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Living Colour reafirma a relevância do clássico “Vivid” em show impecável no Rio

Em sua nova visita ao Brasil o Living Colour não tem disco novo para divulgar. A atual turnê comemora os trinta anos de “Vivid”, disco de estreia lançado em 1988 que colocou a banda no mapa. A sonoridade chamava atenção pela mistura de metal, soul, funk (o verdadeiro) e hip hop. A mesma proposta dos contemporâneos Red Hot Chilli Peppers e Faith No More. Mas com o diferencial de os quatro integrantes serem negros, além disso havia as letras politizadas, recheadas de críticas sociais e questões raciais.

A última vez em terras cariocas foi no Rock In Rio de 2013. Na ocasião dividiram palco com a cantora beninense Angélique Kidjo. Na noite de ontem, o público que praticamente lotou o Circo Voador no Rio de Janeiro pôde constatar que, na verdade, nem parece que se passaram três décadas.

Revisitando o álbum clássico

Corey Glover (vocais), Vernom Reid (guitarra), Will Calhoun (bateria) e Doug Wimbish (baixo) entraram no palco esbanjando despojamento. Para aquecer os motores, foram executadas três músicas do último disco, “Shade”, de 2017. Abriram com ‘Preaching Blues’, com recepção calorosa da plateia, seguida de ‘Come On’ e ‘Who Shot Ya’. A primeira um cover suingado e pesadão de Robert Johnson, a terceira uma versão do rapper Notorious B.I.G.

Glover, trajando um terno bem espalhafatoso, bermuda e um chapeuzinho, saudou a plateia lembrando o aniversário do debut. “30 anos! Vamos tocar o álbum do início ao fim, tudo bem?”. A resposta não podia ser mais calorosa. Aos primeiros acordes do chumbo grosso ‘Cult of Personality’ o Circo Voador literalmente tremeu. A letra era cantada pela plateia sem atravessar. Parecia um show do “Queremos!”, onde 90% do público realmente conhece o artista.

‘I Want to Know’ e ‘Middle man’ mantiveram a animação. ‘Open Letter (To a Landlord)’ inicia-se com a deixa para Glover liberar sua verve soul nos vocais e teve a última estrofe (You’ve got to fight/You’ve got a right/To fight for your neighborhood!) entoada pelo público. ‘Funny Vibe’, que alterna peso com balanço, incitou uma tímida rodinha de pogo na plateia. O cover de Talking Heads ‘Memory Can Wait’ é um dos maiores exemplos de apropriação devida na música. Tinha tudo para ter sido uma composição do LC. A bela ‘Broken Hearts’ dá uma certa acalmada na sequência de petardos. Para alguns foi o momento para pegar uma aguinha ou, para quem estava no mezanino, sentar e esticar um pouco as pernas.

O hit ‘Glamour Boys’ , tiração de sarro com os jovens de classe média alta, ganhou ainda mais suingue do que na versão original. No fim, Glover fez uma brincadeira adaptando a frase que encerra a música: “trinta anos e meu crédito ainda não é bom?”. Em seguida ‘What’s Your Favorite Colour’ transformou o Circo em pista de dança. ‘Wich Way to America’ fechou o set finalizando com muita distorção.

O segundo disco também teve vez

A banda saiu do palco mas deixou o baterista, que executou um virtuoso solo que envolvia base e efeitos eletrônicos. Na volta para o bis, vieram três músicas do álbum seguinte, “Time’s Up”, de 1990. Daí vieram ‘Love Rears It’ Ugly Head’, ‘Elvis is Dead’ – que foi pedida em coro pela plateia no retorno ao palco – com direito a um snipet de ‘Hound Dog’ e até dancinha de Glover no estilo Elvis. ‘Type’ fechou os trabalhos da noite. A banda havia dado entrevista manifestando crítica ao presidente do Brasil Jair Bolsonaro. A plateia aproveitou para fazer protesto, aos gritos de “ei Bolsonaro vai tomar (vocês sabem…)”.

Os shows do Living Colour são impecáveis e o que a casa na Lapa carioca presenciou não foi diferente. Shows comemorativos de aniversário de álbum costumam perder o fôlego nas músicas menos conhecidas. No caso de “Vivid” isso não aconteceu, e reforçou a importância desse disco, um dos pilares do chamado funk metal que merece ser revisitado.

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