Emicida faz apresentação maiúscula no Festival SambaRap

A segunda noite do SambaRap Festival, no último sábado no Circo Voador, foi do nome mais importante do RAP nacional: Emicida. O paulista de 32 anos lançou seu último disco, “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa”, em 2015. E não houve uma lista de melhores disco daquele ano que não constasse o trabalho do rapper, que incorpora matizes ancestrais africanos à sua sonoridade, misturando o groove urbano com o peso das percussões. Embora o Rio não conte com uma cultura hip hop tão forte quanto a de São Paulo (o forte aqui é mesmo o funk), o número de adeptos é bastante expressivo. Isso pôde ser constatado pelo número de pagantes e pela forma como as letra eram acompanhadas.


O repertório se concentrou em seus dois álbuns (o anterior é “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui”, de 2013). As bombas relógio ‘8’ e ‘Boa Esperança’ foram os cartões de visita, abrindo a apresentação. Emicida pediu uma salva de palmas para o Jongo da Serrinha, a atração de abertura. Ele aproveitou para criticar a falta de memória do país em relação à música negra. Também alfinetou a polêmica em torno do seu terno de 15 mil reais. E seguiu com ‘Bang!’ e ‘Gueto’. O rapper é acompanhado por uma banda afiadíssima formada por músicos que enchem os olhos (e ouvidos) com sua técnica. Com destaque para os percussionistas Carlos Café e Sivuca e a Anna Tréa guitarrista, baixista, que ainda dá uma força nos backing vocals. Eles são os responsáveis por deixar a sonoridade ainda mais pesada ao vivo.
A dobradinha com as músicas mais suaves e radiofônicas de “Sobre Crianças…”, ‘Baiana’ e ‘Passarinho’ foi acompanhada entusiasmadamente pela plateia, como era de se esperar. Porém, ambas trazem participações especiais em estúdio, e esse é o problema das colaborações. Nem sempre é possível reproduzir a parceria no palco. No caso da segunda, quem for conferir Vanessa da Mata no dia 26, também no Circo, poderá presenciar a dupla ao vivo. Ele revelou que estará no Rio para fazer uma aparição no show. Já a primeira, que conta com participação de Caetano Veloso, nem tão cedo.


Depois da poderosa ‘Unbutu Fristaile’, que mistura dub com percussão afro, veio uma versão de ‘Marinheiro Só’. E o primeiro tempo foi encerrado com ‘Casa’, mas uma do último álbum. Na volta para o bis, uma improvisação hip hop, sua especialidade (Emicida surgiu fazendo batalhas de improvisos). O show se encerrou com ‘Levanta e Anda’, faixa do álbum “O Glorioso Retorno…”.
Se a prova dos nove de um artista se dá a vivo, pode-se dizer que não resta a menor dúvida da relevância de Emicida. Não só na cena RAP, mas na atual música popular brasileira. Faz um som sofisticado, ousado, encorpado, que, no palco, agiganta-se ainda mais. Esperamos que ele já esteja influenciando diretamente toda uma nova leva de rappers.

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