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O Mercado de Quadrinhos Nacionais Desmoronou?

Esta semana se inicia uma série especial de entrevistas e debates sobre o Mercado de Quadrinhos Nacionais após o que se pode chamar do estertor de um website direcionado estritamente aos quadrinhos nacionais. O Bigorna suspendeu suas atividades e de um artigo final escrito pelo sempre prestigiado Marcio Baraldi, surgiu o debate: Estaria o mercado nacional de quadrinhos desmoronando?

Para melhor elucidar esta questão, nós do Ambrosia procuramos grandes nomes do quadrinho nacional, sejam autores, editores e mostramos as colocações de Marcio Baraldi. O que recebemos em resposta foram uma série de declarações, artigos e entrevistas que irão gerar aqui no Ambrosia todos os tipos de comentários e debates. Queremos ouvir todos os envolvidos na questão arguida pelo Bigorna e por isso, se você ler um destes artigos e tiver interesse em manifestar contra ou a favor, ou até mesmo quiser escrever um artigo em resposta a qualquer um deles, estaremos sempre abertos ao debate através de nossa página, seja aqui, seja em nossa página do Facebook ou twitter (@ambrosiacombr).

Para começar, conversamos com alguns expoentes do mercado de quadrinhos e talvez um dos que melhor consegue ter uma visão do todo: Sidney Gusman, editor do Universo HQ e o responsável pelo Planejamento Editorial da Mauricio de Sousa Produções. Para ele, a dor de fechar o site nublou um pouco a visão do Baraldi. Ao menos espero que tenha sido isso, pois discordo diametralmente do que ele escreveu. O mercado de HQ nacional tem crescido a olhos vistos nos últimos anos. No texto, no entanto, ele parece considerar apenas as bancas, onde, inegável, é mais difícil brigar.

Mas as livrarias fazem parte do mercado e vários autores nacionais têm se dado muito bem. Nunca tivemos tantas HQs nacionais saindo por tantas editoras. E se indicativos como o aumento do número de festivais do Brasil, os planos de incentivo para produção, as compras do governo e, principalmente, o aumento da qualidade de roteiros e desenhos dos autores não são indicativos de melhoria, não sei o que seria. Poderia ser melhor? Sim, mas isso tende a acontecer de modo mais lento do que ocorre em outros mercados. Agora, ruim não está!”

O cartunista Laerte acredita que “há uma ou duas décadas os autores de quadrinhos – com exceção do Maurício de Souza – vêm se voltando preferencialmente para o formato de livros e o contexto de livrarias, em contraste com o de bancas. Não sei se há desmoronamento a partir desse patamar. De um modo geral, acho que a situação é sempre frágil nesse campo (quadrinhos) e que nunca tivemos um boom realmente vigoroso. Ou melhor, tivemos, mas ele não foi suficiente para gerar uma estruturação permanente. Ou nós, brasileiros, que não soubemos fazê-lo.”

Pryscila Vieira, também cartunista, entende que “o mercado editorial para quadrinhos vem se aquecendo. Passamos por uma era em que os cartunistas migraram da imprensa impressa para a internet, que se tornou a grande vitrine para os profissionais dos quadrinhos. Quem conseguiu atravessar esses tempos sem remuneração e divulgar bem o próprio trabalho, agora colhe os bons frutos, o que significa que são publicados na grande imprensa ou que têm sua obra impressa em livros e álbuns. Acho um tanto precipitado dizer que o mercado de quadrinhos no país desmoronou. Talvez esteja difícil se destacar entre tantos bons profissionais, aliás, como sempre esteve. Aí, é questão de trabalhar mais e melhor. Mas, jamais desistir. Hay que endurecer…”

J.M. Trevisan, “acha uma pena que um veículo saia do ar, mas discordo do raciocínio do Baraldi. Não se pode aplicar uma visão de 30 anos atrás sobre o que era fazer e publicar quadrinhos no Brasil. Os tempos mudaram, o meios de publicação mudaram, as obras mudaram e a percepção do público mudou. Ainda é difícil fazer quadrinho no Brasil? É. Mas ninguém nunca disse que era fácil. Como em todo mercado, ou você adapta seu trabalho e sua visão ao panorama em que está inserido como autor, ou fica para trás.”

Bruno Azevedo, entende que o texto do Baraldi é bastante infeliz e infeliz é a notícia que ele dá. Se a idéia era sempre de promover uma discusão pública e politizada sobre os gibis, fechar um veículo é uma péssima maneira de argumentar. Não acho que o mercado de quadrinhos no brasil esteja desmoronando, acho sim que estamos em um bom momento, no qual novos autores surgem a todo momento e com mais chances de publicar seu material de diversas maneiras. naturalmente dentro de outra lógica de produção, mercado e fruição, mas disso não sofrem somente os gibis e sites como o Bigorna são fruto desta mesma lógica e deste mesmo mundo. Fico triste com o site fechando as portas. Sentirei falta do Bigorna.

Por fim, Andre Dahmer foi curto e grosso em seu comentário: Estou por fora do tema, mercado é para mercadores. Mas há trabalho para os que querem trabalhar.

Percebe-se claramente que tanto a velha guarda quanto os mais novos tem uma visão diferente daquela apresentada por Baraldi. Delfin, colaborador do site Universo HQ e editor da revista Machado e o cartunista Estevão Ribeiro apresentaram ótimas visões a respeito do que foi apresentado por Baraldi, mas como são versões mais extensas eu preferi as apresentar na íntegra para que não haja qualquer tipo de acusação de censura ou cerceamento. Estamos aqui com o debate aberto e o interesse é ouvir todas as partes.

Há muito tempo que eu não via o debate sobre os quadrinhos nacionais surgir tão efusivamente e espero que isto continue para o bem de um mercado que não pode jamais se estagnar já que lá fora a evolução cultural é que tem imposto o devido ritmo a criação e expansão dos quadrinhos autorais ou não, de cada país.

Ao final de cada um dos artigos a serem postados eu espero que novos pontos tenham sido abordados e quem sabe, novas maneiras de pensar possam surgir.

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Comentários 2
  1. Como vai desmoronar algo que nunca se levantou?

    O povo fica endeusando ‘mestres’ que produzem material com desenho ruim, roteiro capenga. Que lançam uma edição a cada 5 anos.

    Por ficar dando cartaz pra esse povo que produz material de qualidade inferior ao mínimo, que chegamos a essa situação.

    Perder tempo divulgando tosquices como Blenq, Velta, que ninguém diz que é horrível porque é amiguinho do autor.

    Ficam colocando essas porcarias na mídia. Pura panelinha.

    Por isso não sobra espaço pra quem quer apresentar material de qualidade.

    Por muito tempo também se divulgou trabalho nacional, tosquíssimo, só porque era nacional.
    E foi isso que estragou o mercado.

    O mercado não amadurece porque os profissionais não amadurecem.
    São ainda fanzineiros em pleno século XXI.

    Pra resolver o problema do quadrinho nacional?
    Pode ser mais simples do que parece.

    Basta parar de divulgar porcaria só porque foi feita por “manos”.
    E começar a divulgar trabalhos de qualidade.

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