O C6 Festival no Rio de Janeiro abriu com chave de ouro com os alemães do Kraftwerk. Conhecidos como os pais da música eletrônica, são uma das pedras fundamentais na música feita a partir da segunda metade do século XX, ganhando notoriedade no álbum “Autobahn” (1974), quando a banda se tornou um quarteto e enveredou pela música eletrônica. Há, inclusive, quem defenda que sua influência sobre a música popular contemporânea supera à dos Beatles. E como em se tratando de uma banda veterana sempre paira a ameaça de ser a última vez, um bom público compareceu ao Vivo Rio, espaço que abriga a etapa carioca do festival, com pessoas de várias idades, comprovando o alcance da banda.
Ok, a formação clássica não está mais ali há muito tempo. Do quarteto Ralf Hütter, Florian Schneider, Wolfgang Flür e Karl Bartos, restou apenas o primeiro (e fundador). Mas ainda assim, a mítica dos homens-máquina segue viva, a bordo dos clássicos indeléveis que permearam o setlist em um show relativamente curto, porém impecável.
A apresentação se iniciou com ‘Numbers’, trazendo números (claro) preenchendo o telão gigante atrás das icônicas plataformas em que os integrantes operam suas máquinas, emendando em outra do álbum “Computer World”, no caso, a própria faixa-título. Na seguinte, ‘Space-Lab’, era mostrado um satélite no espaço, a localização do Rio de Janeiro no mapa, e posteriormente um disco voador sobre a paisagem carioca, pousando, ao final da música, em frente ao Vivo Rio.
Com o público nas mãos, Hütter e seus comparsas atacou com ‘Autobahn’, ‘Computer Love’ e ‘The Model’. Essa, que pode ser considerada uma das músicas mais apelo pop do Kraftwerk teve até coro da plateia acompanhando o instrumental sintetizado.
Após levar o público a uma viagem lisérgica, puxada por Tour de France 1983 / Prologue / Tour de France Étape 1 / Chrono / Tour de France Étape 2, seguida de Trans Europe Express / Metal On Metal / Abzug, foi a hora de a banda transformar o Vivo Rio em pista de dança, literalmente, com as irresistíveis ‘The Robots’ (foi sentida a falta dos icônicos robôs no palco substituindo os músicos), ‘Planet of Visions’ e a dobradinha matadora do álbum “Eletric Cafe”, de 1986: ‘Boing Boom Tschak‘ e ‘Music Non Stop’.
Quem alega que as apresentações do Kraftwerk são frias, poderia ter tido uma surpresa caso presenciasse o show de ontem. O fato de serem quatro sujeitos praticamente imóveis sobre plataformas operando um maquinário sonoro (ou usina de energia, como diz a tradução literal do nome da banda) não evocasse nenhum tipo de empolgação da plateia. Ledo engano. Assim como em 2009, quando vieram para abrir os shows do Radiohead no festival Just a Fest, Hütter e seus comparsas Henning Schmitz, Georg Bongartz e Falk Grieffenhagen roubaram a cena do headliner, no caso aqui o Underworld, e os curiosos em meio à reverente massa de adoradores se converteram em fãs.
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