A cantora e compositora chilena, Claudia Manzo, acaba de lançar seu segundo álbum de estúdio. Intitulado “Re-voltar”, o disco chega às plataformas digitais após o lançamento de três singles – “Re-volta”, “Vacilão” que conta com a participação especial da cantora Mariana Cavanellas (ex-Rosa Neon), e “Água Benta”, faixa que conta com a participação especial do BaianaSystem – a propósito, o trabalho chega ao mundo depois de um período de grande destaque para a artista que ganhou bastante atenção da mídia e do público brasileiro por ter participado do EP “América do Sol” (terceiro ato do disco OXEAXEEXU do grupo brasileiro), no qual Claudia entrou com duas parcerias em composição, instrumentação e vocais – “Pachamama” e “Capucha”, ambas lançadas com clipes e destaque pela banda baiana.
O álbum conta com dez faixas autorais, inéditas, com composições de Claudia e parcerias da artista com o músico André Milagres, além de Luiza Brina (Graveola), com quem divide também os vocais na faixa Pequenos Homens, e Russo Passapusso, coautor da faixa Água Benta. As letras versam sobre questões do universo feminino de uma mulher latino-americana que vive no Brasil e enfrenta desafios como a luta contra machismo, a dor da injustiça social que assola o país, além de temas como a saudade, a liberdade dos corpos e a plataforma de encontros e desencontros que são os idiomas. “A língua também é minha pátria”, canta Manzo em referência à Caetano Veloso na faixa “Língua”. A maioria das canções é escrita e cantada em português, o que já não parece mais ser um desafio pra artista depois de tantos anos vivendo no Brasil. “Há ainda um portunhol que me percorre, mas já é menos sofrido do que quando comecei, por que hoje tenho acesso a mais palavras, contextos, significados, mais poesias, reflexões, mais linguagem coloquial e mais vivência brasileira”, afirma.
Com produção musical assinada por CIDO (produtor belo-horizontino responsável por trabalhos de artistas como Lamparina, Nath Rodrigues, Rosa Neon, entre outros), o disco mescla bases eletrônicas atravessadas por uma instrumentação orgânica, com instrumentos como o cajón peruano, o três cubano, o cuatro (instrumento fortemente presente na música latino-americana), além de violões, guitarras, baixos e metais. Os arranjos apresentam ritmos e elementos da música latina em mescla com uma forte presença da música brasileira, que já faz parte há tempos do referencial estético da cantora que se afirma “brachilena”, pelo fato de estar no Brasil há mais de uma década e não saber mais separar o país de sua arquitetura artística, filosófica e social. Apesar da distinção de gêneros musicais que separa o Brasil dos demais países da América Latina, Claudia percebe que é tudo parte de um mesmo continente, guardando musicalmente grandes interseções: “sinto que a troca com o BaianaSystem foi potente até mesmo por isso, na Bahia, que representa muito da música brasileira, a presença de ritmos como a salsa ou cumbia são fortes e influenciam muitos artistas em sua criação”, ressalta a compositora.
O título do álbum, “Re-voltar”, traz a ideia de decepção, inadequação com o rumo da sociedade, mas também alude à noção de recomeço, esperança, saudade, como algo que compreende que para se conectar à si próprio e restabelecer a harmonia das coisas, é necessária a fúria da inconformidade, e vice-versa. A capa do disco, com a fotografia de Luciana Diniz, traz uma referência ao povo Selknam, habitantes da região da Patagônia, um dos últimos grupos ameríndios a serem dizimados pelos europeus e que tinha uma organização social matriarcal. No mito Selknam, quando as mulheres governavam e os homens a elas serviam, houve uma revolta na qual eles perseguiram e se vingaram das líderes daquela sociedade. Uma delas conseguiu escapar e se tornou a lua.
O disco renderá ainda outros lançamentos ao longo do semestre: três faixas do repertório ganharão outras versões que serão lançadas até julho de 2022. “Re-voltar” chega aos aplicativos de música a partir das 0h do dia 18/03 (sexta-feira) e apresenta uma nova Claudia Manzo para o mundo. Conectada à música de seu tempo, sem perder sua identidade, muito pelo contrário: ressaltando a potência de seu canto, a expressão de seus ritmos e a força de suas ideias como nunca.
Sobre Claudia Manzo
Nascida em Santiago no Chile, Claudia Manzo veio para o Brasil há dez anos em busca de novas experiências e caminhos pra sua vida. “América por una mirada feminina” (2017/independente), seu primeiro álbum apresenta em seu repertório totalmente autoral o canto potente de uma mulher latino-americana com a vontade pulsante de contar sua história e conta com participações de Dea Trancoso, Barbara Barcellos e Marcelo Pretto. O álbum posicionou bem Claudia Manzo na rica cena musical mineira e a partir de então diversos caminhos foram se abrindo, como os que a participar da banda Orquesta Atípica de Lhamas, figurinhas carimbadas da cena belo-horizontina, fruto do efervescente carnaval da cidade, e que mistura a energia carnavalesca brasileira com outros ritmos latinos. A cantautora, que é também arte-educadora, fundou os blocos Bruta Flor e Carnaval das Minas, e faz parte de diversos movimentos políticos da cidade ligados à pauta feminista e coleciona em seu histórico colaborações artísticas de peso, como com a cantora Mariana Cavanellas (ex-Rosa Neon), Luiza Brina (Graveola) e o grupo brasileiro BaianaSystem.
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