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Pam & Tommy, minissérie se afasta do fútil e apresenta um excelente retrato da fama e escândalos

Anos 90. Pamela Anderson se viu como um símbolo sexual graças à série Baywatch. Tommy Lee, por sua vez, faz parte da Mötley Crüe, outrora uma famosa banda de glam metal. Os dois formam um dos casais mais inusitados de Hollywood. Ambos sofrerão, de maneiras diferentes, o vazamento de uma fita de vídeo amadora muito particular…

O resumo de Pam & Tommy traz uma situação nada fácil, e considerando que Seth Rogen e Evan Goldberg estejam a frente da minissérie, que já deixaram sua marca em The Boys; temos um achado diferenciado que apresenta um dos eventos mais midiáticos da época: o famoso vídeo pornô caseiro de Pamela Anderson e Tommy Lee.

Seria um American Crime Story: Pam & Tommy

Por enquanto, a última temporada de American Crime Story nos mostrou o caso entre Monica Lewinsky e Bill Clinton. Um escândalo que abalou o povo americano (e o mundo) durante os anos 1990. Outro grande escândalo da época é o que a minissérie traz;  Pam & Tommy que poderia muito bem ter feito parte da referida antologia elaborada por Ryan Murphy.

Mas o roteiro de Robert D. Siegel desenvolve um outro caminho. Ao longo dos oito episódios (Star+) o roteirista desenvolve com precisão como lidar com cada cena, sempre conseguindo equilibrar seu tom, navegando corretamente entre o cômico e o dramático.

Isso implica um propósito de não ficar no humor e explorar as dolorosas ramificações de um escândalo como aquele; uma fita íntima que veio à tona. Assim, a ficção retrata aquela ânsia de conteúdo mórbido e fútil de que Pamela e Tommy Lee são vítimas inadvertidamente, atraindo atenção indesejada para suas vidas e, aliás, culpa aos olhos do público.

A pessoa por trás do mito

Com isso em mente, a ficção fica séria e passa a explorar a condição humana e as preocupações pessoais (traumas e esperanças frustradas) de seus protagonistas. Tanto do conhecido casal quanto de Rand (Rogen) e seu desespero para conseguir dinheiro e ter um caso com uma garota.

Uma humanização que não significa que Siegel, Goldberg e Rogen sejam iconoclastas no retrato de Pamela Anderson . ‘Pam & Tommy’ sabe que está lidando com um dos grandes mitos eróticos dos anos 90 graças, entre outras coisas, a Baywatch, que por aqui ficou conhecido como SOS Malibu.

Aqui Craig Gillespie, que dirige os primeiros episódios, está preocupado em mostrar Anderson como um símbolo sexual (consciente) sempre que estamos olhando para o ponto de vista de um homem. Essa crítica ao machismo e ao olhar masculino é uma das constantes da ficção e serve para tentar analisar se mudamos.

A Internet é para pornografia

Levando em conta que parte do cenário da série está na indústria pornô, a minissérie bebe em outra série que tratava desse assunto, The Deuce, que terminou nos 80 com a ascensão do VHS e o que isso significou para a indústria. Robert D. Siegel sequencia de maneira não oficial o avanço que essa indústria teve quando a Internet apareceu.

Essa trama, às vezes tangencial, mas às vezes básica, serve para debater a ideia da exploração do corpo, do sexo e do consentimento — como acaba verbalizando o personagem de Taylor Schillin. Como se o fato de Pamela ter sido um mito erótico para toda uma geração e ter posado para a Playboy desse carta branca para o ataque.

Esse pensamento complementa muito bem a radiografia do escândalo, em uma série que se junta a outras recentes e que, com sua boa distância nos faz olhar novamente e com os olhos do presente a uma mídia injusta e ao julgamento social.

Além da aula de atuação de Lily James, o elenco em geral é impressionante. Não apenas ela e Sebastian Stan, mas todo o elenco principal – completado por Rogen, Schilling e Nick Offerman – fazem um ótimo trabalho.

Pam & Tommy se beneficia dessa boa atuação; com as caracterizações de Stan e Lily que só podem ser descritas como impressionantes ​​(sim, ela é apresentada como uma espécie de idiota e ele como um completo cretino que não poderia ser mais insuportável).

Isso, junto com a morbidez da história que nos é contada, mostra uma das piores faces do capitalismo, o início do boom da internet e direcionamento que a indústria pornográfica tomou  precisamente ‘graças’ ao que aconteceu (a categoria “amador” é a mais pesquisada em sites adultos). E se analisarmos cada um dos aspectos desagradáveis ​​que moldaram essa história, nesse mais de 25 anos mudamos muito pouco como sociedade. Pois, os avanços tecnológicos não fizeram nada além de multiplicar de forma alarmante esse tipo de caso nos últimos tempos.

Um retrato de fama e escândalo, como também serve para conscientização frente a abordagem que é desenvolvida, Pam & Tommy se posiciona como uma das melhores desse início de 2022.

Nota: Excelente – 4 de 5 estrelas

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