A 11ª Edição do Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte – FIQ BH, que acontece de 3 a 7 de agosto, no Minascentro, ganha programação extensa e totalmente gratuita, com atividades para jovens, adultos, crianças e profissionais do setor.
Com a temática “Quadrinhos e o mundo do trabalho”, o FIQ BH 2022 reúne artistas locais, nacionais e internacionais, que participam de diversas atrações. A programação inclui oficinas, exposições, sessões de filmes, mesas de artistas, feira de quadrinhos, debates, sessões de autógrafos, duelos de HQs, rodada de negócios, entre outras, durante os cinco dias de festival.
Neste ano, 189 mesas irão compor a feira de quadrinhos, com exposição e venda de publicações e produtos de quadrinistas de todo o Brasil. O FIQ BH segue os protocolos sanitários vigentes em Belo Horizonte de combate à covid-19.
Temática “Quadrinhos e o mundo do trabalho
Com curadoria da jornalista e quadrinista baiana Amma e do psicólogo mineiro e pesquisador da representação social do feminino em histórias em quadrinhos Lucas Ed, a 11ª edição do FIQ BH apresenta o tema “Quadrinhos e o mundo do trabalho”, que irá abordar a dinâmica da profissionalização de agentes relacionados ao universo dos quadrinhos, frente às crises que o mercado tem enfrentado.
Essas questões se refletem nas mesas-redondas, debates e conversas com convidados de renome nacional e internacional. A proposta é refletir sobre o(s) trabalho(s) envolvido(s) na produção de uma história em quadrinhos (pesquisa, planejamento, entrevistas, execução, divulgação); as atividades em torno da produção, como o trabalho de tradutores; os quadrinhos que falam sobre trabalhadoras e trabalhadores e suas atividades; e como é ter a essa arte como meio de vida.
Homenageado traduz espírito da edição
Outro destaque da programação é a presença do artista homenageado, o quadrinista, ilustrador e professor paulistano Marcelo D’Salete. Aos 42 anos de idade e com quase 20 anos de carreira, ele é um dos autores de quadrinhos mais premiados no Brasil, tendo ganhado um dos mais importantes prêmios de quadrinhos do mundo: o Eisner de melhor edição americana de material estrangeiro, em 2018, com a edição norte-americana de “Cumbe”. No mesmo ano, Marcelo D’Salete levou também o Prêmio Jabuti com “Angola Janga”, na categoria Histórias em Quadrinhos.
Suas obras mais aclamadas tratam da história da resistência à escravidão no Brasil pela ótica dos povos negros: “Cumbe” (2014) e “Angola Janga” (2017), ambas publicadas pela editora Veneta. “Angola Janga”, seu quadrinho mais recente, é fruto de uma pesquisa de dez anos sobre Zumbi dos Palmares, Ganga Zumba e o famoso quilombo. Além dos prêmios que conquistou, “Angola Janga” já é considerado pela crítica especializada como um dos mais importantes quadrinhos feitos e publicados no Brasil.
“Multipremiado no Brasil e no exterior, D’Salete sintetiza muito bem o espírito desta edição. ‘Angola Janga’, sua principal obra até agora, é o resultado imperdível de anos de suor e pesquisa. E mais especial ainda poder homenagear, pela primeira vez, um autor negro de quadrinhos”, celebra Lucas Ed.
O homenageado estará presente no FIQ BH 2022 com a mesa “Marcelo D’Salete entre faróis, favelas e quilombos”. Uma exposição com trabalhos e destaques de sua carreira também compõem a programação do Festival. Na exposição “Malungo D’Salete: Entre faróis, favelas e quilombos”, o público terá a oportunidade de mergulhar no trabalho do quadrinista por meio de reproduções de páginas, vídeos, quadros, texturas, pinceladas, símbolos e palavras.
PROGRAMAÇÃO GRATUITA E DIVERSIFICADA
Mesas-redondas, debates e bate-papos
Não faltam destaques na programação das mesas-redondas, debates e bate-papos. Elemento que passa muitas vezes despercebido nos HQs, o roteiro é o ponto central da mesa “No início era a palavra. Criação e Roteiro de Quadrinhos”, que reúne os convidados Carol Rossetti (BH), Ademar Vieira (AM) e Ing Lee (BH), e que acontece no primeiro dia de evento, 3/8, às 18h.
No mesmo dia, às 19h30, o Grupo Galpão, que completa 40 anos, brinda o público do evento com a presença dos atores Eduardo Moreira (BH), (BH) e Teuda Bara (BH) namesa “Quadrinhos na Ribalta – Os desafios de dialogar quadrinhos com teatro”.
Na linha faça você mesmo, o evento pensa a produção independente na mesa “Faça você mesm@, fale você mesm@: zines, quadrinhos underground e autopublicação”, que acontece no dia 4/8, a partir das 12h, com Tai Silva (PA) , Fabiano Azevedo (BH), Alec (BH) e Bennê Oliveira (PE). Como viver de quadrinhos? É essa a discussão em torno da mesa “Quando os quadrinhos SÃO o trabalho: vivendo entre rascunhos e boletos”, que será realizada no mesmo dia, às 15h, com a presença dos convidados Cris Bolson (BH), Raphael Salimena (MG), Ilustralu (RN) e Ana Cardoso (MG).
As atividades incluem ainda encontros para refletir a relação dos quadrinhos com o jornalismo, a crítica especializada, a internet e as redes sociais, entre outros recortes como narrativas de origem, questões de gênero e de representatividade. Os temas se refletem em mesas como “Webcomics e redes sociais: produzindo para a internet nos dias de hoje”, no dia 5/8, às 15h, com Bennê Oliveira (PE), Paulo Moreira (PB), Raphael Salimena (MG) e Helô D’angelo (SP).
