"Z: A Cidade Perdida" é correto, mas tolhido pela própria retidão – Ambrosia

“Z: A Cidade Perdida” é correto, mas tolhido pela própria retidão

O explorador britânico Percy Fawcett era um obstinado. A maior obsessão de sua vida foi comprovar a existência de uma cidade perdida no meio da região da Floresta Amazônica. Depois de seu desaparecimento, centenas de pessoas tentaram encontrá-lo e também desapareceram. Essa aventura rendeu um romance, escrito por David Grann, e agora chega aos cinemas o filme inspirado no livro.

“Z: A Cidade Perdida” (The Lost City of Z, EUA/2017) narra os esforços de Fawcett (Charlie Hunnam, de “Rei Arthur: A Lenda da Espada”), que viaja para a Amazônia no início do século XX e descobre evidências de uma civilização avançada, totalmente desconhecida, que pode ter habitado a região. Apesar de seu empenho, foi ridicularizado pelo establishment científico, que considerava as populações indígenas como “selvagens”. Daí, imbuído de determinação, Fawcett resolve ir até as últimas conseqüências para encontrar a cidade (ou os vestígios dela) e provar sua teoria, acompanhado de seu fiel ajudante de campo Henry Costin (Robert Pattinson) e, alguns anos mais tarde, de seu filho Jack (Tom Holland, o novo Homem-Aranha).

É sabido que o diretor James Gray passou seis anos para desenvolver o roteiro do filme. Ele Foi contratado pela Paramount em 2009 e o projeto ficou em estágio de desenvolvimento até 2015. Ele explicou que trata-se de uma produção muito complicada. A história é incrível, porém, complicada de se realizar. Pode-se perceber que Gray buscou influência nas aventuras majestosas dirigidas por David Lean como “A Ponte do Rio Kwai” e “Lawrence da Arábia”. Contornos de “Os Caçadores da Arca Perdida” também são claramente captados. No entanto, faltou estofo no script para criar um épico definitivo.

Apesar da longa duração, fica perceptível que alguns elementos importantes da história foram limados ou tratados com superficialidade. Um exemplo é o número de expedições realizadas pelo explorador. Foram oito no total, mas o filme mostra apenas três. Licenças poéticas são inerentes a cinebiografias (e aqui são várias), contudo são válidas desde que acrescentem algo que abrilhante a narrativa.

"Z: A Cidade Perdida" é correto, mas tolhido pela própria retidão – Ambrosia

Na direção, Gray tem bons momentos. Todavia, no geral predomina a mesma retidão de seu roteiro, sem muito espaço para arroubos artísticos, causando frustração em quem o conhece de seu inspiradíssimo trabalho anterior, “Era Uma Vez Em Nova York”.  No entanto, a direção de fotografia de Darius Kondji (que assinou, além de “Era Uma Vez (…)”, “Delicatessen”, “Seven”, “Meia-Noite em Paris”) ampara o cineasta evitando uma caidela para o buracrático.

A composição de Charlie Hunnam é correta. O ator não é exatamente parecido fisicamente com o explorador, mas trata-se da velha caracterização “melhorada” tão comum no audiovisual, em que uma certa semelhança é conservada para que haja a identificação, desde que haja também um certo glamour. Na pele da esposa de Fawcett, Nina, Sienna Miller em uma interpretação reluzente (que continua provando não ser apenas um rostinho de modelo), constrói a referência de porto seguro na trama. Um ponto interessante é a participação de Ian McDiarmid, o Imperador de Star Wars, em sua primeira aparição no cinema desde ‘Star Wars: Episódio III’.

Por fim, se a ideia com “Z: A Cidade Perdida” era realizar a cinebiografia definitiva de Percy Fawcett, digamos que até se aproxima do êxito. É nítido que houve empenho por parte da produção. Entretanto, em se tratando de um projeto tão caro ao diretor, esperava-se um pouco mais de substância.

Filme: “Z: A Cidade Perdia” (The Lost City of Z)
Direção: James Gray
Elenco: Charlie Hunnam, Sienna Miller, Robert Pattinson
Gênero: Aventura, Cinebiografia
País: EUA
Ano de produção: 2017
Distribuidora: Imagem Filmes
Duração: 2h 21min
Classificação: 14 anos

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