O Dire Straits nunca veio ao Brasil. É uma daquelas frustrações de fãs brasileiros de rock, junto com o Led Zeppelin e o Pink Floyd. Apenas Mark Knopfler, líder, vocalista e guitarrista chegou a passar por aqui já em sua carreira solo.
O DS foi fundado em 1977 no Reino Unido e contou com diversos músicos passando por suas formações ao longo dos 18 anos em que esteve ativo. Teve como auge do sucesso o álbum “Brother In Arms”, de 1985, um fenômeno de vendas na história do rock. O encerramento das atividades anunciado em 1995, quatro anos depois do lançamento do derradeiro álbum “On Every Street”, deixou toda uma massa de fãs órfãos, e uma sonhada reunião nunca aconteceu, ao contrário de outras bandas consagradas.
A tarefa do Dire Straits Legacy é justamente preencher essa lacuna. E pelo que se viu no cheio Qualistage no último sábado (6) no Rio de Janeiro, o público brasileiro continua ávido por reviver os shows do DS, dada a lotação quase esgotada da casa de shows na Barra da Tijuca, apenas um ano depois da última passagem da banda pelo Brasil. E quem compareceu não saiu decepcionado.
A banda é formada por Primiano Dibiase (teclados), Danny Cummings (percussão e voz) e Cristiano Micalizzi (bateria), John Gibblin (baixo) e Marco Caviglia (voz e guitarra), que ganhou notoriedade por conseguir reproduzir o estilo único de se tocar guitarra de Knopfler. A eles se juntam Alan Clark (teclados), Phil Palmer (guitarra), Mel Collins (sax), Jack Sonni (guitarra) e Danny Cummings (percussão e voz).
Clark foi o mis longevo na banda original, permanecendo de 1980 até o fim, em 1995. Sonni, por sua vez foi convidado por Mark Knopfler para se juntar ao Dire Straits para as sessões de gravações e turnê do álbum “Brothers in Arms”, lançado em 1985, participando da turnê do álbum e ficando na banda até 1988. Collins se juntou ao DS em 1982 e tocou no álbum e turnê “Love Over Gold” e no álbum “Twisting by the Pool”. Já Cummings e Palmer foram adições da fase final, tocando como músicos de apoio no álbum “On Every Street” e na turnê que o divulgava, a última da banda.
Com bastante vigor e excelência executaram todos os principais clássicos da banda de Mark Knopfler, com o italiano Marco Caviglia reproduzindo com assombrosa fidelidade o estilo de Knopfler (tocando guitarra sem palheta, inclusive), isso sem contar com o vocal bastante similar. É contagiante a empolgação de Caviglia, Dibiase, Micalizzi
O show abriu com ‘Expresso Love’ e seguiu com ‘Skateaway’ e ‘Tunnel of Love’. São músicas bastante queridas pelos fãs, mas o público geral começou a vibrar mesmo com ‘Tunnel of Love’, que foi sucedida por outro grande clássico, ‘Romeo & Juliette’, com luzes dos celulares causando o “efeito Coldplay”, por assim dizer.
‘Private Investigations’ foi outro momento, mas foi a partir de ‘The Latest Trick’ que os fãs mais casuais mostraram nítido entusiasmo. Tudo bem que o famoso sax do hit do álbum “Brothers In Arms” não foi tocado originalmente por Collins, que já havia deixado o DS em 1985, e sim por Michael Brecker. Mesmo assim foi bonito de se ver (e ouvir, claro). ‘Walk of Life’ veio logo em seguida e fez realmente todos esqueceram seus acentos e bebidas (o show era com mesas e lugares marcados) para sacolejar ao som desse contagiante country rock, com a “pilha” devidamente colocada pelo vocalista e guitarrista, que convocou os presentes a se levantarem e irem para perto do palco. Afinal, era um show de rock.
Depois da menos conhecida ‘Setting Me Up’ , do primeiro álbum, veio ‘The Bug’, a única de “On Every Street” no repertório. ‘Sultans of Swing’ foi outro ponto alto, com Caviglia efusivamente aplaudido no solo final. ‘Money For Nothing’ , que como esperado colocou o Qualistage para dançar, fechou o tempo regulamentar. No bis, a banda apresentou ‘Brothers In Arms’ e outro clássico também do multiplatinado disco de 1985, ‘So Far’.
O show dessa turnê chamada foi dedicado a um amigo do grupo “Ricky”. Porém mais detalhes referentes à identidade não foram fornecidos pelo vocalista.
Sim, o ideal seria termos a oportunidade de assistir ao Dire Straits original. Mas é inegável que uma banda cover (de luxo, vale ressaltar) com músicos que tocam com amor a seus ídolos e reverência a seu público – o melhor exemplo de “de fã para fã” – muitas vezes vale mais do que muitas novidades vazias com muita pose e pouco a apresentar no palco. Se o futuro do classic rock está nos shows “experiences” (já que bandas e artistas clássicos estão aposentados ou já nos deixaram), que venham com o capricho e a animação do Dire Straits Legacy.
DSL – Dire Straits Legacy – Setlist
01 – Expresso Love
02 – Skateaway
03 – Ride Across The River
04 – Tunel Of Love
05 – Romeo & Juliet
06 – Telegraph Road
07 – Private Investigation
08 – Your Latest Trick
09 – Walk Of Life
10 – Setting Me Up
11 – The Bug
12 – Sultans Of Swing
13 – Tow Young Lovers
14 – Money For Nothing
15 – Brothers In Arms
16 – So Far Away
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