“Uma das grandes atrações do evento é o trabalho de Luiza de Souza (RN), a IlustraLu, com seu quadrinho Arlindo. A Lu é do Rio Grande do Norte e já possui várias indicações de prêmios com a história de Arlindo, um menino gay que busca seu lugar no mundo. Vamos ter artistas que são sucesso na internet, como Paulo Moreira (PB) e Helô D’Ângelo (SP), e muitos outros convidados especiais”, adianta Amma.
Também na sexta-feira, 5/8, às 17h30, uma mesa especial denominada “FIQ BH – ontem, hoje, amanhã” vai reunir os curadores Lucas Ed (BH) e Amma (BA), e o assessor da Diretoria de Políticas de Festivais da Fundação Municipal de Cultura Afonso Andrade (BH) para uma discussão conceitual sobre o festival. Em pauta, as particularidades do FIQ BH enquanto evento público voltado para os quadrinhos: O que já foi feito ao longo de onze edições? Qual é o trabalho necessário para fazer esse evento? O que podemos esperar dos próximos festivais?
Convidados internacionais –Chloé Cruchaudet é nascida em Lyon, na França, e, depois de estudar arquitetura e artes gráficas em Lyon, frequentou a escola de animação Gobelins. Isso fez com que ela desenvolvesse seu gosto pelo desenho in loco e trouxe uma abordagem cinematográfica para seu trabalho. Sua produção é inspirada em livros históricos ou autobiografias. Ela participa da mesa “Quadrinhos e transmídia: animação e outro registros”, no dia 4/8, quinta-feira, às 18h, e recebe o público para o bate-papo “Conversa em quadrinhos: ficção histórica” no dia 6/8, às 13h30.
O francês Fabien Toulmé, que tem publicações no Brasil e que são sucesso pelo mundo afora, participa do bate-papo “Conversa em quadrinhos: as narrativas intimistas”também no dia 6/8, sábado, às 15h.
Mostra de cinema e exposição
Entre as atividades desta edição, o FIQ BH apresenta ainda a mostra de cinema que apresentará obras focadas tanto na temática geral do evento quanto na interseção dos quadrinhos com o mundo da animação. Serão seis filmes exibidos no Cine Santa Teresa, gratuitamente: Culottées – Mai Nguyen et Charlotte Cambon De La Valette; Wood & Stock – Otto Guerra; Aya de Yopougon – Marguerite Abouet, Clément Oubrerie; Um homem está morto – Olivier Cossu; Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme – Steve Martino; Playlist – Nine Antico;
Além da exposição “Malungo D’Salete: Entre faróis, favelas e quilombos”, do homenageado do FIQ BH 2022, as artes visuais também estão representadas com a exposição “Gemini”, história em quadrinhos de Rogi Silva e Clémence Bourdaud, que parte do diálogo entre linguagens, artistas e culturas. Ele, brasileiro, e ela, francesa, transportam a HQ para uma instalação digital e interativa, na qual o público é convidado a fazer uma imersão na história e conhecer uma nova perspectiva de narrativa.
*A exposição “Gemini” está em cartaz na Casa Fiat de Cultura e poderá ser vista presencialmente até 14/8.
Mais FIQ
Oficinas – Profissionalização e formação de público
Outro viés sempre importante para o evento, as oficinas irão oferecer atividades voltadas tanto para a formação de público quanto para a prática dos quadrinhos. O 11º FIQ BH conta com oficinas gratuitas para todas as idades, que serão ofertadas para despertar a curiosidade e o interesse artístico no mundo dos quadrinhos com atividades ligadas à prática do desenho.
A programação também contará com oficinas de formação (também gratuitas, porém com inscrição prévia) destinadas a artistas e profissionais da área. Serão quatro oficinas diferentes ministradas por convidados do evento – mais informações sobre as oficinas no site do FIQ BH.
Rodada de Negócios – Artistas mais próximos das editoras
A Rodada de Negócios é uma ação do FIQ BH que propõe aproximar artistas e editoras. Os encontros, que vão ocorrer entre os dias 3 e 4 de agosto, são organizados com objetivo de ampliar o networking profissional, oferecendo aos quadrinistas a oportunidade de apresentarem os seus projetos às editoras convidadas.
A iniciativa destina-se aos profissionais e projetos inscritos previamente e já selecionados pela organização do FIQ BH. São encontros com 10 minutos de duração, quando o trabalho passa por uma avaliação das editoras. O espaço contará, ainda, com a presença de dois representantes de estúdios de animação, que poderão buscar tanto por profissionais como por ilustradores, roteiristas e histórias que podem ser adaptadas para o audiovisual. A atividade permite que artistas dos mais diversos cantos do país tenham seu trabalho avaliado por agentes e editoras, em uma oportunidade rara de receber um retorno qualificado do que se está produzindo.
Feira de Quadrinhos
Ocupando um espaço crescente a cada edição, a Feira de Quadrinhos é formada por Mesas e Estandes de artistas e editoras, em que os quadrinistas de todo o Brasil expõem seus trabalhos. É uma oportunidade para aproximá-los dos consumidores de suas obras e produtos. Para os frequentadores do evento é a chance de conhecer pessoalmente artistas que já são reconhecidos, e, também, um ambiente propício para conhecer e se surpreender com novos quadrinistas.
SERVIÇO
11ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte – FIQ BH 2022
Data: 3 a 7 de agosto
Local: Minascentro – Rua Guajajaras, 1022
Horário: Quarta-feira a sexta-feira, das 9h às 21h; Sábado e domingo, das 10h às 21h.
Classificação: livre
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