Vamos falar do velho Frank?

Vamos falar do velho Frank? – Ambrosia

Frank Miller, natural de Olmie Maryland, despontou no mercado Americano ainda muito jovem em fanzines e revistas de pequenas editoras. Em 1979 assumiu a arte da revista do Demolidor, na época uma revista menor da Marvel Comics , para logo depois assumir também os roteiros, começava ali uma carreira meteórica sem precedentes no mercado de super-heróis americanos

Frank Miller logo tornou o personagem relevante, trazendo para si um publico pouco acostumado com esse gênero de quadrinhos, era claro o talento espantoso daquele jovem escritor. Miller pegou a mitologia tosca do personagem e virou de cabeça para baixo, aplicando tubos de conceitos noir de gente como Dashiel Hammet, Raymond Chandler, Elmóre Leonard e toda uma gama de narrativa cinematográfica de clássicos filmes de temática policial. Junto a isso misturou também sua visão política e social, com leve queda para direita e o disfarçou brilhantemente com códigos de conduta e honra da cultura japonesa, era claro que aquele universo limitado não caberia toda aquela energia criativa

Depois do Demolidor ele desenhou a minissérie do Wolverine, obra que serviu mais como laboratório para Miller exercitar sua narrativa visual monstruosa, cheia de planos cinematográficos tão caros a Alfred Hitchcok.

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Em 1983 passou a realizar trabalhos para a DC Comics, onde escreveu e desenhou a serie Ronin, que para os padrões americanos foi uma ousadia visual tremenda ao mesclar Lobo Solitario, de Kazuo Koike e Goseki Kojima, e Moébius. Em 86 Frank Miller volta à Marvel com a frutífera parceria com Bill Sienkiewicz na graphic novell do Demolidor e no delírio Elektra Assassina, um brilhante exercício de descontrução narrativa. Esta serie explicitava um escritor alucinado que ia a milhão por hora trombando em tudo e rindo do que demolia no caminho, seu comparsa entendeu tudo e retorceu sua arte até ela perder a sanidade, criando assim um mosaico caótico e colorido que retrata a loucura com perfeição assustadora, obra prima sem sombra de dúvida.

Logo depois, junto a outro criminoso brilhante de alcunha David Mazzucchelli, Frank constrói a melhor historia já feita com o Demolidor na minissérie A Queda de Murdock. O tema aqui é a tenacidade do homem em superar as adversidade ante a um sistema dilacerado pela corrupção e a maldade da ganância humana, e nunca o crime foi representado de forma tão assustadora como Miller o fez na figura do Rei do Crime.

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Pronto, estava criado o cenário para Batman – O Cavaleiro das Trevas, um monolito acido e estridente que colocou o mercado americano e a mídia especializada em entretenimento de pernas para o ar. Esta obra é única por abordar com precisão sua época, a América dos anos 80, retratada em 2 pólos distintos: a América real e assustadora, dominada por um presidente linha dura e a midiática que transforma tudo em espetáculo. Miller trouxe tudo isso na representação de uma Gothan City dominada pela violência e por grupos de direitos humanos que a nada serviam a população acuada por gangues juvenis sanguinárias, que a mídia transformava em astros televisivos, criando assim um espelho que o leitor se via representado. Temos aqui um Batman envelhecido sem nenhuma duvida do que tem que ser feito, sua cruzada em essência não é o crime em si e sim os símbolos que representa. A gangue de mutantes, por exemplo, faz parte de uma nova geração que é movido para o crime não por motivos sociais, mas sim por estética e diversão, por isso da anarquia e violência e a falta de temor nas autoridades. Essa é uma das sacadas geniais de Miller na série. Motivo este do Batman ser mais violento na repressão contra esses sociopatas, ele sabe que o único jeito de arrumar as coisas é substituindo os modelos que eles seguem.

Nota-se mais claramente a veia política de direita no autor, que usa o Batman como a figura do povo que se rebela contra o governo e clama por revolução na base da porrada para reaver seu direito de propriedade, família e tradição. Outra sacada genial do autor é através do Superman, como o imigrante poderoso e inepto que pode mudar as coisas mas nada faz, virando assim o lacaio de um sistema que o oprime, e o Arqueiro Verde também ganha uma ótima representação como um baluarte matusa do argumento, que as mazelas sociais leva o cidadão ao crime

São muitas as qualidades de Batman – O Cavaleiro das Trévas, obra ímpar de um autor ambicioso e genial, que sinaliza que toda sua tragetória foi preparada para este momento grandioso e sem paralelos na industria de super heróis.

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Depois disso sua carreira seguiu com altos e baixos, na Dark Horse ele fez Hard Boiled, Big Guy, Sin City e outras coisas, mas sempre distante daquele autor genial e inquieto de obras anteriores. Com o tempo é fácil notar sua perda de criatividade em obras vergonhosas como o Cavaleiro das Trevas 2, algumas sequencias de Sin city e All Star Batman e Robin, por fim culminando na constrangedora graphic novell Holy Terror, um bolo mal cheiroso e recheado com o mais puro licor de direita e preconceito étnico contra outras culturas. Apesar disso, ele ainda vende muito.

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