blondie é como o Duran Duran. Uma daquelas bandas que muita gente pensa que já acabou e se surpreende quando os vê lançando disco ou fazendo turnê. Na verdade o Blondie engatou uma segunda etapa a partir de 1999, 17 anos depois de seu fim, com o álbum “No Exit”. Depois dali foram shows, aparições em registros ao vivo até lançarem mais um disco em 2003, “The Curse of Blondie”; “Panic of Girls” oito anos depois e o último, “Ghosts of Downloads”, de 2014. Três anos depois, eles retornam com o novo “Pollinator” (Noble ID/BMG, 2017).

São 43 anos desde a fundação por Chris Stein e Debbie Harry, que se tornou diva mor do rock alternativo. Da formação original, além da dupla, também consta o baixista Clem Burke. O atual trabalho de estúdio não tem grandes pretensões. É um apanhado de canções pop, de fácil audição e com algumas participações especiais.

O álbum abre com a energética ‘Doom or Destiny’, com a facilmente identificável identidade sonora da banda. A musica, escrita por Blood Orange, tem participação de Joan Jett. Já a seguinte, ‘Long Time’, traz ‘Heart of Glass’ imediatamente à memória. Dançante, com efeitos de sintetizador e a marcação bastante semelhante ao sucesso de 1978 que confirmou o Blondie no mainstream. Não chega a ser auto-plágio. Mas, se tantas bandas indies os copiaram nos últimos anos, por que eles próprios não poderiam fazê-lo?

Em ‘Already Naked’, Debbie apela para a formatação lânguida de seus vocais. Ela pode estar com 71, mas sua voz ainda é capaz de evocar pensamentos impuros. Nessa faixa já vemos a banda procurando soar atualizada. O mesmo pode-se dizer da seguinte, ‘Fun’, em que também se nota uma intenção de update, em sintonia com o que está sendo feito na cena musical de hoje (sobretudo a indie). ‘My Monster’ é outra demonstração de poderio pop. A música conta com a guitarra do ex-The Smiths, Johnny Marr. Em ‘Best Day Ever’ é interessante constatar que a maturidade fez com que Debbie optasse por uns tons abaixo do seu usual no passado. A mesma música no final dos anos 70 teria sido cantada com vocais bem agudos. A música foi escrita por Sia junto com Nick Valensi dos Strokes.

‘Gravity’ (que tem colaboração de Charli XCX) e ‘When I Gave Up on You’ são despretensiosas e, por isso mesmo, deliciosas. A segunda em especial é a que mais aposta na simplicidade. O disco se encerra com uma sequência dançante iniciada por ‘Love Level’, seguida de ‘Too Much’ e ‘Fragments’.

Fica bastante evidente em cada faixa que o Blondie gravou “Pollinator” com o intuito de se divertir. Sua contribuição para a música pop foi incontestável. Então agora é a hora de relaxar, sem manchar o legado, livre do peso da cobrança de criar um novo grande hit. ‘One Way or Another’, ‘Telephone’, ‘Atomic’ e outras estão ali, no arsenal certeiro durante os shows. Mas certamente os fãs não se entediarão quando forem executadas as faixas desse novo trabalho.

https://open.spotify.com/album/6o4STrKI7oQoWppn6Nkdp5
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