AcervoCríticasMúsica

Paralamas do Sucesso se mantêm sobre seus sustentáculos com “Sinais do Sim”

Compartilhe &media=https://ambrosia.com.br/wp-content/uploads/2017/08/sinais-do-sim-1.jpg" rel="nofollow"> &title=Paralamas%20do%20Sucesso%20se%20mant%C3%AAm%20sobre%20seus%20sustent%C3%A1culos%20com%20%E2%80%9CSinais%20do%20Sim%E2%80%9D" rel="nofollow"> &name=Paralamas%20do%20Sucesso%20se%20mant%C3%AAm%20sobre%20seus%20sustent%C3%A1culos%20com%20%E2%80%9CSinais%20do%20Sim%E2%80%9D" rel="nofollow">

O peso de ser um dos pilares do BRock recai sobre os ombros do Paralamas do Sucesso não é de hoje. Soar relevante depois de 34 anos não é tarefa fácil. Recorrer ao fácil recurso das coletâneas e turnês comemorativas é tentador. Muito mais seguro do que dar a cara a tapa em um trabalho novo que certamente sofrerá comparações com os clássicos. De fato Herbert Viana, Bi Ribeiro e João Barone fizeram turnês greatest hits, como a comemorativa dos 30 anos de banda, realizaram até o interessante show apenas com guitarra, baixo e bateria, dispensando teclados e metais, que acompanham a banda há bastante tempo.

Passados oito anos longe dos estúdios (o último álbum de inéditas é “Brasil Afora”, de 2009), era chegada a hora de colocar material novo na praça. E chega “Sinais do Sim” (Mangaba/Universal Music, 2017), gravado em março deste ano, no Rio de Janeiro, e mixado em Los Angeles, pelo produtor Mario Caldato Jr. Das onze faixas, temos dois covers: ‘Medo do Medo’, da rapper portuguesa Capicua, e ‘Cuando Pase El Temblor’, do Soda Stereo, numa versão energética e com estrofes em português da música lançada pelo conjunto argentino em 1985. O repertório também traz uma composição inédita do ex-Titãs Nando Reis, ‘Não Posso Mais’ e uma canção que Herbert assina sozinho, ‘Blow he Wind’, com letra em inglês.

Pode-se dividir “Sinas do Sim” em lado A (as seis primeiras músicas) e lado B (as outras cinco), e o segundo leva a melhor. O disco abre com a faixa título, que foi a primeira a ser divulgada. Com um leve acento sessentista (que evoca Beatles e psicodelia californiana), não configura entre as composições mais inspiradas do trio, mas tem bom andamento e cumpre bem o papel de abrir os trabalhos. Em seguida vem ‘Itaquaqecetuba’, com levada rap funkeada, mas não chega a empolgar. ‘Não Posso Mais’ parece ser de autoria dos Paralamas. Certamente Nando Reis a deixou em estado bruto para que eles dessem a cara da banda à composição. A redundante ‘Teu Olhar’ lembra os momentos menos brilhantes da carreira dos Paralamas do Sucesso ali pela segunda metade dos anos 90.

Quando a coisa parece se encaminhar para um disco meia boca, vem a interessante ‘Contraste’, com uma elaborada linha de guitarra santaniana. O rock vigoroso e urgente ‘Corredor’ é outro bom momento do álbum. Na reta final vem a leveza colorida de ‘Olha A Gente Aí’, entrelaçada no disco com citação do poema Ó sino da minha aldeia (1914), de Fernando Pessoa (1888 – 1935) e o reggae ‘Sempre Assim’. A capa do disco é assinada pelo artista carioca Barrão, que já havia feito para a banda a capa de “Hey Na Na” (1998). A ilustração contém a escultura chamada “Já Fui Jarro”.

“Sinais do Sim” não chega a ser brilhante, mas é uma mostra de que os Paralamas do Sucesso ainda possuem algum poder de fogo e se mantêm fiel a seus sustentáculos, mesmo querendo dar alguns sopros novidadeiros. O mérito fica justamente em vencer a zona de conforto e lançar um trabalho inédito para ser trabalhado ao vivo no palco. Bi declarou essa semana em entrevista que  álbum nasceu do desejo de se sentir vivo. Não foi imposição contratual com gravadora. Enquanto há material inédito para justificar uma turnê, a banda de rock ainda tem sua relevância assegurada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sugeridos
AnimeCríticasFilmes

Rosa de Versalles: Um Musical que Celebra Cinco Décadas de uma Obra Clássica

Em 2022, o clássico mangá Rosa de Versalles (Berusaiyu no Bara), criado...

AgendaMúsicaNotíciasShows

Planet Hemp anuncia seu fim com turnê de despedida

Chega ao fim a jornada dos homens-fumaça. O Planet Hemp anunciou nessa terça-feira (17)...

CríticasFestivaisFilmes

Cloud, de Kiyoshi Kurosawa, abre a 14a edição do Olhar de Cinema

O filme de abertura da 14a edição do Festival Internacional Olhar de...

ClássicosCríticasFilmes

Boyhood e a Teoria dos Vínculos

Filmado ao longo de 12 anos, mostra a evolução de uma família...

LançamentosMúsica

Nívea Soares relança o clássico “Santo” em nova versão ao vivo

Escrita pela própria Nívea, “Santo” foi lançada originalmente em 2007 e também...

Marku Musical por Pablo Bernardo
AgendaMúsicaTeatro

No CCBB SP, Marku Musical revisita obra de Marku Ribas

Após temporadas marcantes em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, o...

Foto por Bruna Sussekind
AgendaMúsica

Mari Jasca leva turnê “Disparada” a cidades do Rio de Janeiro e São Paulo

A cantora, compositora e artista cênica Mari Jasca está em circulação com...

CríticasFilmes

Como Treinar Seu Dragão live-action copia, cola e repete a mágica

A chegada de “Como Treinar Seu Dragão” live-action, poucos dias depois de...

AstrosMúsica

O legado de Brian Wilson, o gênio dos Beach Boys

Chamar Brian Wilson de gênio não é exagero ou banalização do termo....

Artes VisuaisCríticasFilmesVideos

Humano: Uma Viagem pela Vida, do diretor Yann Arthus-Bertrand

Pessoas comuns falam espontaneamente o que pensam sobre amor, morte, ódio, discriminação,...

LançamentosMúsica

Segundo Tempo lança novo single “Deixe o mundo vir a mim”

A banda brasiliense Segundo Tempo acaba de lançar seu novo single, “Deixe...

AstrosListasMúsica

Grandes momentos de Sly Stone

A música perdeu na segunda-feira (9) a lenda do funk americano Sly...