Cantora, rapper, compositora, escritora, atriz, arte educadora e ativista. Muitos são os adjetivos para descrever Kaê Guajajara. A multi artista faz de sua obra uma oportunidade de mais pessoas indígenas se reconhecerem fora da identidade colonial, e também oferece aos brasileiros um caminho para a empatia com os povos originários, que denunciam continuamente o racismo e a exploração que sofrem. É isso que ela faz em seu recente álbum “Kwarahy Tazyr” e que ela trará para os palcos, para a primeira performance do projeto no dia 19/12, na Casa das Caldeiras, a partir das 19h30.
Ao vivo, Kaê fará do show um verdadeiro ritual e celebração com uma forte performance de palco da artista acompanhada pela DJ Germania e com participações especiais de Bia Ferreira e Kandú Puri.
As letras de “Kwarahy Tazyr” servem como provocações e questionamentos de uma visão dominada pelo homem branco. Kaê Guajajara não se coloca como vítima do sistema, e sim como parte de uma luta por mudanças, em busca de uma independência diferente daquela que conhecemos – que leva a genocídios, etnocídios e ecocídios e, posteriormente, à violência das favelas e das cidades.
O álbum oferece uma nova perspectiva sobre a colonização a partir de composições originadas dos sonhos de Kaê – uma técnica ancestral de se receber os cantos. O título “Kwarahy Tazyr” significa “Filha do Sol” em zeeg’ete, língua do povo indigena Guajajara, e traz para o primeiro plano uma ligação com a espiritualidade e personalidade da própria Kaê. Cantando e fazendo seu flow, a artista apresenta uma música contemporânea indígena que perpassa todos os estilos com elementos originários (maracá, flauta e línguas) para denunciar uma realidade que vai muito além do noticiário e das lutas dos povos aldeados pela demarcação de terras. Aqui, ganha protagonismo a vivência daqueles que cresceram sem terra por conta do conflito com invasores e se exilaram nas favelas das capitais brasileiras.
Nascida em Mirinzal (MA) e pertencente à etnia Guajajara, Kaê se mudou para o complexo de favelas da Maré (RJ) ainda criança, e teve sua vida marcada por preconceitos e racismo por conta de seus traços e sua origem. Mais que uma expressão artística, ela vê na música uma forma de resistir e se manifestar contra o silenciamento dos povos originários imposto pelos colonizadores e perpetuada até hoje pelos seus descendentes.
O novo álbum vem na esteira do bem recebido EP de estreia, “Hapohu”, lançado em 2019 e mesclando beats às letras onde relata suas vivências invisibilizadas; e do segundo trabalho, “Uzaw” (2020), onde essa narrativa se estende ao genocídio dos povos indígenas mascarado de evolução. Ainda no ano passado, revelou seu terceiro EP, “Wiramiri”.
Kaê foi fundadora do coletivo de indígenas em contexto urbano AZURUHU e em 2020 lançou seu primeiro livro, “Descomplicando com Kaê Guajajara – O que você precisa saber sobre os povos originários e como ajudar na luta anti-racista”. Agora, ela está pronta para o próximo passo, sem abrir mão de suas origens: o primeiro álbum visual de uma artista indígena no Brasil, “Kwarahy Tazyr”.
O álbum está disponível para streaming nas principais plataformas e o livro estará disponível para download gratuito via QR Code para todos que comparecerem ao show. Para presença é indispensável a apresentação do esquema vacinal completo e o uso de máscara dentro da casa. A Casa das Caldeiras fica localizada na Av. Francisco Matarazzo, 2000.
Serviço
Kaê Guajajara – lançamento do disco “Kwarahy Tazyr”
Data: 19/12/2021 (domingo
Horário: 19H30
Local: Casa das Caldeiras
Endereço: Av. Francisco Matarazzo, 2000 – Água Branca – São Paulo/SP
Ingressos: R$ 120,00 / R$ 60,00
Estacionamento: ParkMe Casa das Caldeiras. É recomendado o uso de motorista por APP, táxi ou transporte público. Se beber, não dirija.
Bar: Brass Brew, cervejaria Artesanal com receitas autorais. Você pode escolher ficar no simpático lado de fora ou na acolhedora parte interna. Abertura às 14h00.
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